Tiro pela culatra

Foi tudo lindo, estádio lotado, mas de 44 mil torcedores com maioria esmagadora do mengão, uma entrada triunfal, ao estilo NFL, os jogadores entram em campo correndo em fila liderados pelo capitão Wallace, que segura a bandeira do time e ao chegar no centro do campo crava a bandeira e saúda a torcida que entra em delírio. Bem, por mais que essa narrativa contada dessa forma dê a ilusão de que tudo deu certo, porém não. A esperança do Flamengo se redimir com a torcida pelos recentes vexames de jogos contra o Vasco se repetiu, perdemos novamente para um time da segunda divisão em um dos campeonatos mais fracos do futebol Brasileiro.

Se isso foi inesperado? Não, em diversas das minhas colunas tenho repetido de forma insistente de que não ganharíamos tudo esse ano, de que os resultados iriam demorar de chegar. Mas nenhum Flamenguista nesse mundo gosta de perder, ainda mais para um Vasco que luta pelo único título na primeira divisão que consegue ganhar, um carioca.

O que poderia ser um recomeço para o Flamengo se transformou em mais um contestado acontecimento, a mídia adora fatos que possam polemizar uma partida, quando o time ganha, até um pênalti errado, uma falta maldosa, um custo alto para trazer um jogador de longe para jogar se releva, não se torna manchete, ou assunto de diversos programas esportivos, porém, quando se perde, qualquer motivo vira assunto para passar dias se comentando, ou até mesmo colocar o “status” de crise no time.

Dessa vez, o assunto em pauta sobre o jogo foi “a entrada do time em campo”, a ideia, era entrar em campo e saudar a torcida que deu show em Manaus desde que o time chegou na cidade, no meio disso ganhou destaque as crianças que não entraram junto com o time no momento, somente após o ato elas se juntaram aos jogadores, esses assuntos ganharam destaques e críticas, o presidente Eduardo Bandeiro afirmou que o ato foi planejado e se repetirá, no Brasil como é chamado, o ritual de entrada com as crianças sempre acontece, porém, bastou 1 mudança no protocolo seguida de uma derrota para o assunto se tornar polêmico, na Liga dos Campeões da Europa dificilmente vemos entrada dos times com crianças, e aquela magistral entrada dos times no campo nunca foram motivo de polêmica, mas como estamos no Brasil qualquer assunto é passível de justificativa para se criar polêmica.

Se você é torcedor, e após do jogo reclamou do ato, segue um conselho de outro torcedor, MIMIMI não ganha jogo, no momento da entrada a torcida no estádio entrou em delírio e aplaudiu o ocorrido, o que justifica então a reclamação após o jogo? Ou culpar jogadores que já se encontram em uma placa de “culpe esse aqui” como o Paulo Vitor, Wallace, Jorge e Guerreiro, como torcedor eu GOSTEI da entrada em campo no último domingo, questiono o time por diversos motivos, mas em nenhum deles culpo atos como entrar ou não com criança ou fazer isso ou aquilo, futebol vive de momento, jogo a jogo, se ganha, tudo está uma beleza, se perde, já vira crise,  exemplo Guerreiro, que ao fazer um gol já tem a sua melhor média de alguma estatística e ao passar 2 jogos sem marcar já é criticado e leva a placa de “estou a 2.. 3 jogos sem marcar”, e ao ver diversos torcedores pedindo a volta de Adriano, ou algum outro nome desses me faz ter certeza de que nem tudo o que a torcida quer ela deve ganhar.

O tiro saiu pela culatra, o que era para ter sido a marca de uma virada, voltou-se contra o próprio time e agora é motivo de críticas, a mídia sempre vai criar polêmicas baseados em fatos insignificantes ou MIMIMIS de alguns comentaristas, e é assim como vejo o ocorrido do último domingo, um MIMIMI da mídia, como torcedores precisamos amadurecer também, assim como o time, saber cobrar coisas que realmente importa, assuntos que realmente tem relevância, por que se não fizermos isso, poderemos crucificar outros “Jesus” e libertar diversos “Barabás”.

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Matheus Gonzaga: matheus.gonzaga@colunadofla.com