GE – Ao todo, foram 50 minutos de paralisação. Mas o clássico desse domingo entre Flamengo e Vasco, interrompido por uma forte chuva que alagou o campo do Maracanã, retornou normalmente e com o gramado em condições razoáveis para a prática do futebol. A drenagem, criticada quando houve o alagamento, foi elogiada após a volta da partida. E tornou-se assunto de debates.
Mas como funciona o sistema de drenagem em um campo de futebol? A pergunta é sempre o ponto de partida da nova série no GloboEsporte.com, o GE Explica. O objetivo é tirar dúvidas a respeito de temas no dia a dia do esporte, mas nem sempre com resposta tão simples.
Drenagem, no dicionário, é o escoamento de águas de um terreno encharcado. Em um campo de futebol, o sistema de drenagem fica situado entre 40 e 60 centímetros abaixo do gramado. Acima dele, fica uma camada de brita, coberta por uma camada de terra – elas ajudam a escoar a água. Os dois sistemas de drenagem mais utilizados são o gravitacional e o a vácuo.
No sistema gravitacional, utilizado na maioria dos estádios do mundo e nos mais antigos do Brasil, são colocados tubos com pequenos furos para facilitar o escoamento. O Maracanã, em sua reforma, manteve o sistema gravitacional, encurtando a distância entre os dutos de captação de água de 6m para 4m e aumentando o diâmetro dos drenos de 75mm para 150mm. Os tubos seguem dispostos no formato “espinha de peixe”. A água é escoada para galerias e bombeada para fora do Maracanã. No entanto, como o entorno do estádio estava alagado e o gramado fica 25cm abaixo do nível do Rio Maracanã, a água fez o caminho inverso – de fora para dentro.
No sistema a vácuo, adotado primeiramente pelo Santos, na Vila Belmiro, na Arena Grêmio e na maioria dos estádios da Copa do Mundo, há dois tubos coletores fechados, ligados a uma bomba que suga o ar desses tubos. Isso gera uma pressão negativa na água, que é puxada.
– No sistema gravitacional, a água da chuva desce apenas com a força da gravidade, como sugere o próprio nome. No sistema a vácuo, o escoamento da água é bem mais rápido, mas o custo é duas ou três vezes maior – explica Fábio Câmara, engenheiro agrônomo e diretor técnico da World Sports, empresa que administra vários gramados no Brasil e foi pioneira ao implantar o sistema a vácuo na Vila Belmiro em 1996.
Junto com o sistema de drenagem, há também cisternas subterrâneas nos gramados, para armazenar a água escoada e em alguns casos reaproveitá-las na irrigação dos próprios gramados.