A economia aplicada ao futebol: a competitividade do Brasileirão

Fonte: Teoria dos Jogos

O Blog Teoria dos Jogos retoma agora um de seus expedientes mais elogiados: abordagens ligadas ao futebol por meio da utilização de métodos relacionados à ciência econômica. O foco: a competitividade dos campeonatos nacionais à luz da aplicação de um reconhecido índice de concentração de mercados. Parece complicado, mas percebam que a coisa é bem simples.

Existe um índice chamado Herfindahl-Hirschman (ou simplesmente HHI) que mensura concentração de mercados através da soma dos quadrados do market share de cada empresa. Por exemplo, se num setor existem duas empresas e cada uma aufere exatamente 50% das vendas, então o HHI é (0,5)² + (0,5)² =0,5. Caso existam três companhias, uma com 50% e as outras 25%, então o HHI será (0,5)² + (0,25)² + (0,25)² = 0,375. Ou seja, quanto mais competitivo um mercado, menor seu índice HHI.

A questão é que este conceito pode ser perfeitamente adaptado ao futebol. Basta considerar o market share de cada clube como o número de pontos conquistado por ele em relação ao total de pontos conquistados por todos os participantes do torneio. Como exemplo aleatório, tomemos por base o Campeonato Brasileiro de 2012:

Temos que o Fluminense, campeão daquele ano, atingiu 77 pontos, enquanto a soma da pontuação dos 20 participantes foi de 1.035. Isto significa que, se o Tricolor fosse uma empresa, teria dominado 7,4% do mercado, sendo este seu market share. O segundo colocado, Atlético-MG, ficou com 6,9%. A soma dos percentuais de todos os participantes nos leva ao HHI do Brasileirão, sendo um indicador de sua concentração:

HHI do Brasileirão 2012 = (0,074)² + (0,069)²+ … + (0,028)² = 0,052

E o que nos diz o benchmark internacional? O Blog Teoria dos Jogos aplicou a formula acima para os campeonatos alemão, espanhol, italiano, francês e inglês, numa comparação direta com o Campeonato Brasileiro ao longo dos últimos dez anos. Faz sentido nossa alcunha de “campeonato mais disputado do mundo”? Vejamos:

PS: No gráfico, os resultados foram multiplicados por 10.000 a fim de visualizarmos os números numa ordem de grandeza mais apropriada

Sim, faz. Percebam que que o HHI do Brasileirão sempre fica entre 0,051 e 0,053*, o mais baixo entre os países comparados. Isto significa que existe uma maior competição, com menor diferença de pontos entre os concorrentes. Se nosso campeonato fosse um mercado qualquer, suas empresas teriam menor participação, sem oligopolistas abocanhando grandes fatias. Entretanto, notem que o HHI do ano passado foi o maior da série histórica. Isto nos leva a presumir uma redução de sua característica “igualitária”, aproximando-se do nível verificado no Campeonato Francês.

*Em 2005 o HHI do Brasileirão ficou em 0,046 por ser o último torneio com 22 participantes, algo que logicamente aumenta a competitividade por conta do maior número de players

Historicamente, é na França onde se verifica competitividade semelhante à nossa: O HHI da “Ligue 1” foi inferior ao do Brasileirão em 2006 e 2010. O Serie A italiana ocupa posições intermediárias, com o Campeonato Espanhol e a Premier League inglesa sempre nas cabeças entre os campeonatos mais desequilibrados do mundo. O caso alemão necessita de uma leitura à parte: surge disparadamente como o de maior HHI porque a Bundesliga é disputada por apenas 18 equipes.

As conclusões da análise podem ter óticas diametralmente opostas. Por um lado, apenas Brasil e Espanha se encontram em maior desequilíbrio hoje na comparação com o perfil de dez anos atrás. Isto pode ser interpretado como um ônus pela redistribuição das cotas de televisionamento, cada vez mais direcionadas aos clubes de maior torcida. Em compensação, Alemanha excluída, pertence à Inglaterra o maior HHI médio, mesmo sendo exaltada por sua suposta “distribuição mais isonômica de cotas”.

Um grande abraço e saudações!

Coluna do Flamengo

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