A Odebrecht é a administradora de três estádios que serão palcos da Copa do Mundo de 2014. Maracanã, Itaipava Arena Fonte Nova e Itaipava Arena Pernambuco mantêm a empresa como gestora, que já vislumbra lucros com os primeiros patrocínios. No entanto, a baixa frequência e a imprevisibilidade do público presente têm incomodado a companhia.
Em palestra cedida ao First Sports Management Summit, organizado pela IESE Business School em São Paulo, o diretor superintendente da Odebrecht, Dênio Cidreira, criticou o cenário do futebol brasileiro para o planejamento financeiro de uma arena de futebol. Considerando a manutenção e o baixo aproveitamento das áreas comerciais, o executivo é taxativo: “Operar o estádio com menos de 30% da capacidade é prejuízo”.
A reclamação do executivo tem base no primeiro ano de operação das novas arenas. Segundo levantamento da Máquina do Esporte, os três estádios administrados pela Odebrecht tiveram média de 34% de ocupação em 2013, considerando Série A, Série B e Copa do Brasil. Nas 93 partidas realizadas no local, 47 tiveram públicos iguais ou inferiores a 30% da capacidade das arquibancadas.
Na apresentação da Odebrecht, a empresa chegou a listar as principais questões que impedem um maior público nas arenas. A violência, o calendário, os horários das partidas, a concorrência da televisão, a má administração dos clubes e a má gestão dos campeonatos foram citados pela empresa, que entende que o futebol no Brasil ainda não é visto como um produto pelos seus gestores.
Além da baixa presença do público nas arenas, outro fator criticado foi a sua imprevisibilidade. A Odebrecht calculou que entre 50% e 80% do público presente nos estádios comprou o ingresso no dia da partida. “Assim é impossível fazer um planejamento para maximizar os lucros no dia do evento”, afirmou Cidreira.
A questão é que saber a quantidade de pessoas que estarão presentes dá a vantagem de saber o quanto que o estádio precisará de estrutura, entre segurança e lanchonetes, por exemplo. Além disso, com públicos menores, há a possibilidade de abrir apenas alguns setores, o que também diminui o valor da manutenção. Hoje, é difícil para a empresa prever o quanto que os estádios terão de presentes.
Para o executivo, algumas medidas simples, praticadas em outros países, resolveriam alguns problemas. A ênfase foi para a possibilidade da venda de “season ticket”, os carnês de ingressos para toda a temporada, comum na Europa e nos Estados Unidos, mas raro no Brasil.
Fonte: Máquina do Esporte