Cúpula, vou ser educado, ainda: vocês estão copulando com a minha paciência faz tempo. Mais uma vergonha no Brasileiro. Rodada a rodada estamos nos esforçando para quebrar recordes negativos. Ontem foi a vez de enfrentarmos um Bahia desfigurado e permitirmos um empate que subtraiu dois pontos na campanha contra o descenso. Não é de hoje que alerto aqui aos atuais dirigentes, como se fosse necessário, do prejuízo colossal a acompanhar uma queda para a Segundona. Não só no aspecto das tradições rubro-negras, que desconhecem tal façanha ou no aspecto esportivo, mas também no quesito financeiro. A julgar pelas alarmantes sinalizações da campanha eleitoral há quase um ano e meio, o apregoado rombo nas destruídas finanças do clube, implodiria o Flamengo numa eventual visita à Série B.
E eis que os boatos definidos como murmúrios da oposição, as palavras ao vento nos corredores felpudos da Gávea, se transformaram em números contundentes e irretocáveis. Uma recente tabulação do consultor Amir Somoggi fez até os chapas-brancas lobotomizados (obrigado, Walter) pararem para pensar, se isso for possível. De início, a claque da administração rubro-negra aplaudiu alguns números favoráveis. A própria direção comemorou, legitimando a veracidade dos indicadores. Aí, vem a triste constatação. O futebol do Flamengo de hoje custa mais, bem mais, do que o futebol do Flamengo em 2011, aquele mesmo da neófita, da musa do parquinho, da primeira dama do tricolor eminência parda. Pasme, Imensa Nação Rubro-Negra, gastam com esse elenco de hoje 66% a mais do que a Amadorim gastou com o futebol de 2011, de R10, TN7, Luxa e outros.
E se os números aplaudidos pela claque azul estiverem errados, a palavra está com eles. Justifiquem os ataques de pelanca do Pelaipe, as contratações tão desastrosas quanto a campanha no Brasileirão 2014 e a empáfia, a soberba daqueles que se julgam num pedestal de notabilidade surreal. Enfim, os santos têm pés de barro, como diria a minha avó. Por trás dessa máscara de gestão austera e rigorosa temos uma gastança incompetente no formato e no conteúdo. Saiba a voz retumbante da Magnética, a mesma a empurrar o time com seu eco poderoso mesmo pagando ingressos a preços absurdos, que o Flamengo despendeu com o futebol em 2013 um valor superior ao aplicado pelo Atlético MG (campeão da Libertadores), pelo Cruzeiro (campeão brasileiro/2013 e atual líder do Brasileirão) e pelo Grêmio (segundo colocado no Brasileirão). Enquanto isso, é verdade, além do tímido plano estadual em 2014, comemoramos a conquista da Copa do Brasil 2013, ganha com o suor dos jogadores e o grito da torcida, num mata-mata providencial. Para que? Para sermos escorraçados da Libertadores em seguida e fazermos a vergonhosa e humilhante campanha do momento.
De prático, as providências tomadas foram a demissão imoral do Jayme de Almeida, o tardio afastamento do Pelaipe e a contratação bombástica do Ney Franco, detentor de um currículo paupérrimo e da façanha de jogar nove vozes contra o Bahia e não ganhar sequer uma vez. Vamos esperar a próxima cartada dos “notáveis”. Quem sabe eles desistem do Robinho e procuram o Messi, meio chateado com o Barça e jogando de freio de mão puxado. Talvez assim o Felipe falhe menos; o Léo Moura rejuvenesça; o André Santos descubra que o primeiro nome dele não é Nílton; o Elano encontre o lugar onde deixou o futebol; o Mugni honre a tradição portenha e o número do Manto que veste; o Artur se inspire no nome e TODOS, sem exceção, entrem em campo com a faca entre os dentes, porque o futebolzinho deles assim exige.
Quanto à diretoria, responsável pelas estratosféricas despesas com um elenco tão fraco, gostaríamos de saber o que pensa a respeito. Abrimos mão da opinião dos chapas-brancas de plantão, com suas desculpas esfarrapadas e suas odes de amor eterno, imaginando que o Manto Sagrado joga sozinho e as coisas se resolvam pela paixão nutrida pelo clube. É hora de arregaçarmos as mangas, verdadeiros rubro-negros, o inimigo comum se chama SEGUNDONA. Não podemos poupar ninguém na luta contra esse desastre. Até hoje desconhecemos o responsável pela escalação do André Santos ano passado, quase custando nosso descenso. Agora, depois de outras, a lambança é o dinheiro jogado fora. Enquanto isso, a água já está molhando os nossos pés e não precisamos esperar a Pherusa naufragar de novo para recriar o Flamengo. Não há dinheiro que justifique ou pague essa tragédia. Em especial o mal gasto. Os brasileiros engolem farsas com facilidade, escândalos com naturalidade. Os rubro-negros não.
NÓS QUEREMOS RESPEITO E COMPROMETIMENTO.
ISSO AQUI NÃO É BRASIL. ISSO AQUI É FLAMENGO!
Por Alexandre Fernandes
alexandrecpf@magiarubronegra.com.br
TWITTER: @alexandrecpf
Fonte: Magia Rubro-Negro