Com esse Muricy não há luz no fim do túnel

Que frustração esse jogo de ontem! Já são 9 jogos sem vencer um time que tecnicamente é inferior ao Flamengo. E chegando ao fim do primeiro semestre, nem sequer uma final chegamos. Mas oque mais me entristece e me deixa pessimista é o fato de que em 4 meses o time não esteja minimamente pronto para o Campeonato Brasileiro, ou seja, mais sofrimento pela frente. São vários os culpados pela mediocridade em que o time se encontra, mas creio que a porcentagem maior seja do nosso atual treinador.

O antigo Muricy comandava equipes que praticavam um futebol engessado, robótico e feio, mas que eram equipes competitivas, e que sempre almejavam conquistas. Já o novo Muricy  tem idéias modernas que não saem do papel, idéias que não se encaixam com o elenco, e idéias que ele não tem capacidade de implementar. Esse último jogo aliado à outros fatores me fazem pensar que talvez Muricy Ramalho não seja o técnico que colocará novamente o Flamengo no topo. São muitos os erros do atual treinador, erros que se não forem corrigidos imediatamente, serão responsáveis por mais uma troca de comandando.

1- Insistência em esquema tático errado 

Toda torcida já sabe qual é o esquema ideal para esse elenco, só nosso técnico que insiste no errado. O 4-3-3 de Muricy é previsível e de pouca mobilidade, os jogadores não trocam de posição, sendo de fácil marcação por parte dos adversários. Um esquema que prejudica a evolução de alguns jogadores, como Cirino, que fica limitado apenas ao lado direito, e de Mancuello, que é obrigado a jogar centralizado. A insistência do técnico nesse esquema tático nos custou derrotas sentidas, como as que fizeram o time não ficar entre os dois primeiros do Campeonato, e assim perdendo a vantagem do empate na semifinal do Carioca, e como a que fez jogarmos um segundo jogo contra o minusculo Confiança, isso sem falar na eliminação da Primeira Liga.

A torcida clamava pelo tradicional 4-4-2, e ele veio, disse um “oi”, e sumiu. O time vinha de  dois bons jogos no esquema 4-4-2, apresentando uma agradável desenvoltura, e fazendo a torcida pensar em dias melhores. Mas é incrível como o “esquema do Barcelona” nunca morre no Flamengo. Oque nosso treinador não entende, é que o esquema do Barcelona funciona apenas no Barcelona, nem Pepe Guardiola conseguiu implementa-lo no Bayern de Munique, se fosse fácil todos fariam. O fato é que Guerrero não é Suárez, Cirino não é Neymar, Mancuello não é Messi, e Muricy não é Guardiola ou Luís Henrique, o esquema não pode ser imposto ao jogadores, e sim, adotado de acordo com as características dos atletas do time. E se um dia o Flamengo vier à jogar como Barcelona (fato distante), não será pelas mãos do técnico atual, pois uma ideologia moderna não é adquirida por um simples estágio. Muricy foi contratado para ser Muricy, e não um sonhador de proezas inimagináveis.

2- Falta de coragem para mudar

Eu já havia falado sobre esse fato em outra coluna, e na época fui muito criticado, oque é super normal, quando se trata de opiniões. Mas o meu pensamento sobre Muricy não mudou, hoje tenho ainda mais certeza de que ele tem muito medo de barrar alguns jogadores.

É inadmissível termos um zagueiro tão fraco como titular e capitão do time. Não importa se ele cometer falhas em campo ou se conseguir ser pior quando abre a boca, Wallace continua intocável dentro do time. Wallace pode até ser bem quisto no grupo e no clube, mas o Flamengo não é um clube do livro ou um coral de igreja, e sim um clube de futebol, e futebol é algo que esse zagueiro não tem. No fundo, Muricy sabe que Wallace é um zagueiro medíocre, tanto que o treinador pede insistentemente a contratação de um zagueiro, mas não tem coragem de barra-lo. Oque Wallace fez na carreira pra merecer esse temor?

Mas Wallace é só o ápice dessa mediocridade colocada no time titular do Flamengo. Paulo Victor é outro que já deveria está sentadinho assistindo o jogo do banco, mas parece que seus anos de casa contam na sua escalação. Jorge é um ser à ser estudado, é inadmissível um garoto de 19 anos correr tão pouco em campo, deixar tantos buracos na defesa, e não cruzar uma bola sequer da linha de fundo, mas claro, Muricy não enxerga isso.

Mas alguns dirão que Muricy teve coragem para barrar Emerson Sheik, e eu irei rebater dizendo que foi tarde demais. Quantos jogos Sheik andou em campo? Quantos jogos Sheik desfilou sua individualidade e seu egoísmo? Quantos jogos Sheik escancarou nas nossas caras sua decadência física e técnica? Muito tempo, mas o delay do nosso treinador é longo.

3- Elenco pouco explorado e não utilização da base

As vezes fica a impressão de que o elenco do Flamengo só tem 14 ou 15 jogadores, pois são sempre os mesmo que pisam no campo de jogo. Muricy não roda o elenco, não faz seu elenco se sentir útil. São sempre os mesmos no time titular e no banco, e nessa brincadeira quem sofre é a base do clube.

O melhor jogador do Flamengo na Copa São Paulo de juniores, Ronaldo, está atrás de Márcio Araújo e Canteros na preferencia do técnico, oque se torna frustante para o menino. Lucas Paquetá, outro destaque da Copinha, é inclusive convocado para a Seleção Sub-17, mas para o Flamengo ele não tem serventia. Léo Duarte, capitão da base, e reconhecido como melhor zagueiro da Copinha, jogou apenas um jogo no ano. Vizeu só joga com mais frequência pelo fato de Kayke ter sido vendido, caso contrário, ainda estaria formando dupla de ataque com Cafú na base. Nem vou citar nomes como Mattheus Sávio, Thiago Ennes e Trindade, esses nem sonham em ter uma chance com Muricy. O Flamengo não pode se dar o luxo de desprezar um time Campeão da Copa São Paulo de Juniores, em troca de Márcios Araújos, Parás, Wallaces, Gabriels…não pode! Chega à ser contraditório um técnico que chegou com um discurso de unificar a base, não utilizar os garotos da base, nem sequer em jogos mais fáceis.

4- Incoerência

A palavra cansaço se tornou a mais ouvida pelos flamenguista no começo do ano, era cansaço pra lá, era cansaço pra cá, a ponto de ficar chato de ouvir, e Muricy era o porta-voz dessa chatice. Pobres jogadores, viajam de vôos fretados, se instalam em hotéis luxuosos e ainda ganham milhões para isso, coitadinhos.

Mas a incoerência toma conta da Gávea, quando que o mesmo treinador que reclama de cansaço, é o mesmo que pratica muito pouco o rodizio de jogadores e que normalmente não faz as 3 substituições que tem direito. Vai saber oque se passa nessa cabeça desse senhor.

5- Desculpas

– E aí Muricy, porque o time perdeu?

– Ah cara, perdeu porque os jogadores estão cansados das viagens.

– E aí Muricy, e o hoje, porque perdeu?

– Então, o gramado daqui está ruim, a grama está muito alta.

– E aí Muricy, o que deu hoje?

– Pô meu, foi a ansiedade, o time entrou muito ansioso pelo resultado.

– E hoje, qual a desculpa?

– O time tava nervoso, entrou muito pilhado!

Enfim, não estou aqui afirmando que Muricy não terá sucesso no clube, estou na verdade afirmando que se Muricy não mudar, não terá sucesso no clube. A palavra “mudar” faz toda a diferença no contexto, essa palavra que diferenciará um técnico teimoso e demitido, de um humilde e vitorioso.

Rodrigo Ferreira
Somos Loucos e Fanáticos

rodrigo.ferreira@colunadofla.com