O Palmeiras segue na liderança, tem campanha sólida, está invicto há nove rodadas e é o favorito ao título pela tabela, em tese, mais tranquila nas próximas doze rodadas.
Mas o campo diz que é o Flamengo o dono do melhor futebol coletivo do campeonato brasileiro. Com a chegada de Damião e Diego, mais o amadurecimento do trabalho do técnico novato Zé Ricardo, o time rubro-negro ganhou volume de jogo, tabelas, triangulações.
Também confiança para adiantar a marcação, sufocar o adversário e alternar o jogo pelo meio e nos flancos, circulando a bola com mais inteligência. Com isso, jogadores contestados como Pará, Gabriel e Rafael Vaz cresceram de produção. Cuéllar substituiu Márcio Araújo e, sem maiores atribuições defensivas, colaborou na troca de passes.
No Pacaembu, diante de um Figueirense esfacelado e sem Rafael Moura, quase sempre um tormento para a retaguarda rubro-negra, o domínio foi absoluto e os 2 a 0, com gols de Arão e Diego, só não se transformaram em goleada pelos incríveis gols perdidos por Damião, Rever e Filipe Vizeu, que entrou no lugar do centroavante que ainda perdeu um pênalti mais que discutível de Ayrton no primeiro tempo.
Na segunda etapa, Diego foi mal na sua cobrança – falta clara na área, cometida sobre Vizeu – e Gatito permitiu que a bola passasse por baixo do seu corpo. Para dar tranquilidade à equipe que sempre teve mais de 60% de posse de bola e finalizou muito mais – 23 contra quatro. Acertou 498 passes, errou apenas 34.
Mais que isso, protagonizou algumas belas jogadas coletivas. Como a que abriu o 4-1-4-1 do time catarinense que iniciava a marcação sobre os volantes e deixavam os zagueiros livres. Rafael Vaz aproveitou para avançar e encaixar belo passe longo para a infiltração de Willian Arão, de novo o melhor do time.
O Pacaembu lotado e escaldante viu um Flamengo seguro do que fazer em campo, com setores bem coordenados e jogadas trabalhadas. Segue a um ponto do topo da tabela, que talvez nunca chegue pelos confrontos mais complicados e por dividir atenção com a Copa Sul-Americana – sem estádio, vai viajar ainda mais.
Mas a análise não pode se restringir à tabela e aos placares. No campo, o Flamengo é a equipe que melhor combina eficiência e momentos de futebol bonito no retrato atual do campeonato.
Fonte: André Rocha