Craque, o Flamengo fazia em casa.

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O Flamengo joga mais uma Copa São Paulo de Juniores, e jovens como Douglas Baggio, Matheus Sávio e Jajá são tidos como grandes apostas para o futuro. São os “Novos Zicos” da vez. Todo rubro-negro cresce ouvindo falar sobre como os grandes times da história do Flamengo contaram com jogadores formados nas divisões de base da Gávea. Melhor representada por ídolos como Junior e Zico, a base do Fla carrega o slogan de que “Craque, o Flamengo faz em casa”. Mas a verdade é que, craque mesmo, o Flamengo já não faz há muito tempo. E nem vende.
Do time que entrou em campo contra o Atlético Paranaense, na final da Copa do Brasil de 2013, apenas dois titulares foram criados pelo Fla: Samir e Luiz Antônio. Na fatídica derrota para o Atlético Mineiro no último ano, também somente dois titulares vieram da Gávea: Paulo Victor e Nixon, que substituía Alecsandro.
Engana-se, porém, quem pensa que este é um fenômeno recente no clube. O último atleta de grande relevância revelado pelo clube, chegando a ser vendido por um bom valor para um clube europeu, foi o meia Renato Augusto, que tinha multa rescisória estipulada em R$ 30 milhões quando se transferiu para o Bayer Leverkusen. Recentemente, o Fla vendeu o meia Caio Rangel, uma das suas maiores promessas, por um valor reportado em R$ 3,6 milhões.
Mais do que uma tradição, que pode ou não ser mantida, o dinheiro proveniente da venda de jogadores revelados é hoje uma parte importante da arrecadação anual dos clubes brasileiros. Em sua projeção financeira para 2015, por exemplo, o Fla previu uma receita total de R$ 355 milhões. Apenas R$ 10 milhões estão previstos para entrar nos cofres rubro-negros a partir de transferências de jogadores. É muito pouco.
O Corinthians estipulou uma entrada de R$ 38 milhões de reais em suas contas por meio de venda de atletas em 2015. O Internacional, clube que melhor vende jogadores no país, arrecadou um total de R$ 606 milhões de reais de 2003 a 2013 com transferências de atletas (segundo estudo de Amir Somoggi). Nesse período, foram vendidos jogadores como Alexandre Pato, Oscar, Taison e Fred. Essa também foi a era mais vitoriosa da história do clube, com a conquista de oito estaduais, duas Libertadores, duas Recopas Sul-Americanas, uma Copa Sul-Americana e o Mundial de Clubes.
Em 2013, o Flamengo obteve uma receita total de R$ 272,9 milhões, ficando com o quarto melhor valor do país. Se não levarmos em conta as transferências de jogadores, porém, o Fla pula para a primeira posição, com… R$ 272,9 milhões. O São Paulo, que liderou o país em receitas totais naquele ano, foi também o que mais arrecadou vendendo. Dos R$ 364,7 milhões que entraram nos cofres tricolores, R$ 148 milhões vieram de venda de atletas.
Da geração que venceu a Copa São Paulo de 2011, nenhum foi vendido pelo Flamengo. Negueba, Adryan, Thomas, Rafinha, Frauches, Muralha, Luiz Antônio, todos continuam sob contrato e dificilmente renderão muita coisa ao clube ainda, seja dentro de campo ou financeiramente.
Não dá para saber se os atuais jogadores dos juniores vão vingar ou não na equipe rubro-negra. É sempre um processo árduo se tornar um profissional no Flamengo. Para melhorar a formação de atletas, é preciso um trabalho que inclui um estudo longo e dedicado sobre os modelos usados na base do clube, o que requer tempo. Enquanto isso, o Fla precisa aprender a negociar melhor seus jovens atletas. Não dá para o Flamengo continuar negligenciando essa importante fonte de renda, jogando fora oportunidades como a da geração de 2011. Não para um time que, definitivamente, precisa de dinheiro.

Fonte: ESPN F.C.
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