Leio que Jayme de Almeida ganhava R$ 25 mil por mês como auxiliar de Mano Menezes e quando efetivado como técnico seus vencimentos saltaram para R$ 200 mil mensais!!! É essa a austeridade pregada pela atual diretoria do Flamengo? Em tempo: Ney Franco chegou ganhando R$ 400 mil. E jogador que é bom… Nada!
Quanto mais tomo conhecimento das decisões do vice-presidente de futebol Walim Vasconcellos mais me lembro da grã-fina de narinas de cadáver de Nélson Rodrigues — aquela que quando entrava no Maracanã perguntava quem era a bola…
Circo mambembe
A eliminação do Cruzeiro pelo San Lorenzo, em pleno Mineirão, foi a cereja do bolo solado, intragável, em que o nosso futebol se tornou. Era o último brasileiro na Libertadores. Não teremos representantes nas semifinais, fato que não acontecia há 23 anos! Detalhe: somos os atuais tetracampeões do torneio! Inter (2010), Santos (2011), Corinthians (2012) e Atlético-MG (2013).
É bom ressaltar, entretanto, que o nosso processo de decadência — agora agravado e exposto de forma crua pelo surpreendente fracasso na principal competição do continente —, não é de hoje. Vem sendo construído há anos.
Segundo estatísticas dos principais campeonatos mundo afora, o Brasileiro é atualmente aquele em que se comete o maior número de faltas por partida e no qual a bola menos tempo passa em jogo. Some-se a isso a péssima qualidade dos nossos times, onde o chutão e o “chuveirinho” a esmo campeiam, não como recurso eventual, mas como tática, e entende-se porque estamos perdendo para equipes bolivianas, venezuelanas, equatorianas etc.
A Copa vem aí mas, seja qual for o resultado da seleção brasileira (aparentemente ainda ponto fora da curva da mediocridade tupiniquim), é preciso significativa guinada em nossos rumos. E não serão apenas as novas arenas (algumas, em breve, elefantes brancos) que impulsionarão tal movimento.
Exportamos jogadores cada vez mais jovens e só nos restam os medíocres — incapazes de despertar o interesse até de clubes do leste europeu, do mundo árabe ou da China… Além deles (regiamente pagos), temos os veteranos que regressam em final de carreira e, diante do nivelamento por baixo, ainda conseguem algum brilhareco.
Dado revelador da nossa penúria atual pode ser constatado até na importância de nossos principais jogadores no exterior. Quais deles são, de fato, protagonistas em seus times? Nenhum. E aí está incluído Neymar, nossa joia mais preciosa, mas ainda contestada no Barcelona onde, de qualquer forma, não pode se comparar a Messi ou a Iniesta.
É claro que se ganharmos a Copa (temos chances e devemos torcer por isso) muitos alardearão que somos os melhores, que nada deve mudar etc. Aí mora o perigo. Seja qual for o resultado do Mundial, o Brasil precisa repensar seu futebol. Das divisões de base (onde os técnicos estão mais preocupados em ganhar títulos e manter seus empregos do que em formar bons jogadores), aos (ultrapassados) conceitos da maioria de nossos treinadores, passando pela postura de oba-oba de boa parte da imprensa esportiva, até à administração dos clubes (imediatista, irresponsável e caótica).
Caminhamos a passos largos para o precipício. A fuga do público dos estádios é o primeiro passo; a queda de audiência (e da venda do pay-per-view) vem a seguir e, em consequência dela, o desaparecimento dos patrocínios milionários. Ou se melhora urgentemente a qualidade do espetáculo ou o negócio todo vai por água abaixo.
Ninguém aguenta mais ver leões desdentados, acrobatas que caem e palhaços sem graça. Até porque, hoje em dia, se pode assistir ao vivo, pela TV, as exibições dos melhores circos do mundo.
Fonte: Blog do Renato Maurício Prado