Wellington Silva não sabe se continuará de vermelho ou vestirá tricolor em 2015. Emprestado ao Internacional, o lateral-direito, de 26 anos, aguarda uma definição do clube para saber se será comprado e permanece no Beira-Rio ou se votará ao Fluminense, com quem tem contrato até o fim de 2015.
– Estou torcendo (para ficar no Inter), mas não seria ruim voltar o Fluminense. Falo de coração. Quero mostrar meu futebol no Fluminense.
Wellington recebeu a reportagem do GloboEsporte.com em seu apartamento. Nas paredes da sala, dois quadros: um em que veste o uniforme do Flamengo e outro com uma camisa do Fluminense. A troca se deu na virada de 2012 para 2013 e causou polêmica. Assunto, que segundo ele, está superado.
– Hoje em dia, pedem (os rubro-negros) para voltar.
A decisão sobre o próximo ano sairá em breve. Wellington aproveita para curtir a filha Ana Júlia, de cinco meses, e também o Rio. Por enquanto, só de férias.
Confira a entrevista:
Como foi seu 2014? A avaliação é positiva?
O ano começou no Fluminense com poucos jogos, fiquei muito no banco. Recebi propostas na época, conversei com o presidente, com todos, com o treinador Cristóvão, porque eu queria sair, queria jogar. Fui para o Inter, comecei jogando, sofri uma lesão, minha primeira lesão muscular, com 26 anos. Voltei, mas não voltei muito legal. Mas no fim fui protagonista. Consegui dar um passe para o gol do Fabrício contra o Palmeiras e no final, final mesmo, último minuto do último jogo do campeonato, consegui fazer o gol (vitória por 2 a 1 sobre o Figueirense). O ano foi bom, gostei desse ano. Deu para ressurgir.
A decisão de sair foi acertada então…
O Bruno é um excelente jogador. Eu acho que ter um jogador do mesmo nível numa posição é bom, mas ao mesmo tempo ruim para o clube. Um vai ficar feliz e o outro triste. Não dá para ficar feliz no banco. Conversei com o Cristóvão, Mário (Bittencourt), (Paulo) Angioni, até por valorização, já que sou um patrimônio do clube. Era melhor sair, poderia me sair bem em outro time. Tem a possibilidade de voltar, vamos ver o que vai dar.
Você tem contrato com o Fluminense até o fim do ano que vem, mas o Inter pode te comprar. Já sabe em que time vai jogar em 2015?
Tem um valor definido e podem exercer a compra. Estou aguardando, mas não tem nada definido. Meu empresário de Porto Alegre está resolvendo isso, eles já conversaram, mas também depende do novo treinador. Tem essa indefinição. O Fluminense está esperando a decisão do Inter.
O Abel Braga pediu a sua contratação. Como foi trabalhar com ele no Inter e qual o peso disso no que você chama ressurgimento?
O Abel é excepcional dentro e fora de campo, muito bom de coração. Foi muito importante, me deu confiança para jogar. Quando fazia partidas ruins, ele falava, conversava. Quando deixava no banco me motivava. É um treinador vitorioso. Se puder trabalhar com ele novamente um dia vai ser muito especial.
Você jogou por Flamengo e Fluminense e esse ano no Inter. O que achou do clube, da estrutura, como foi a adaptação, torcida?
A estrutura é excepcional, salário em dia, não tem o que reclamar. Todo mundo trata bem. A torcida é igual a todas as outras. Se você está bem, apoiam. Se vai mal, criticam. Gostei muito da cidade. Se voltar, é dar continuidade.
E jogaria a Libertadores. Vê o Inter forte para a competição?
Todo mundo quer jogar a Libertadores. O time tem muitos jogadores bons. Se muitos não tivessem se machucado, poderia brigar pelo título. Acho que o Inter vai brigar pela Libertadores.
Está torcendo para ficar lá para poder participar?
Estou torcendo, mas não seria ruim voltar o Fluminense. Falo de coração. Quero mostrar meu futebol no Fluminense. A felicidade será a mesma.
Que avaliação você faz da sua passagem pelo Fluminense até agora?
Em 2013, o Bruno já era titular quando cheguei. Tive uma lesão cedo, em fevereiro, começo de março. Foi agravando a lesão, tive de fazer cirurgia, colocar parafuso no tornozelo. Quando voltei, teve a questão da foto com o Love, torcida complicou. Não consegui jogar. Em 2014, acho que fiz cinco ou seis jogos, estava insatisfeito no banco. Pedia oportunidade de mostrar mais. Se voltar para o Fluminense, vou estar melhor, mais maduro. Precisava de sequência. Fiz bons jogos no Inter, consegui mostrar meu futebol como no Flamengo. E quero que seja assim no Fluminense, mostrar para a torcida o Wellington Silva que ela não viu.
Esse episódio da foto com o Love atrapalhou muito?
Atrapalhou muito. Muito, muito, muito, porque diziam que eu era flamenguista. Eu dizia que não, que o cara era meu amigo. Nem estava no Flamengo e éramos amigos. Foi uma coisa que a esposa dele colocou, ela pediu desculpa, ele pediu. Repercutiu bastante. O que falava para os torcedores é que dentro de campo eu dou a vida pela Fluminense. Quem paga meu salário é o Fluminense. Se eu tenho a minha vida hoje é por causa do Fluminense. Só que não entendem. Passou, viram que não tem nada a ver. Mas na época foi duro. Rodrigo Caetano (diretor de futebol na época) conversou comigo também, conhece meu caráter, minha índole, me deu força. Acabou e chega de polêmica.
Nota: na reta final do Campeonato Brasileiro de 2013, Wellington Silva apareceu em uma foto ao lado de Vagner Love durante jogo do Flamengo.
Se voltar, teme que isso atrapalhe?
Acredito que já passou. Coloco algumas fotos em redes sociais, e torcedores pedem a minha volta. Acho isso muito legal. Fico feliz quando isso acontece. Se eu voltar, vai ser com a maior felicidade do mundo e vou trabalhar pelo Fluminense.
Apesar da indefinição, vive uma situação muito tranquila, né?
É. No Inter, jogaria uma Libertadores. Seria bom demais. Se eu voltar para o Fluminense, não conheço o menino que está lá (Renato), vou ter que mostrar futebol para ser titular. Confio no meu potencial, quero ser titular. Existe a incerteza, mas são dois clubes grandes. Vai ser bom seja qual for o destino.
Você chegou a ser titular do Flamengo, mas as coisas não deram muito certo no Fluminense até aqui. Chegou a se arrepender?
Não bateu arrependimento, não. Eu decidi sair. Quando jogamos contra o Bahia no ano passado, lutando contra o rebaixamento, me perguntaram se eu me arrependia de ter saído do Flamengo, que tinha sido campeão da Copa do Brasil. Falei que não, que jogaria até na Série B com o mesmo orgulho.
Está satisfeito com o que conseguiu na carreira até aqui?
Joguei em três clubes muito grandes, de tradição. Estou muito feliz. Se mudar de clube, quero continuar com esse patamar. Jogador que sai de clube pequeno (era do Resende) e vai conquistando espaço nesses clubes tem potencial. Não é por acaso.
Você acha que virou uma realidade?
Acredito que sim. O fato de jogar no Flamengo, Fluminense e Inter mostra isso.
Imagino que pense em Seleção…
Sempre pensei nisso, mas primeiro tem que ter sequência no clube, fazer uma boa temporada. Aí o Dunga vai olhar. Sempre acreditei. Acredito que tenho potencial de Seleção.
Como ficou a relação com a torcida do Flamengo?
No começo, chateação total. Hoje em dia, pedem para voltar. Vou no shopping, vou jantar, aqui no meu prédio. Ficaram chateados, mas reconhecem. Fico muito feliz.
Foi a parte financeira que pesou?
Eu tinha pedido um valor, não chegaram. Me chamaram de mercenário, mas tenho que pensar no futuro. Não me arrependo do que fiz. Meu pensamento foi esse. É chato ser chamado de mercenário. Muitos jogam com salário atrasado. É só olhar o Botafogo. Caíram, mas estavam jogando, treinando. Foram até o fim. O torcedor tinha que ver o nosso lado também. O jogador não é mercenário. Ele tem que ver o que é melhor para ele para a família.
Rio ou Porto Alegre?
Por enquanto, os dois. Ficar na conexão. Para jogar, prefiro Porto Alegre. Para passar férias, Rio de Janeiro.
E o apelido Salgadinho?
Se perdeu. Não vingou lá no Inter. No Fluminense chamaram no começo, mas depois passou. Isso foi coisa do Renato Abreu. Ele me chama assim até hoje.
Fonte: GE