Fonte: Mauro Cesar Pereira
O Flamengo passa longe de ser o time com maior número de finalizações no Campeonato Brasileiro. Mas domingo, contra o Santos, foram 21. Nenhuma equipe arrematou tanto na 16ª rodada e as que mais finalizam estão abaixo dessa média — Ponte Preta com 13,9 por peleja, Atlético Mineiro e Palmeiras 13,8 cada.
Apesar do volume de jogo, dos muitos arremates, dos 2 a 0 no primeiro tempo, nada disso parece ter sido notado por parte dos mais de 61 mil torcedores que estiveram no Maracanã. A mudança de comportamento do Santos no segundo tempo — o técnico Dorival Júnior (em bom começo de trabalho) corrigiu os erros — inverteu o placar.
Com os 2 a 2, ainda assim o time carioca buscou o gol e terminou o jogo quase marcando o terceiro. Um placar justo pela capacidade de reação santista, mas o jogo inteiro apresentou um Flamengo que progride. Foram os melhores 45 minutos do time no campeonato os do primeiro tempo. E isso me parece bem claro.
Mas a pretensão de parte da torcida não é pequena. Há sujeitos que compram ingresso achando que ele lhe assegura a alegria da vitória. E como ela parecia certa e não se concretizou, é preciso encontrar um culpado. Claro, o técnico Cristóvão Borges. Que tem lá sua parcela, no bom primeiro tempo e na queda no segundo.
As falhas da zaga César/Wallace, que jamais havia atuado, do goleiro Paulo Victor, voltando de lesão, os gols perdidos por Éverton, tudo isso entrou na conta do treinador. Um exagero que cega a muitos. Alan Patrick pediu para sair, entrou Gabriel e reclamaram. Entrasse Cáceres também haveria queixa por reunir “três volantes”.
O torcedor precisa entender que um time não se forma de uma hora para outra. Leva tempo e em geral os progressos, quando existem, são gradativos. O Flamengo levou a campo sete titulares que não estavam no elenco em 2014, alguns recém-chegados e um zagueiro em sua segunda aparição pelo clube.
A incapacidade de entender que uma equipe evolui e fica competitiva com o tempo pode colocar muita coisa a perder. Mal que ameaçará o Palmeiras se sua torcida entrar na mesma onda do mal que contamina parte dos rubro-negros. Mas no caso do vice-campeão paulista, quem tem exagerado é a imprensa mesmo.
Houve uma boa sequência de resultados e progressos observados com Marcelo Oliveira aprimorando o time trabalhado iniciado por Oswaldo. Mesmo com mais de um turno pela frente, não foram poucos na mídia que catapultaram a favorito o time alviverde, que recebeu duas dúzias de atletas e dois técnicos novos em 2015.
Equipes como Atlético e Corinthians mantêm espinhas dorsais há mais tempo. Até o Fluminense preservou a sua após a saída da Unimed. O Palmeiras ainda se estrutura, tem elenco farto, potencial mas ainda está longe do ápice. Por isso ainda pode sofrer e perder em casa para o bom Atlético Paranaense, que o ultrapassou na classificação!
Sorte do Palmeiras que a reação de sua torcida não tem sido de impaciência. Uma boa campanha e, possivelmente, uma vaga na Copa Libertadores já estarão de bom tamanho para uma primeira temporada de trabalho. De reconstrução geral. Se for possível buscar o título, ótimo, mas não se deve estabelecer meta tão alta já.
Horas depois de o Palmeiras perder em seu estádio para o Furacão e logo após o Flamengo ceder empate ao Santos no Maracanã, o Boca Juniors entrou em campo pelo campeonato argentino. O adversário era o Unión de Santa Fé, que jogaria por Diego Barisone, atleta do Lanús revelado no “Tatengue” e morto dias antes em acidente de carro. Seu enterro causou comoção na província.