Flamengo está sempre em evolução?

Fonte: Torcedor do Flamengo

Voando, pousando, chegando.

Esse foi um resumo da ida até Campinas. Assim mesmo. Cheio das desgraças dos gerúndios, já que a gente tem mesmo que acostumar com essa porra. O campeonato já na metade, a gente fazendo (olha o gerúndio aí) merda uma atrás da outra, com uns breves intervalos entre elas, e o técnico e os jogadores só sabem falar do tal do “evoluindo”. Arrisca a gente chegar em dezembro melhor que o Barcelona de tanta evolução que anda sendo apregoada.

Chegada ao estádio quase tranquila. O quase fica por conta do taxista e uma colocação (zeeentcheee!!!) infeliz. Largou a gente perto do Moisés e proferiu frase de todo estranha, dada a fama da cidade. “Essa ladeira de grama aí dá pra sentar e escorregar”. Vá entender. Pagamos (sem duplo sentido) a corrida e fomos para o portão de entrada dos visitantes.

Imagem bonita na entrada. Los Inchas da Nação 12 conseguiram a proeza de, na fase atual do Flamengo fazendo morada no meio da tabela, encher um ônibus para essa partida de não muito apelo. Esparramados junto ao portão ainda fechado, portavam no olhar o brilho de “eu fiz isso”, que só os mochileiros de campanhas de vacas magras do time podem exibir, posto que na boa e na podre tudo é mais fácil e com sentido. Em desempenhos mequetrefes que não levam a lugar nenhum, nem para o bem e nem para o mal, é bem mais complicado justificar a viagem para a parte do cérebro que (ainda) funciona de forma razoável.

Começa o jogo. O Flamengo domina, domina e domina. Jogadas pelas laterais, chutes para o gol, bolas explodindo na trave, e tudo mais fazendo crer que outra vitória fora de casa estava encaminhada. Patrick, que já havia trabalhado com Lula Molusco, nosso técnico, em outro ramo de atividade, parecia querer provar cientificamente que alguém que cria no meio-campo geralmente é mais útil que alguém que não o faz. Apesar do domínio, o primeiro tempo encerra sem gols, dando a sensação de que a vitória era uma questão de tempo assim que a bola voltasse a rolar. Enquanto aguardamos a segunda etapa, apreciamos a batalha justa mas acirrada dos rubro-negros presentes para conseguir comprar um pastel de queijo e/ou de carne. O pastel no estádio da Macaca é um campeão de sabor e audiência. E o principal, não sofreu influência do raio fifatizador e tem preços acessíveis.

Saciada a fome da torcida, o time pareceu também saciado da vontade de fazer gols. Cristóvão, talvez achando que o caminho para o gol da Ponte deveria ser trilhado por meios legais e não desportivos, sacou o Alan e botou o rapaz dos processos pra tentar dar andamento ao caso. Fora isso…. Fora isso… O Gabriel entrou também. Impressionante. O rapaz põe por terra toda aquela teoria de que a oportunidade só bate na porta uma vez. Mais uma vez o garoto não deu no couro, errando tudo que tentou. Tá arriscado entrar no lugar do Guerrero na quarta, já que o mesmo tomou outro cartão por faniquito desnecessário. Ou talvez até no lugar do PV. Há de entrar em algum lugar.

Não foi pavoroso, mas o time caiu de produção e de tanto não marcar, regra básica do futebol, acabou levando um gol da Ponte, que andava sem ganhar por um longo período. Nós e nossa flazarês nata ressuscitando os mortos.

Ao fim do jogo o de sempre. Os presentes à arquibancada rendendo muitas homenagens ao técnico, e o mesmo e os atletas constatando pela milésima vez que nós estamos evoluindo. Pode ser. Os dinossauros, por exemplo, levaram um porrilhão de tempo pra ficar daquele tamanhão todo. Pra sorte deles o período jurássico soube esperar e não durou apenas 38 rodadas.

Saída tranquila, posto que as duas torcidas não se estranham. A volta foi de busão. Eu e meu filho pudemos então comemorar o Dia dos Pais desfrutando de toda a hospitalidade da rodoviária campineira. Inclusos um cachorro quente todo desmontado e impossível de se comer de forma civilizada, um feijão-arroz-purê-bife intragável, e o requinte de tomar banho e depois se humilhar rastejando por baixo da porta do banheiro, “caudique” o carinha lá responsável “Ih é… Esqueci de vocês trancados lá”.

Amo muito tudo isso.

O respeito voltou. Ponto.

Mercio Querido

Coluna do Flamengo

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