Ex-vice do Flamengo diz que clube se acostumou a perder e ataca gestão

Mais que oportuna esta discussão.
Particularmente, creio que técnico nenhum ganha jogo – competência exclusiva dos atletas em campo, diga-se de passagem – mas pode dar importante contribuição para um resultado positivo ou até ser decisivo para uma derrota fragorosa, dependendo da esquipe que escale ou das alterações que promova durante o jogo.
O atual técnico do Flamengo não reúne as mínimas condições para manter-se no cargo, na minha opinião, pelos motivos seguintes:
1) argumentam a seu favor uma conquista da Copa São Paulo de Futebol Júnior (sub-20) e a terceira colocação no último campeonato brasileiro (série A), embora eu possa afirmar, por haver assistido todos os jogos televisionados das equipes do Flamengo nas referidas competições, que: a conquista da Copinha foi mérito único dos atletas, com destaque para Cafu, Lucas Paquetá e Felipe Vizeu, que, em momentos decisivos, nem sempre, ou quase nunca, prenderam-se à orientação técnica recebida do treinador, sempre no sentido de atuar defensivamente, e dispenderam majoritariamente seus esforços – e, obviamente, a maior parte de suas respectivas energias – em ações ofensivas, marcando gols importantes para a obtenção do êxito final naquele certame; no caso da equipe principal do Flamengo, a perda do vice-campeonato e, quiçá, do próprio campeonato, no último Brasileirão, resultou fundamentalmente da insistência do nosso técnico em tentar adaptar os nossos jogadores ao esquema tático de sua preferência – mesmo que para isso tenha priorizado a utilização de jogadores com características mais adaptáveis ao modelo tático por si idealizado, em detrimento de outros melhor dotados tecnicamente, mas menos adaptáveis, cuja progressiva desmotivação tornou-se evidente, pela falta de mais adequado aproveitamento, o que, na minha opinião, explica parcialmente a queda de rendimento da equipe na fase final da competição;
2) o esquema tático concebido pelo atual técnico, e ao qual parece estar escravizado, poderia ser resumido como sendo um 4-3-3, quando com a posse de bola, evoluindo para um 4-5-1, quando a posse de bola estiver com o adversário; este segundo desenho tático ocorreria com o recuo dos dois atacantes de lado, para a recomposição da linha intermediária de marcação, permanecendo à frente apenas o centroavante, a quem também caberia o combate aos zagueiros de área do adversário quando estes estejam de posse da bola; este conceito tático, eminentemente defensivo, talvez se ampare teoricamente na anterior e relativamente longa experiência do treinador como jogador e técnico de times de futsal, onde as substituições de atletas durante as partidas, pelas atuais regras, são ilimitadas, permitindo que um jogador possa dar o máximo de si, fisicamente, enquanto estiver em quadra, pois lhe poderá ser facultado o necessário descanso, por substituição, para a recomposição de suas energias e posterior aproveitamento na mesma partida; no futebol, isso não é possível, o que, a nosso ver, só permite que o modelo tático idealizado por nosso técnico funcione por, no máximo, de 10 a 15 minutos, se muito, no primeiro tempo de um jogo e por menos tempo ainda durante a segunda etapa da partida, o que, na minha opinião, determina e justifica o baixo rendimento dos nossos atacantes, nestes incluídos Marcelo Cirino e Guerrero – a meu ver injustamente criticados, com a decorrente ausência de gols, os quais, salvo melhor juízo, são o que definem o resultado de uma partida de futebol, bem como, em última instância, o resultado de um campeonato;
3) não somente no futebol brasileiro, mas especialmente no futebol profissional brasileiro, outra virtude indispensável aos técnicos que historicamente foram ou continuam sendo considerados bem-sucedidos em sua atuação profissional diz respeito ao que costuma ser chamado de “domínio do vestiário”, ou seja, a capacidade de influenciar psicologicamente os seus comandados, uni-los e motivá-los à busca das vitórias e conquistas; tal virtude, todavia, além de certo grau de carisma pessoal e capacidade de persuasão, exige também, a conferir-lhe indispensável credibilidade, que o treinador possua uma vivência anterior como praticante do esporte, mesmo que não tenha sido dos mais destacados, pois a maioria dos jogadores profissionais brasileiros só atribuem crédito às orientações recebidas de quem já fez, ou pelo menos tentou fazer bem, o que lhe está determinando fazer; a despeito de outras numerosas virtudes que possa possuir um treinador, se esta lhe faltar estará fadado ao insucesso no atual futebol profissional brasileiro e nos parece que, infelizmente, este é o caso do nosso técnico;
4) por fim, é necessário ao sucesso de qualquer competidor ser imbuído de um espírito vencedor; evidentemente, as vitórias deverão ser buscadas de forma leal e ética, com o devido respeito ao mérito dos nossos oponentes e sempre considerando que os eventuais empates e derrotas são os demais resultados possíveis em qualquer competição; todavia, a aceitação de resultados negativos sem luta é simplesmente inadmissível, ainda mais em se tratando do Flamengo; quando o técnico, considerado o comandante da equipe, não possui um espírito vencedor capaz de galvanizar a vontade e as forças de seus comandados, só por acaso a vitória pode acontecer; e, convenhamos, o nosso Zé Ricardo já deu soberbas demonstrações de que não é este líder do qual precisamos para retomar o destino e a gloriosa história de um clube cujo lema se inscreve no refrão de seu hino: vencer, vencer, vencer!
A continuarmos com o atual técnico, nem contratando o trio MSN do Barcelona haveremos de ganhar alguma coisa em 2017.
A hora é agora!
SRN!

Ótima lembrança, Evandro!
O Jorginho está disponível, realizou, recentemente, um ótimo trabalho no Vasco, com ênfase na questão motivacional, mas também elogiável sob o aspecto tático, e tem uma história incompleta com o Flamengo, se considerarmos que a sua passagem anterior pelo clube, na condição de técnico da equipe, foi precocemente interrompida por decisão questionável sobre a sua competência profissional, em face do pouco tempo que teve para desenvolver seu trabalho, num momento de tumultuada crise no futebol do Flamengo. Além disso, foi jogador com vitoriosa trajetória no rubro-negro e conhece bem as peculiaridades e pressões que envolvem o departamento de futebol do clube. Possui excelente formação moral, ótimo cabedal de conhecimentos, histórico de atleta exemplar e já reúne a necessária experiência para o pleno exercício da função. Tem condições, na minha modesta opinião, de liderar positivamente o elenco flamenguista e conduzi-lo a memoráveis conquistas.
Eu havia pensado no Carpegiani, outro nome interessante para uma eventual – e necessária, a meu ver – troca do comando técnico, mas reconheço que, no momento, a sua sugestão acertou em cheio na mosca. Valeu!
SRN!