“Botafogo ergue sua arena, não abre negociação e deixa o Fla vergonhosamente para trás”

O artigo fala que a reforma custou cinco milhões de reais, que o Botafogo pretende jogar lá 16 partidas e que o “custo” de cada partida seria de R$385 mil.
Ora, se dividirmos os cinco milhões por 16 partidas teremos um custo de instalação proporcional a R$312,5 mil por jogo. Além do custo de instalação (reforma) há o custo de operação que engloba a estrutura e logística para os jogos (bilheteria, segurança, limpeza, bares, luz – holofotes consomem muita energia, água – banheiros, enfim, tudo que é necessário para o jogo, seja para o time, seja para a torcida). Além disto ainda temos o custo de manutenção que tem a ver com lâmpadas queimadas, torneiras quebradas, corte, rega e adubação do gramado, água e luz, enfim, coisas do dia-a-dia que independem de haver jogos).Subtraindo 312,5 (custo de instalação proporcional a 16 jogos) de 385 (valor citado no artigo como “custo de partida”) temos R$72,5 mil. Será que este valor paga o custo de manutenção e o custo de operação da “arena”? Obviamente não. Assim, por obviamente, o Botafogo precisará de faturamento superior aos tais R$385 mil para tentar zerar as despesas já feitas e as que virão. Considerando um tíquete médio de R$50 seria necessário um público médio de 7.700 pagantes (pagantes mesmo, não presentes) para zerar esta conta. Isto para um time que já jogou para 800 expectadores e tem média inferior a dois mil.
Consideremos ainda que é notória a situação financeira do Botafogo. Onde conseguiria levantar os tais cinco milhões? Bancos não emprestam para inadimplentes, as verbas de TV já voaram. Só sobram os “amigos”, no caso, a FERJ.
Outro aspecto é o orçamento. Estes cinco milhões estavam previstos? Bem, penso que não haveria tanta incerteza sobre a obra se fosse algo planejado. Logo, não devia estar no orçamento. Logo, será mais um problema empurrado pra resolver depois, tudo no jeitinho, como sempre.
Bem, rubro-negros, cada um sabe de si e o Botafogo fez sua opção. Algo que, provavelmente, trará mais prejuízos ao clube na promessa de elevar os resultados de um time muito fraco. Difícil.
Mas o Botafogo sabe o que faz. E por pensar assim, com o estômago, o time está insolvente, “gangorreando” entre a primeira e a segunda divisão, se apequenando e perdendo, cada vez mais, relevância no cenário atual do nosso futebol.
Mas, e o Flamengo? Faturou dois milhões limpinhos contra o Palmeiras, em Brasília. Faturou 1,5 milhão contra o São Paulo, também em Brasília. É dinheiro para pagar salários (em dia há alguns anos – novos tempos), para contratar, para investir no CT, para permitir sonhar (e planejar) um estádio, mas irracionalmente muitos torcedores hostilizam Brasília e a diretoria por não jogar no Rio. Mesmo sabendo que não há estádios decentes no Rio há muitas críticas. Sem perceber que os tais cinco milhões por 16 jogos pagos pelo Botafogo serão muito úteis à Portuguesa da Ilha quando o Engenhão for liberado e não ao Botafogo, que alugou e investiu na casa alheia, mesmo assim parte ruidosa da torcida xinga. Sem considerar que o Flamengo é mais que um clube, é uma religião, o único clube do mundo com, curiosamente, mais torcedores fora de seu estado que dentro. Somos a maior torcida do mundo e, não fossem as limitações de ingressos a visitantes, dividiriamos estádios em qualquer cidade do Brasil (quando não fossemos maioria, óbvio). Mesmo assim há reclamações.
Caríssimos rubro-negros, devemos pensar com o estômago, como os dirigentes de antes ou como alguns rivais?
É tão óbvio que não há necessidade de explicitar que o Mengão é do Rio e sua casa é o Maraca mas na atual situação é perfeitamente compreensível que o time jogue fora. É a exceção!
Sabem por que o Flamengo não reformou o estádio da Portuguesa ou qualquer outro? Porque não há verba e esta diretoria não dá jeitinhos. Ou há orçamento ou não tem jeito. Ah, certamente vão dizer “são burros, por que não pensaram nisto antes?”. Bem, aí tem algumas situações: primeiro porque o Maracanã só seria entregue ao Comitê Olímpico em maio, ou seja, jogariamos em casa quase o primeiro semestre inteiro. Segundo que o projeto de reforma de um estádio menor no Rio seria custeado por parceiros privados mas a crise do país piorou muito e afastou os investidores. Terceiro, como o cronograma de captação de investimentos previa o Flamengo jogando no Maraca até maio mas não pudemos jogar lá um plano B foi necessário de imediato (Brasília e Volta Redonda) e como houve viabilidade, foi mantido.
Pensem bem antes de criticar. Aliás, pensem bem antes de aceitar cegamente o que a imprensa diz. A maioria só quer audiência. Especulam tudo, contratações então! Quantos zagueiros colocaram no Mengão sem alguém do clube ter oficializado o interesse? Depois criticam uma não contratação como se o clube tivesse dado certeza de contrato feito. Sondar faz parte, negociar também. Elogiar o clube pela administração e, simultaneamente, criticá-lo por não contratar “de baciada” é realmente contraditório.
Vamos cobrar sim, e muito, seriedade dos dirigentes e comprometimento dos atletas. Assim, sem dúvida seremos campeões.
Cobrar reforma de estádio pra deixar legado pra outro clube e prejuízo financeiro ao Flamengo só para o time poder jogar no Rio, sabendo que o Maracanã tá fechado, aí é foda!
Desculpem pelo texto longo mas comecei a escrever e fui indo, indo… já viu, né!
Saudações Rubro-Negras!