Reza o senso comum que bons exemplos têm que ser seguidos. Se olharmos para o futebol brasileiro, talvez a maior demonstração desse fundamento está na implantação, há mais de 10 anos, de uma fórmula de disputa honesta, transparente e justa, que na Europa tem se revelado importante para a evolução do futebol naqueles paises. Estou falando do sistema de pontos corridos.
Ligas fortes como a da Inglaterra, Espanha, Alemaha e Itália há anos têm sido referência de organização e transparência, não à toa são sonho de consumo de todo jogador em atividade e atraem a atenção de milhões de fãs do mundo inteiro. Elas partem do símples pressuposto de que só com uma base sólida é possível construir uma estrutura sustentável e gerar benefícios em múltiplas direções, desde o futebol de base até a Seleção principal.
Foi pensando nisso que a CBF organizou em 2003 seu primeiro campeonato nacional por pontos corridos com 24 times (em seguida reduzido para 20 participantes), dando assim fim ao marasmo de fórmulas e mais fórmulas, algumas delas bizarras em que nem sempre o melhor time se tornava campeão.
Nos 12 anos a seguir, o futebol evoluiu, os estádios ficaram mais modernos e seguros e o torcedor cada vez mais respeitado enquanto consumidor (apesar de alguns acidentes provocados por meia dúzia de vândalos). Os clubes mais organizados, por sua vez, começaram a pensar novas formas de capitalizar a paixão do torcedor criando programas de sócio e tornando seus times mais fortes, cada vez mais estimulados por uma fórmula de disputa justa e que premia o melhor (e não o mais beneficiado). Logo, Cruzeiro e São Paulo começaram a se destacar, ganhando seus títulos de forma categórica e honesta.
No entanto, com o pretexto de uma pressuposta perda de interesse no campeonato nacional (mas sabemos que há outros interesses nisso), criou-se uma onda reacionária que pede a volta das antigas e anacrónicas fórmulas mata-mata, para dar aquela emoção extra e permitir que outros times nãotão organizados assim tenham a chance de vencer na base do ‘inesperado’. Aquele ciclo positivo que se iniciou em 2003 pode estar prestes a acabar por pura incompetência de certos clubes tidos ‘tradicionais’ que até hoje não conseguiram se adaptar e aproveitar os benefícios do atual modelo, a exemplo de Cruzeiro, Inter e São Paulo.
Com o simplório e preguiçoso pretexto de que certas coisas que dão certo lá fora não podem se aplicar ao Brasil, jornalistas e dirigentes de futebol criaram um poderoso campo de distorçao da realidade para fugir do verdadeiro problema (suas próprias incompetências) e sugerir uma solução altamente nociva. Diante de todo esse rebuliço, a CBF resolveu criar uma comissão para debater a volta do mata-mata, liderada por nada mais nada menos que Eurico Miranda.
Por acreditar que a volta do mata-mata não ficará limitada a uma símples discussão entre cumpadres, vou expor alguns argumentos que demonstram de maneira irrefutável como tal medida seria altamente nociva para o futebol brasileiro que, diga-se de passagem, já tem seu torneio mata-mata em nível nacional (vide a ‘emocionantíssima’ Copa do Brasil).
1) Marasmo de fórmulas
A comissão criada para discutir a volta do mata-mata nem ao menos entrou em acordo sobre a fórmula alternativa aos pontos corridos. Fala-se de turno e returno com os primeiros 2 realizando uma final extra. Outros já sugerem playoffs com 4 ou 8. Outros querem turno único e playoffs. Daqui a pouco vem alguém sugerir grupos. Já começou bem! É o marasmo!
2) Formula justa?
Como antecipei na introdução, uma fórmula altamente suscetível a erros extra-campo (como um pénalti mal marcado, por exemplo) pode jogar por baixo todos os esforços feitos para planejar e montar times competitivos.
Um dos times que está ai na comissão até hoje chora a garfada de 1980, vai entender!
Em fórmula de disputa com turno único, então, terão mais chances de vitória aqueles times que jogarem em casa jogos mais cruciais, como clássicos, por exemplo.
3) E as novas penas?
A CBF estuda implantar penas que podem resultar em perdas de pontos caso o clube não pague seus jogadores em dia. Se isso for implantado, como funciona em playoffs? Simplesmente eliminam o time? Enquanto o caso for estudado, o campeonato para? E já pensaram se isso se transforma numa indústria de armações? É virada de mesa até falar chega!
4) Argumentos non-sense
Alguns defensores da volta do mata-mata alegam que a Seleção Brasileira nunca mais ganhou uma copa do mundo depois da introdução dos pontos corridos. As seleções que ganharam depois de 2002, adotam pontos corridos desde sempre, vide Itália, Espanha e Alemanha. Só a título de informação, a maior seca da Seleção foi entre 1970 e 1994, quando no Brasil ainda havia mata-mata.
5) Sensação de indefinição e viradas de mesa
Ninguém saberá ao certo qual será a nova fórmula de disputa, problema vivido por nossos clubes ao longo de três décadas. Como um clube poderá se planejar diante de tal indefinição? Já teve casos em que as modalidades de disputa foram modificadas ao longo da competição, produzindo uma das maiores bizarrices do futebol mundial. Afinal, quem é o campeão brasileiro de 1987? Flamengo ou Sport?
6) Férias antecipadas e fuga de sócios
Se adotarem fórmula com turno único e playoffs com 8 times, teremos férias antecipadas para 12 times já em outubro. Sem receita, fica dificil para esses times pagarem os salários até dezembro. Já o torcedor poderá se sentir lesado caso julgue que não vale mais a pena pagar o sócio se não puder usufruir de seus benefícios até o final do ano. Prejuízo duplo.
7) Chance para os pequenos? Redução dos desequilibrios?
Em primeiro lugar, independente da fórmula, alguém em sã consciência acredita em chances de títulos para os times tido pequenos? Se antes era raridade, hoje é quase impossível. E um dos sinais dessa disparidade fica evidente nas diferenças brutais das cotas de TV destinadas aos times.
Fazendo um levantamento rápido entre os dois sistemas de disputa, a partir de 1971, constatamos que não há diferenças no quesito diversidade nem na distribuição geográfica, ou seja, times que realmente se preparam para a disputa têm as mesmas chances de títulos. O Cruzeiro venceu os últimos dois títulos porque montou o melhor time.
Diferentes campeões
Mata-mata 15 times diferentes em 32 edições (46%)
Pontos Corridos 6 em 12 (50%)
Campeões fora do eixo RJ/SP
Mata-mata 9 times fora do eixo em 32 edições (28%)
Pontos Corridos 3 em 12 (25%)
8) Só serão prestigiadas as finais
Com a volta do mata-mata, o torcedor tenderá a economizar nos jogos classificatórios para concentrar seus gastos nas finais, onde fatalmente serão praticados preços de ingresso abusivos por conta da procura.
9) Já existe uma competição mata-mata
Uma boa parte dos times que defendem a volta do mata-mata se apoia no histórico recente de conquistas em Copas do Brasil. Mas uma coisa é o juiz não conceder um pénalti claro a seu favor numa Copa do Brasil, outra é o juiz expulsar seu melhor jogador em final de campeonato brasileiro. Vamos deixar esse tipo de emoção para a Copa do Brasil, que já é mata-mata?
10) O que diz a lei?
Por lei (inciso II do artigo 8 da Lei 10.671 – Estatuto do Torcedor), os clubes terão que participar de pelo menos uma competição em nível nacional onde todos os jogos serão conhecidos de forma antecipada, ou seja, pontos corridos. Ou mudam a lei, ou criam outra competição nacional por pontos corridos. Não é tão fácil voltar ao passado, não é mesmo?
Quem quer mata mata esta com receio de nunca mais ganhar um brasileiro, mas o nosso mercado futebolístico não nos permite voltar…..se voltar é por força politica e ai sim será uma grande decadência do futebol brasileiro.
Concordo com vários pontos!! Mas que justica há nos pontos corridos quando um time ganha 300 milhões enquanto outros ganham 50?? Como os times que ganham pouco vão ter chance de ganhar se não tem dinheiro para se estruturar?? eh a mesma lógica do vestibular, fala q eh justo por dizer q eh a mesma prova, mas não considera as condições, que um estuda em excelentes escolas e outro não.
Caramba! Tudo que tem Eurico Miranda como comandante, digo estou fora, pois não é bom para ninguém, somente para o Vasco.
Ainda há casos a se pensar:
Um campeonato com 24 times, onde após um turno único ou dois turnos …
-Os melhores 16 times ranqueados, vão para o playofs e os 8 restante, vão disputar em turno único ou mata mata, os 4 rebaixados …
-Fim dos campeonatos Estaduais;
-Criação de campeonatos regionais, onde o campeão, ou campeão e vice de cada região, disputem uma copa dos campeões, podendo até dar vaga para Libertadores;
-Em paralelo a isso a Copa do Brasil;
-Excluir da Copa do Brasil os times que disputam a Libertadores, ou uma forma de inclui-los;
-Todos os campeonatos iniciados na segunda quinzena de janeiro, terminando na primeira quinzena de Dezembro;
Bom eh emoção do começo ao fim;
Fora isso, melhor os pontos corridos …
Com exceção de 2003, 2004, 2009, 2010,2011 e 2012, os campeonatos 2006-2007-2008-2013-2014, se houvesse mata-mata, teria campeões diferentes …
O de 2007, pode estar até com agente.
Não citei 2005, porque foi comprado …
Fora disso, melhor deixar os pontos corridos …
Se o EuRico Miranda é a favor , sou contra . Ele nunca está certo .
Sem essa d mata mata….. VIVA OS PONTOS CORRIDOS….. formula mais justa de disputa e beneficiadora de quem seja mais organizado!!! Saudações rubro-negras st..
Todos os venais da mídia são a favor do mata mata. O Flamengo faz um esforço imenso para pagar as suas dívidas, consegue ser o clube de maior arrecadação, dentro em breve poderá formar grandes equipes, aí vem o famigerado mata mata e nivela tudo. O mais organizado e bem administrado terá que dar chances ao que não se organizou e não teve condições de formar um bom time…SRN