A Primeira Liga precisa de mais

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Talvez pareça estranho para quem me viu no papo de boteco falando sobre a organização da primeira liga esse ano, ler aqui nestas linhas o que eu penso, mas já havia falado em programa anterior que a Liga estaria à frente do Carioca.

Pessoalmente eu não tenho nada contra o Carioca. Já me diverti muito torcendo para o time contra os pequenos do Rio, que estão se tornando cada vez menores, e vibrei com alguns títulos no passado.

Acontece que com a chegada do Brasileiro, os inúmeros erros de arbitragem, as muitas intromissões de STJD, os campos ridículos em que jogamos, entre muitos outros “poréns”, cada vez mais nos fazem sonhar: “E se os clubes organizassem a sua própria competição”? É assim na Inglaterra, era para ser assim a Primeira Liga. Problema: Organizar uma liga não é fácil.

Me lembro quando começou essa ideia e a CBF disse que os clubes teriam que tomar conta de tudo. Justiça, arbitragem etc. Esta já era uma ameaça forte. Não foi como aconteceu. Os árbitros são os conhecidos e, enquanto não aparecem situações de STJD para ser resolvidas, a parte de justiça desportiva está salva. O “caso Fred” foi o único e houve um meio acordo para o assunto, que já foi enterrado. Agora parece que as audiências deverão acontecer no STJD mesmo, como os casos entre Cruzeiro e Brasil de Pelotas.

Infelizmente, como uma competição mais próxima de independente, a Liga incomoda. Ela não tem a força que precisava. Com a saída de CAP e Coritiba, então, seu poder se torna incompatível com suas aspirações. Metade dos clubes grandes estão na competição. Ainda assim, o técnico de um sai do jogo falando que a competição não tem sentido, embora reclame de gol anulado; O time de outro leva todo o elenco reserva, até ao treinador; Uma federação aliada marca jogos dos seus filiados para horas antes de partidas pela Liga… Uma avacalhação total.

O maior vilão será sempre o calendário. Como a Liga é uma competição embrionária e possível rival do brasileiro, a CBF, que não é boba, não dará tanta ajuda para que se realize. Assim, faço um Mea culpa, pois no Papo de Boteco falei que a direção/organização da Liga vacilou no calendário do campeonato. Se você ainda não viu, o programa está demais e o colocarei aí em baixo.

Temos um calendário ridiculamente inchado. Não que os clubes já não soubessem, mas nesse início, onde ainda se estão angariando o ingresso de outros clubes, não dá para bater de frente tão logo. Concessões terão de ser feitas. Uma delas poderia ser adiar uma rodada do campeonato para não bater com os jogos da federação aliada, embora fosse causar transtorno no futuro. Não dá para garantir quem errou.

Fato é, que não pode acontecer. Se as federações são aliadas, é preciso diálogo. Hoje precisa sentar e conversar: “O que se pode fazer para que não aconteça mais estas situações”? “Como podemos deixar o campeonato ainda mais atrativo”? Imagino que alguma hora, alguém terá que bater na mesa e dizer: “Vamos romper com o Brasileiro”, mas enquanto não se conseguir apoio dos paulistas e se brigar porque o outro tem mais audiência que “o um”, não chegaremos em lugar algum.

O Assunto é longo e não dá para discutir neste texto, mas as cotas de TV são o grande entrave do futebol brasileiro. Quem rachou o clube dos 13 não fomos nós. Não fomos os primeiros que negociaram com a TV os direitos de transmissão. E mesmo assim, cedemos bastante na Liga. Enquanto não pararmos de chorar (e aqui o “nós” significa clubes brasileiros) pelo que é do outro, não avançaremos.

A Liga é, sim, um embrião potente, mas estamos pensando em abortá-la porque queríamos mais partes do bebê. Só que o bebê só sobrevive inteiro.

Anderson Alves, O otimista.

 

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Veja também

  • O problema da Primeira Liga é que ela continua sendo uma cópia mal feita do Campeonato Brasileiro. Para ser atrativa, a Liga deveria contar apenas com clubes grandes ou com representatividade regional. Logo, apenas Flamengo, Fluminense, Atl MG, Cruzeiro, Grêmio, Inter, Coritiba, Atl PR e Ceará deveriam ser mantidos. Além destes, poderiam convidar Bahia, Sport e Vitória, no Nordeste, e Paysandu, Nacional, Goiás e Brasília. Assim, existiriam 4 grupos com 4 clubes representando cada região do país. Flamengo, Fluminense, Atl MG e Cruzeiro, no Sudeste; Inter, Grêmio, Coritiba e Atl PR, no Sul; Ceará, Bahia, Sport e Vitória, no Nordeste; e Paysandu, Nacional, Goiás e Brasília, no Norte/Centro Oeste. Distâncias mais curtas, rivalidades regionais, competição com, no máximo, 5 jogos, e mata-mata na fase final.

  • A Primeira Liga precisa continuar, ter novos associados, além de continuar sendo sempre esta pedra no sapato da CBF e se ela vacilar, é hora de tomar conta do cenário nacional.
    Copa João Havelange, 2000
    Copa União, 1987
    São belos exemplos de oportunidade para uma liga ter tomado o lugar da CBF na organização dos campeonatos. Quem sabe não pintam outras…
    SRN

    • O problema é a desunião. Briguinhas bobas no Rio, desinteresse de SP, inveja de outros. Precisamos ser maioria é por hora somos metade.

      • Verdade, o presidente do botafogo e do vasco odeam o Flamengo, o do palmeiras é outro, não se é por não andar nas páginas de outros clubes, mas eu não vejo o EBM ir a imprensa falar abobrinha, quando vai é para defender o Flamengo, não me lembro de o ver bombardeando time ou outro representante sem ter sido cutucado! Se houve eu não me recordo.

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