Com gols e assistências, o principal destaque dos primeiros dias da pré-temporada do Flamengo em Atibaia, no interior de São Paulo, foi o lateral-esquerdo Thallyson. No entanto, ele caiu de produção nos coletivos e no jogo-treino contra o RB Brasil-SP e foi sacado para a volta de Anderson Pico. Por outro lado, outro reforço fez o caminho inverso e passou a ganhar cada vez mais atenção por conta de suas performances: Arthur Maia. O meia ex-América-RN entrou ainda no início contra o RB, após Eduardo da Silva sentir dores na coxa direita, e teve bom desempenho. Com talento e personalidade, vem ganhando elogios dos rubro-negros.
Aos 22 anos, Arthur tem no Flamengo sua primeira oportunidade num grande centro do futebol. E a camisa parece não estar pesando até agora. Apesar de ainda estar conhecendo os novos companheiros, é bem participativo em campo e pede a bola com frequência. Os passes costumam ser precisos, assim como a visão de jogo. Ele também é o homem das bolas paradas, sempre cobrando faltas e escanteios. Num treino de faltas durante a semana, o aproveitamento foi bom após algumas batidas: dois gols, uma defesa difícil do goleiro, e poucas bolas erraram o alvo. As qualidades são dignas de um camisa 10, posição carente no Rubro-Negro atualmente. Tão carente que a primeira formação testada por Vanderlei Luxemburgo em 2015 tinha Eduardo jogando recuado, à frente dos volantes. Lucas Mugni, que tem as características da posição, não rendeu bem quando esteve em campo no ano passado.
O clube busca um meia no mercado, e Jadson é a primeira opção. Mas Arthur Maia pode ser a solução para esse problema. Se mantiver nas partidas o que mostrou na pré-temporada, pode ganhar espaço no time. Em sua apresentação oficial, ele disse que se considera muito mais um camisa 10 do que um 8.
– Tenho característica de arrancada, de carregar a bola. Ao mesmo tempo, por ser canhoto e ter aquela característica do passe, de servir os atacantes, é uma coisa que vai facilitar, por ter tantos jogadores rápidos, que jogam pelas beiradas, e posso achá-los na diagonal. Minha função é essa, de meia. Independentemente do número da camisa, vou estar buscando meu espaço – afirmou.
O sucesso não é novidade para Arthur Maia. Ele viu seu nome estampar manchetes na Argentina por conta de um golaço que marcou em março de 2014, quando o América enfrentava o Globo FC, pelo Campeonato Potiguar. O diário “Olé” chamou o meia de “Maiadona”, em trocadilho com o nome de Diego Maradona, e “messiano”, referindo-se também a Lionel Messi. Alguns veículos de imprensa de Natal e localidades próximas usaram no noticiário o título de “Messi do Nordeste”. No Flamengo, a comparação é óbvia. Mais ainda pelo fato de seu nome ter sido uma homenagem de seu pai, flamenguista fanático, a Zico, maior ídolo da história do clube. A responsabilidade também aumenta, mas o garoto tem mostrado que pode dar conta do recado, para o orgulho do pai.
– É um sonho de criança. Quem me conhece sabe o quanto já briguei e discuti pelo Flamengo. Minha família toda em Maceió é flamenguista, aprendi a torcer pelo clube. Discutia títulos, brincava com os companheiros nos alojamentos, quando torciam contra. Saí de casa com 10 anos com esse pensamento (estar no Flamengo). Agora, é trabalhar para as coisas darem certo.
O Flamengo permanece em Atibaia até este sábado, quando segue para Brasília. Na capital federal, terá pela frente o Shakhtar Donetsk em amistoso, antes de embarcar para disputar um torneio com Vasco e São Paulo em Manaus. O retorno para o Rio de Janeiro acontece no dia 26, com a estreia no Estadual marcada para o dia 31 de janeiro contra o Macaé, fora de casa.
Fonte: GE