Michael Porter, notório professor da Universidade de Harvard e grande autoridade em Estratégia Empresarial, preconiza que há três tipos de estratégias genéricas que uma organização pode escolher: liderança nos custos, diferenciação e enfoque.
A estratégia liderança nos custos diz respeito à exaltação da diminuição dos custos operacionais com elemento primordial para a obtenção de vantagem competitiva. Custos operacionais baixos levam a custos por unidade igualmente redutos, propiciando a possibilidade de se vender a preços menores, aumentando a competitividade da organização.
Depreende-se, a partir da estratégia delineada pelo conceituado professor, que essa estratégia é recomendada para organizações que buscam atender a mercados populares. Afinal, custo por unidade baixo, com pequena margem de contribuição acrescida, representa preço por unidade pequeno. Então, pode-se vender para as classes econômicas mais baixas: a premissa é que se ganha um pouco em cada venda, mas se vende para grande quantidade de consumidores do poder aquisitivo baixo, com ganhos de escala.
Estratégia para o Fla: “Jogar em estádios com grande capacidade de público com ingressos baratos”O que o Flamengo tem a ver com isso? É um clube que possui torcida com perfil popular. Não que inexistam milionários que torçam pelo rubro negro, mas é nas camadas populares que está o grosso dos adeptos do clube conhecido como “o mais querido”.
Portanto, a estratégia liderança nos custos parece bastante apropriada para o grande clube carioca.
A estratégia genérica que um clube opte por seguir deve implicar ações compatíveis. Destarte, o Flamengo, ao optar por uma estratégia de liderança nos custos, deve adotar ações tais como:
– Jogar em estádios com grande capacidade de público e com preço de ingressos baratos, o que permite que se rateie melhor os custos fixos, com custo por torcedor mais baixo e preço de ingressos menores, para públicos maiores.
– Licenciamento de produtos com grandes quantidades produzidas, barateando o custo por unidade produzida e propiciando preços de venda baixos para um público extenso.
Escolha de um patrocinador com perfil também associado a liderança nos custos, criando sinergia entre clube e patrocinador, que buscam se comunicar com uma torcida / clientela popular, o perfil adequado à estratégia escolhida.
O raciocínio aqui colocado vale também, por exemplo, para o Corínthians, clube com perfil de torcedores bastante parecido com o do Flamengo.
Os clubes de futebol devem escolher a estratégia mais adequada de acordo com as necessidades de seus torcedores, e agirem de forma coerente com a estratégia. A prática de querer “atirar para todos os lados” não é adequada. No caso de clubes de massa, extremamente populares, a estratégia liderança nos custos parece ser apropriada.
Luis Filipe Chateaubriand é Membro do Bom Senso Futebol Clube e Professor de Estratégia Empresarial.
Fonte: R7