Era uma vez um garoto que sonhava em jogar futebol. Por algum motivo alimentou este sonho por 15 anos e então caiu na real de que não poderia ser protagonista naquilo que mais amava.
Amargurado mas ainda apaixonado, resolveu então participar do evento em torno dele. E assim, revoltado por não ter conseguido chegar onde alguns analfabetos conseguiram, passou a tratar sua paixão com revolta.
Essa é a história de enorme parte dos jornalistas esportivos do nosso país.
Sem noção comercial alguma, sem terem tido uma aula sobre futebol e se julgarem “especialistas” no assunto sem qualquer argumento pra isso, passaram a repetir o que os colegas fazem e agir em massa. Contra a corrente, contra o salário, contra o que vendem, mas em momento algum com capacidade para perceber isso.
A imprensa esportiva norte-americana é a mais vazia e rica do mundo. Ela promove o espetáculo dela, valoriza o produto, fecha a porta pro que vem de fora e ganham clubes, ligas, patrocinadores, jornalistas e emissoras. É conta simples, coisa básica.
Aqui é fantástico o título do River Plate. É lindo como se comportam, a paixão que destrói estádio, a invasão de campo, o sinalizador e a zona corrupta que é a AFA. Afinal, o que importa atrelar o show ao bastidor sujo pra vender campeonatos?
Mas isso lá. Porque quando um dos nossos ganham, a primeira reação é contestar a grandeza do torneio.
Burros, despreparados, amargurados e incoerentes. Pedem aos clubes gestão, renovação, faturamento, planejamento e… entre eles são incapazes de gerenciar a própria língua.
O brasileiro é avesso ao sucesso, a vitória, a tudo que é verde e amarelo. Mas jogar contra o dinheiro, o produto, a própria profissão é burrice, não vira-latismo.
Chelsea, o mais sujo clube do mundo. Exemplo de gestão pra nós.
Eu vi na saída do Mineirão os jornalistas em sua maioria rindo da goleada alemã enquanto torcedores passavam chorando com seus filhos entre eles. Eu entendi ali que vivo num meio acéfalo que ganha dinheiro com seu idealismo e ainda assim se considera idealista.
Comunistas com senha no wi-fi.
Nós destruímos nosso futebol tanto ou mais que a corrupção que há nele. A CBF é menos prejudicial ao futebol brasileiro do que a mídia que o leva ao torcedor.
Somos nós, jornalistas, o que há de pior nesse esporte. E você jamais verá um jornalista exaltar as cores de um Fluminense campeão brasileiro como viu nas últimas semanas a exaltação ao River, ao Racing, ao Atlético de Madrid, ao Chelsea, entre outros de administrações muito piores, mais corruptas e sujas do que as nossas.
Mas que por ser distante, bonito nos parece. E pode até parecer. Mas ao repetir pro seu filho que a mãe do vizinho, que dá pro padeiro, é melhor que a dele, que só dá pra você, não condene quando aos 18 ele mandar a mãe tomar no cu.
Ele não é mal educado. Você que é um bosta de pai.
Eu não puxo saco de clubes. Eu vivo deles e tenho essa consciência. Eu dependo do Corinthians, do Flamengo, do Flu, do Grêmio, de todos eles. Não sou nada sem eles. E vou exalta-los e fomentar sua paixão porque é nisso que acredito e porque é disso que vivo.
Pode até parecer hipocrisia. Mas ainda é melhor do que burrice.
Futebol é ENTRETENIMENTO. E qualquer tentativa de levar LAZER ao seu consumidor final como politicagem, problema, descrédito, insinuações ou desmerecendo o evento é um pedido de falência formal.
Você pode saber que dentro do Mickey há um anão chinês na Disney. Mas eu não preciso te dizer isso todo dia, menos ainda no momento em que você vai abraça-lo pra tirar foto.
Fonte: Blog do Rica Perrone