O Cruzeiro teve receita líquida de R$ 4,2 milhões com bilheterias no segundo jogo da final da Copa do Brasil. Isso faz da partida a mais lucrativa de 2014 e faz do Cruzeiro um dos clubes que mais arrecadou com ingressos na temporada. Mas os cruzeirenses, por não terem conseguido lotar o Mineirão, lucraram menos do que flamenguistas na final desta mesma competição, no Maracanã, em 2013.
Vamos aos números. O Cruzeiro vendeu 4.157 ingressos nas bilheterias físicas, a preço médio de R$ 328,11, e vendeu 19.652 ingressos para sócios-torcedores pela internet, com média de R$ 193,22. Esses são os dois tipos que efetivamente colocam dinheiro na conta bancária.
Havia no estádio 14.351 sócios que não precisaram comprar entradas, pois o preço delas já estava embutido na mensalidade paga por eles pela associação – o valor que aparece no boletim financeiro do jogo é “fictício”, está ali apenas para efeito contábil e não representa dinheiro que entrou em caixa.
Bilheterias renderam R$ 1,4 milhão, e sócios-torcedores pagantes, R$ 3,7 milhões. Deste valor foram descontados R$ 949 mil gastos com despesas, impostos e taxa para a Federação Mineira de Futebol (FMF) – que, por sinal, abocanhou R$ 392 mil da receita bruta da partida.
Assim, a receita líquida do Cruzeiro ficou em R$ 4,2 milhões.
Um ano antes, quando o Flamengo venceu o Atlético-PR no Maracanã pela final da Copa do Brasil, a receita líquida foi de R$ 4,7 milhões. Deste valor, além de despesas, impostos e taxas, foram descontados R$ 842 mil em penhoras. Ou seja, não fossem dívidas flamenguistas, o lucro teria sido de R$ 5,6 milhões.
A diferença entre um jogo e outro é o público. No Mineirão que viu o clássico mineiro, havia 39.786 pagantes, enquanto o Maracanã do título flamenguista em 2013 teve 57.991 pagantes. Por isso o Cruzeiro, mesmo com um ingresso mais caro e diante de um adversário gritantemente mais atrativo, lucrou menos.
A culpa é do preço do ingresso?
Havia uma imensa lacuna na área mais nobre do Mineirão, de frente para o campo e também de frente para as câmeras de televisão, na decisão entre Cruzeiro e Atlético-MG. Aquelas cadeiras pertenciam à Minas Arena, gestora do estádio, e tiveram preços estipulados em R$ 700. Minguaram. É lógico deduzir que foi o alto custo o culpado por manter aquele setor do estádio vazio, mas a diretoria do Cruzeiro também acredita que a demanda por ingressos como um todo foi superestimada.
– É normal que o setor mais caro seja o último a vender. Como a demanda foi inferior à que prevíamos, sobraram ingressos. Mas também tivemos muitos ingressos de R$ 300 que sobraram, então a culpa não foi só dos R$ 700 – disse Marcone Barbosa, diretor de marketing do Cruzeiro, em entrevista ao blog após palestrar no curso “MKT no futebol”, em São Paulo, no último domingo.
O preço ficou muito acima de média também por questão de contrato. A Minas Arena, no acordo que assinou com o Cruzeiro, comprometeu-se a cobrar por seu ingresso mais barato 20% a mais do que o ingresso mais caro do clube. Ou seja, a entrada para aquela área do Mineirão necessariamente teria de custar R$ 600, uma vez que o tíquete mais caro do Cruzeiro ficou em R$ 500. De qualquer modo, na expectativa de uma demanda maior do público, a operadora da arena optou por R$ 700. Não se deu bem.
Fonte: Dinheiro em Jogo