Confesso que desde os tempos da escola sou daqueles que superestimam o valor das férias. Confiro ao período de descanso a que têm direito empregados, servidores públicos, estudantes, torcedores e desocupados remunerados em geral, depois de passado um ano ou um semestre de trabalho ou de atividades, uma importância muito maior do que o break remunerado realmente possui. Achava a escola muito chata e acho o Flamengo muito legal, mas os dois sabem ser igualmente cansativos. As férias chegaram em boa hora.
Principalmente porque chegaram junto com a festa pelos nossos primeiros 119 anos de atividade. O 15 de novembro, a despeito de outras efemérides de menor importância comemoradas à mesma data, é o grande dia dos flamengos.
Flamengos, vocês sabem, é a designação dada a um conjunto de povos (um etnômino), organizados em múltiplas tribos e pertencentes à família mulamba que se espalhou pela maior parte do Brasil a partir do fim do penúltimo século do segundo milênio D.C..
As comemorações tomaram conta da Gávea no sábado, com peregrinos bem vestidos vindos de todo o Brasil reunidos para louvar, exaltar e exagerar nossas glórias pregressas e, nos intervalos, encher a cara e tirar fotinhos com os monstros sagrados que circulavam pelo quadrilátero lebloniano como se estivessem em sua própria casa. E estavam em casa mesmo, porque o Flamengo é a alma mater de tantos monstros sagrados, de tantos heróis do esporte e da vida que fica até chato fazer citações nominais por causa das omissões provocadas por inevitáveis lapsos da memória.
Se você não pode comparecer ao regabofe na Gávea fique certo de uma coisa: os nossos heróis estavam todos lá, irmanados sob as nossas cores. Alguns de corpo presente e todos os outros espiritualmente. O Flamengo só cresceu a este ponto incomensurável porque sempre soube reverenciar e preservar a memória dos seus, que é o que o faz maior a cada dia. E esse saudável processo de expansão, aparentemente imparável, continuará através dos tempos e enquanto a nossa torcida continuar a demonstrar que é a maior, a mais bonita e mais preparada espiritualmente. É por isso que o Flamengo é o Maior do Mundo.
O final da festança foi marcado para o Maracanã, outra das muitas moradas do mito Flamengo. Enfrentou-se o Coritiba, que é um adversário bacana, que não costuma nos dar muito trabalho quando joga fora dos limites da 5a Comarca. O Flamengo jogou daquele jeitinho, sem muito a conquistar e sem dar nenhum show de disposição e vontade. O importante eram os 11 Mantos correndo pelo relvado. O que foi o suficiente pra meter dois cocos no Coxa e esperar acabar a palhaçada. Mentira. Pra qualquer time do mundo colocar dois gols de vantagem é bom. Menos pro Flamengo.
O jogo de compadres endureceu, o Coxa foi pra cima e deu até aquele friozinho na barriga. No final das contas vencemos, o Mengão alcançou os píncaros dos 46 pontos e continuou com saldo de gols negativo, o melhor indicador do que fomos nesse Brasileiro. A festa continuou nas ruas e nos lares da Nação porque nós somos muito bons nesse negócio de festa. Tem até uma promo rolando pro Jogo das Estrelas, se informem direito. Agora já tá bom de mediocridade, né? Esperamos melhoras significativas no desempenho flamengo durante o Brasileiro de 2015.
Hasta la vista,
Fonte: Urublog