Nem uma vitória do Flamengo sobre o Grêmio, neste domingo, às 16h, em Porto Alegre — o que não acontece há 22 anos —, interromperá a profunda crise no futebol. Mas o resultado ajudaria a fazer as mudanças em um clima, no mínimo, pacífico.
Sem a certeza sobre a permanência do técnico Muricy Ramalho, que novamente não comandará o time por se recuperar de uma arritmia cardíaca, a equipe sob a tutela de Jayme de Almeida precisará reagir após ser eliminada da Copa do Brasil.
O time terá de se reencontrar em campo, já que não teve tempo para treinar desde que venceu o Sport na estreia do Brasileiro. Com a queda na quarta-feira diante do Fortaleza pelo torneio nacional, veio a crise, os questionamentos fortes, e o diretor Rodrigo Caetano está praticamente demitido.
— O que está faltando? A gente ainda não identificou, mas buscamos o certo. Futebol não é só parte teórica — destacou Juan, que se transformou em uma espécie de porta-voz do elenco com o afastamento do zagueiro Wallace. O experiente atleta lembrou que o time já sabe o que precisa melhorar, o problema é colocar em prática.
—A transformação da teoria para a prática, às vezes, demora um pouquinho. Em alguns momentos sai melhor em campo, em outros não. Nos momentos em que a gente dá brecha aos adversários tem acontecido a punição, com gols — analisou o veterano de 37 anos.
Para o duelo, o Flamengo conta com o retorno de Guerrero, que não atuou diante do Fortaleza, por causa de dores musculares, mas fica sem Emerson Sheik. O atacante foi liberado em função de problemas de saúde de sua mãe. A tendência é que Alan Patrick seja escalado entre os titulares.
Léo Duarte é a nova aposta de Juan: ‘Potencial’
Do sofrido momento vivido pelo Flamengo, um encontro de gerações promete dar frutos. A carência na zaga e a atitude inconsequente de Wallace fez o veterano Juan ganhar a companhia do jovem Léo Duarte, a nova aposta para o resto da temporada.
O experiente jogador exaltou a qualidade do companheiro, com quem jogou por duas vezes, mas ainda não treinou, e disse que foi como se visse no espelho.
— Tem muito potencial a ser trabalhado, tem estilo parecido com o meu. Eu alguns anos mais novo (risos)… Depende dele trabalhar diariamente para que possa botar todo potencial para fora — aconselhou Juan.
Questionado se o entrosamento é suficiente, Juan lembrou que conversa muito com o jovem zagueiro:
— Atuamos dois jogos e não treinamos. Procuro ajudar conversando. É acelerar as coisas, infelizmente.
Na última vitória, técnico rival jogava
O hoje técnico do Grêmio, Roger, desfilava seu talento na lateral esquerda da equipe tricolor quando o Flamengo venceu os gaúchos pela última vez em Porto Alegre, por 1 a 0. Foi em 1994, com gol do meia Nélio, em partida válida pelo Brasileiro. No banco de reservas dos gaúchos estava Luiz Felipe Scolari. Desde então, do Olímpico para a Arena Grêmio, o Flamengo não vence há 15 partidas.
No estádio inaugurado no fim de 2012, o Grêmio enfrentou o Rubro-negro duas vezes: venceu em 2013, por 2 a 1, com gols de Maxi Rodríguez; e empatou a partida do segundo turno de 2014, quando Luan marcou para os gaúchos e Luiz Antonio para o Flamengo, comandado por Vanderlei Luxemburgo.
O empate, desta vez, não será mau negócio se analisado o desempenho dos times nesta temporada. Mas, neste momento de crise, só a vitória interessa.
— Temos de melhorar, não adianta ficar aqui dizendo que está uma maravilha. Se o time melhorar, a coisa anda. Temos de acreditar no trabalho, acreditar nesses jogadores, na comissão, não tem alternativa — enfatizou o auxiliar técnico Jayme de Almeida, que entra na segunda saia-justa seguida, ao comandar o time na ausência de Muricy Ramalho, ainda se recuperando de uma arritmia.
— Isso sempre foi e sempre vai ser o Flamengo, a pressão diária pelos resultados. Quando está bom é muito bom, e quando não acontece é muito ruim. Ninguém está contente — ressaltou Juan.
Fonte: Extra