Trocar preto e branco por vermelho e preto rendeu polêmica, colocou Willian Arão em evidência.
– A partir do momento que eu tomei minha decisão, ela já tinha valido a pena ali, né? Então, ela valeu, sim, a pena. Jogar no Flamengo também era um sonho.
Para vestir a nova camisa, Arão comprou uma briga judicial com o Botafogo no fim de 2015. Uma cláusula no contrato previa prorrogação por mais dois anos caso o clube pagasse R$ 400 mi. Isso foi feito duas vezes, e o jogador devolveu o dinheiro nas duas. A diretoria, então, depositou o valor em juízo, mas a Justiça do Trabalho liberou o volante do vínculo. Abriu caminho para o Flamengo, que fechou com ele por três temporadas.
– Quem está envolvido sabe o que aconteceu, muitas vezes as pessoas falam coisas que não é verdade. Não dá para apontar uma coisa ou outra, né? Os torcedores falam, e o que eles pensam é de cada um. Eu sei que eu coloco a cabeça no travesseiro à noite e eu estou supertranquilo com a minha decisão, Estou supertranquilo com o que eu fiz.
Enquanto isso, o volante, de 23 anos, curte o bom início no Rubro-Negro. Começou bem e está à vontade na Gávea. Elogios do técnico Muricy Ramalho, torcida satisfeita, gol. Ele também está otimista.
– Não dá para comparar, né? É bem diferente mesmo. Tem uma cobrança maior, tem uma proporção maior, mas eu acho que a torcida está do nosso lado, está nos apoiando e está vendo que o time está demonstrando evolução.
Confira a entrevista:
Chama a atenção como você chegou no Flamengo e já se encaixou no esquema do Muricy, no time, fez boas partidas. O que está pesando para tudo dar tão certo nesse início?
Willian Arão: – Fui muito bem recebido pelos companheiros, um grupo excelente. Já conhecia alguns jogadores e os que não me conheciam me receberam muito bem. A parte fora do campo pesa muito também. Estou tranquilo com minha esposa, Amanda Arão, meus familiares, com meus amigos aqui. Estou muito bem no Rio. Tudo pesa um pouco.
Chegou com a ideia fixa de mostrar serviço, marcar posição?
– Foi, sim. Eu tinha a ideia bem clara na minha cabeça. Tenho alguns sonhos e quero alcançar. Então, consegui alcançar um deles, que é estar no Flamengo. Não posso deixar a oportunidade passar. Me preparei, me cuidei nas férias para chegar bem, marcar território, mostrar quem é o Willian Arão e poder jogar no Flamengo.
Era um sonho jogar no Flamengo?
– Sim. Acho que é o sonho de todos os jogadores (risos). Eu tive a oportunidade de jogar no Corinthians, fui campeão lá. E jogar no Flamengo também era um sonho. Estou realizando e vou fazer o máximo, dar a vida aqui para conquistar títulos também com essa camisa.
E quais são os outros sonhos? A lista é grande?
– Não é tão grande, não. Mas são alguns sonhos na parte profissional. Vestir a camisa da Seleção é o sonho de todo mundo também, disputar uma Copa do Mundo. E eu tenho o sonho de jogar na Inglaterra. Espero realizar isso.
– Quando eu era pequeno, assistia muito o futebol inglês, gosto muito do Manchester United, que é vermelho (aponta para a camisa de viagem do Flamengo). Via Cristiano Ronaldo, Rooney, Paul Scholes, que é da minha posição. E fui criando essa imagem na minha cabeça. Quero realizar esse sonho de jogar lá.
Você falou que queria chegar no Flamengo e mostrar quem é. Quem é o Willian Arão?
– Sou um cara sério, dedicado, um cara que vai fazer de tudo pela camisa que está vestindo, que vai se dedicar, que vai ter um nível de profissionalismo gigante, para estar sempre no melhor nível. Fora de campo, sou tranquilo. Gosto de estar em casa com a esposa, família, jogar videogame, ir à praia com a minha esposa. Sou recém-casado, tenho que fazer uma média (risos).
Você citou sua evolução desde a base. No Corinthians, era primeiro volante. Virou outro jogador depois que chegou no Botafogo? Passou a ser mais ofensivo?
– Não sou outro jogador, mas aprimorei algumas características. Eu era primeiro volante, não tinha liberdade para sair para o jogo. Ano passado, o professor René Simões disse que queria me escalar de segundo volante, me deu liberdade para avançar. Passei a explorar outras qualidades minhas. Fui desenvolvendo meu futebol.
E os números mostram como isso mudou, né? Chegou ao Botafogo com um gol na carreira. Pegou gosto agora?
– Peguei. Foram sete gols no ano passado, um esse ano já. É gostoso fazer gol, é o máximo do jogador na partida. Gosto de ressaltar que fui líder de desarmes do meu time no ano passado também, jogador com maior índice de acerto de passes. Essas qualidades também são importantes para mim.
Sentia necessidade de participar mais ofensivamente?
– Queria participar o tempo todo, muitas vezes avançava, e o treinador mandava brecar. Segura, fica lá atrás. Foi uma mudança, tive que me preparar melhor fisicamente. Sou um dos jogadores que mais corre em campo, tenho de estar bem para esse vai e volta, poder defender, participar o tempo todo. Nunca tive lesão, estou mantendo o nível, o ritmo.
Antes de começarmos a entrevista, chamou a atenção a frase que você usou: “cheguei para mostrar meu trabalho, aqui é trabalho”. A frase do Muricy já contaminou o grupo?
– Já absorvi e contaminou, sim. Ele é uma pessoa séria, professor sério, gosta muito do trabalho. Disse isso quando chegou, o grupo entendeu e está nesse mesmo pensamento. Aqui é trabalho, ninguém está aqui para brincadeira, sabe da responsabilidade que é vestir essa camisa, esse manto. Sabe da responsabilidade por tíitulos. Estamos trabalhando firme para dar resposta ao torcedor, para nós e para a diretoria.
Quais são as primeiras impressões sobre o Flamengo?
– É diferente, né? A proporção não dá para comparar, é bem diferente mesmo. Estou sentindo a torcida apoiar, mostrar confiança na evolução do time. Tivemos dois resultados adversos na pré-temporada, mas nos últimos três jogos ganhamos dois e empatamos um. Tem uma cobrança maior, proporção maior, mas acho que a torcida está do nosso lado.
Toda vez que muda de um rival para o outro, gera uma certa polêmica, chama a atenção. E no seu caso foi maior ainda, há uma questão jurídica. O que te levou a trocar o Botafogo pelo Flamengo?
– Eu tinha um sonho de vestir essa camisa, uma torcida de proporção muito maior. Não dá para apontar uma coisa ou outra. Vários fatores envolvem. Estou muito feliz no Flamengo, me receberam de braços abertos. Estou tentando devolver o carinho que estão tendo comigo. Acredito que estou conseguindo, meu futebol tem muito a crescer.
O caso com o Botafogo ainda não está encerrado. Você teme que isso possa te impedir de jogar, atrapalhar, no caso de uma decisão favorável ao ex-clube?
– Estou tranquilo, sempre tive amparo judicial com meus advogados, sempre me deixaram muito tranquilos em relação a isso. Falaram que posso ficar tranquilo, que não vou sair prejudicado. Estamos dentro das leis para tomar a decisão. Isso está nas mãos deles. Deixo com eles, espero se resolva o mais rápido possível.
Pesou mais o que o Flamengo ofereceu ou o que não estava bom no Botafogo? Qual a sua versão?
– Não tem uma versão. Eu sei, meus familiares sabem, a diretoria (do Botafogo) sabe o que aconteceu. Não dá para apontar uma coisa ou outra. O que os torcedores falam ou pensam, é de cada um. Coloco a cabeça no travesseiro, tranquilo com a decisão, com o que fiz. Estou em paz comigo. Quem está envolvido sabe o que aconteceu. Muitas vezes as pessoas falam o que não é verdade.
Você é grato ao Botafogo?
– Sou muito, muito grato ao Botafogo, aos torcedores, aos dirigentes. Sem eles, não teria elevado o meu futebol, chegado no nível que estou hoje. Sou muito grato também ao Flamengo, que me acolheu de braços abertos, que está junto comigo, impedindo que algum torcedor venha se manifestar contra mim.
Como ficou a relação com os alvinegros e como é com os rubro-negros?
– Com os rubro-negros tem sido a melhor possível, me acolheram. Quero devolver com raça, vontade. Não tenho nada para reclamar da torcida do Botafogo. Nas férias, estava na República Dominicana com minha esposa, e um alvinegro me encontrou para agradecer pelo que fiz no clube. Estou tranquilo, sou bem recebido por todos, nem tenho o que falar.
– Minha relação com o Wallace é muito próxima, tenho muito carinho por ele. Foi padrinho do meu casamento, chamava ele de pai, ele me chamava de filho. Fiquei contente pelo gol que ele fez (contra o Macaé), nos ajudou a conquistar a vitória. Está muito feliz e é uma pessoa especial para mim e para o grupo todo.
A sua chegada ao Flamengo tem a participação dele?
– Fiz algumas perguntas para ele, e as respostas foram positivas. Deixou claro que era um clube sério, que está tentando alcançar um outro nível, dar o que há de melhor para nós. Pedi a opinião dele, me disse coisas boas. Ajudou na minha decisão.
O grupo está mobilizado para dar uma força para ele?
– A união não é só com ele, mas de todos os jogadores. Não se poderia chamar de time se a gente deixasse um amigo para trás. Estamos com ele, sim, dando força. Para ele e para todos os jogadores. Só dá para mudar isso trabalhando, se esforçando, ele faz isso e vai nos ajudar no decorrer do ano.
O que dá para esperar desse Flamengo?
– Tem tudo para dar certo, estamos evoluindo como time, temos qualidades individuais, mas precisamos evoluir como time. Sofremos contra o Ceará, mas estamos melhorando, absorvendo o que o professor passa. Cada hora um vai decidir. Eu com gol e assistência, Guerrero, Alan (Patrick), Everton, Sheik. Temos jogadores para decidir.
É um Flamengo para estar no topo?
– Acho que Flamengo tem que ser favorito sempre. Temos jogadores de qualidade, treinador de qualidade, nossa condição de trabalho está melhorando, estamos numa evolução constante.
Consegue dizer se a escolha por trocar o Botafogo pelo Flamengo valeu a pena?
– É muito simples a resposta. Sim, porque a decisão foi a que eu tomei. Não me arrependo das decisões que eu tomo. Coloquei a cabeça no travesseiro, conversei com familiares, esposa, tomei uma decisão. Ela já tinha valido a pena ali. Vai valer mesmo se não estiver jogando, se eu perder posição para um companheiro. Valeu a pena quando eu decidi.
Fonte: GE
Ótima entrevista do Arão. Mostrando personalidade e confiança. Tem tudo pra ir muito bem nesse ano.
Se tivesse no falido Buaatafogo, tava vendendo água e biscoito Globo (de povilho azedo),nas ruas ou de flanelinha.
Grata surpresa….bem melhor que o canteros .
Para mim, jogador tem que ter personalidade aliada ao bom futebol é o caso do Arão, gosto muito deste atleta, além de tudo fala bem, não fala asneira..