Mattos: “Brasileiro é a única liga de elite do futebol sem patrocinador principal”

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O Brasileiro tornou-se a única liga de elite no futebol mundial sem um patrocinador principal. Isso ocorreu após a CBF e a Chevrolet não assinarem a renovação do contrato de naming rights do Brasileiro para 2017, como revelou o blog do Ohata. A explicação é modelo de gestão da competição diferente do restante do mundo.

A confederação é responsável pela promoção e contratos de marketing da competição como o de naming rights. Enquanto isso, a Globo, detentora dos direitos de TV, vende placas de publicidade em volta do campo, após comprar esses direitos dos clubes. Essa comercialização também capenga em 2017 como revelam os nomes de produtos da emissora nas placas, o que ocorre quando não vendem.

Em comparação, o blog pesquisou e constatou que Premier League (Inglaterra), Bundesliga (Alemanha), La Liga (Espanha), Série A (Itália), Ligue 1 (França), Primeira Liga (Portugal) e MLS (EUA) contam com patrocinadoras principais. Ou são empresas que dão nome à competição – como Barclays e Tim – ou parceiros principais como a Hermes, na Alemanha.

Há ainda patrocinadores secundários: são 15 na Espanha, e 20 nos EUA. Competições continentais como Liga dos Campeões e Libertadores também têm patrocinadores, seja no nome ou em modelo similar.

A CBF não tem sequer um site especial para promover o Brasileiro. O que aparece na página da tabela do Nacional são os patrocinadores da própria confederação, como era o caso da Chevrolet. Em seu balanço, a entidade informou que 96% de seus patrocínios em 2016 é da seleção. Ou seja, foi arrecadado R$ 16 milhões de sobra com o restante que inclui o campeonato.

Outro empecilho grave para o naming rights do Brasileiro é que, ao contrário de todas as outras ligas, a Globo não fala o nome da competição. É política da empresa não mencionar nenhuma empresa que não seja sua anunciante, ou com quem tenha acordo comercial. Isso afeta bastante o valor desses direitos. Em outros lugares, o contrato de direitos de televisão envolve falar o nome dos campeonatos.

”Sim, afeta (não falar o nome da empresa), mas não é só esse o ponto. É mais amplo: tem toda uma ativação do patrocínio que tem que ser feita pelo organizador do campeonato”, contou o consultor Pedro Daniel, da BDO. ”Na Premier League, já estão mais avançados e devem até abrir mão do naming rights para dar forma a marca da liga.”

Antes, a Petrobras já tinha dado o nome ao Brasileiro. Mas a empresa estatal, cujos ex-executivos se envolveram em um escândalo de corrupção, decidiu se desvincular de negócios com a CBF justamente por conta das acusações enfrentadas pelos dirigentes da entidade. Lembre-se que os diretores investigados da Petrobras estão fora, e o suspeito Marco Polo Del Nero continua na confederação.

A importância do aumento de patrocínios é que, no final das contas, esse dinheiro poderia ser revertido para os clubes participantes do campeonato. Em outros países, há uma liga para organizar e comercializar as competições, enquanto o Brasileiro depende da iniciativa da CBF (naming rights) e da Globo (placas). Procurada, a CBF informou que não responderia questões sobre o tema, limitando-se a nota que comunicou a rescisão com a Chevrolet.

Fonte: Rodrigo Mattos | Uol

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  • A Globo tem pensamento de curto prazo. Não quer deixar o futebol brasileiro crescer. É um egoísmo sem tamanho. Que no final faz ela perder, porque com o campeonato crescendo e tendo jogadores top de linha aqui, ela ganharia muito mais.

  • “A explicação é modelo de gestão da competição diferente do restante do mundo.” — Nossa, e como é “diferente”! &;-D

  • CBF é uma PIADA. como pode isso? cade o mínimo de organização. ?

    Era pra ter patrocinadores aos montes, e por exemplo, quando um patrocínio acabar em 2017 era pra no máximo em 2015 já ter outro negociado. Piada.!

  • Temos Estádios que tem naming rights cedidos: Allianz Parque (Palmeiras), Arena Itaipava Fonte Nova, OAS Arena (Grêmio)… Mas muitos torcedores nem sabem, pq a Globo não fala. Pior: descaracteriza os nomes dos anunciantes… Enquanto eles não mudarem essa política, não valerá a pena investir em naming rights no Brasil…
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