O título ajudou a elevar o moral dos jogadores após a eliminação na Libertadores, mas não esconde a realidade financeira. Após deixar de ganhar R$ 9 milhões com a saída precoce no torneio sul-americano, o Flamengo precisa cortar e evitar gastos. Ainda em meio ao calor da vitória, o presidente Eduardo Bandeira de Mello manteve os pés no chão e lembrou que não fará grandes contratações para o Brasileiro. O time-base será o mesmo que foi campeão carioca.
— O orçamento é apertado mesmo. Nós temos um compromisso de dívidas muito severo para pagar — disse o presidente, que prevê um aperto de longo prazo.
— Esse é um problema com o qual nós vamos ter que lidar por muito tempo: ter que nos reforçar, que ganhar competições, que dar alegrias à torcida e, ao mesmo tempo, estar com o orçamento apertado.
O técnico Jayme de Almeida sabe que o time para o Brasileiro é esse. Os reforços serão poucos, e sem nenhuma estrela. A mesma calma que teve quando foi questionado, ele demonstra ao comentar a escassez de recursos.
— A gente tem que trabalhar dentro da realidade financeira. Eu não posso ficar reclamando, nem chorando, porque ninguém me enganou. Quando aceitei ser treinador, ninguém prometeu nem o Messi e nem o Neymar. Então, nós vamos trabalhar dentro do que for possível, sabendo que o Brasileiro é um campeonato mais difícil.
A meta é enxugar a folha salarial do futebol. A saída de Carlos Eduardo irá aliviar um pouco as finanças, mas outros jogadores também podem ser negociados. Nos próximos três meses, o Flamengo só terá mais nove jogos pela frente e o objetivo de manter os salários em dia.
— Nós temos um compromisso de pagar nossos jogadores, funcionários, os impostos, o parcelamento dos impostos atrasados… O Flamengo hoje é um clube cidadão e se orgulha disso. E tenho certeza de que o torcedor compreende que nós não podemos investir tanto na área social e esportiva quanto gostaríamos — disse Bandeira de Mello.
Mas o título também trouxe algum dinheiro. Foram R$ 3,5 milhões de premiação e R$ 547 mil de bilheteria da final. O clube amanheceu não só mais feliz como um pouco mais aliviado.
Ontem, o Conselho Deliberativo aprovou as propostas de emenda ao estatuto que visavam alinhar o texto com o da Lei Pelé. A oposição, que também tentou aprovar algumas emendas, não teve sucesso. Agora, o clube está apto a receber parte dos R$ 130 milhões que o governo distribui entre os formadores de atletas olímpicos.
Fonte: Extra Globo