Febre na Copa e Olimpíada, copos viram negócio para clubes brasileiros e atraem colecionadores

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Eles foram surgindo aos poucos na Copa das Confederações de 2013, viraram uma febre na Copa do Mundo um ano depois e já chegaram à Olimpíada do Rio, em 2016, como objeto de colecionador. Não dá para negar que os copos personalizados dos megaeventos realizados no Brasil conquistaram os torcedores. Agora, quem aproveita esse legado são os clubes brasileiros, que criaram um novo negócio com os – desejados – objetos plásticos.

Na Copa das Confederações, Mundial de 2014 e Jogos Olímpicos do Rio, Coca-Cola e Ambev foram as responsáveis pelas bebidas durante as disputas e lançaram os copos, o que serviu de inspiração para outras empresas.

Foi durante a Copa do Mundo que Marcelo Pedace teve a ideia dos copos personalizados para os times brasileiros. Assim, a empresa dele, a M&L Sport Innovation, firmou parceria com Atlético-PR, Bahia, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo e Grêmio, entre outros, para fornecer os copos de cada jogo – o mesmo esquema também aconteceu, recentemente, em dois jogos da seleção brasileira pelas eliminatórias, contra Argentina e Paraguai, realizados no Mineirão e Arena Corinthians, respectivamente.

De acordo com a companhia, foram comercializados cerca de 500 mil copos em aproximadamente 150 jogos, média de 3,3 mil copos por duelo, desde a primeira partida em que operou – Atlético-MG x Mélgar, em 14/4/2016, pela Copa Libertadores. O preço sugerido é de R$ 10 para cada copo.

“Eu via uma carência muito grande de produtos dos clubes dentro do estádio. Na Copa, vi esse deslumbramento do copo, porque, hoje, nem o ingresso você guarda mais, você não tem uma lembrança de nada da partida. Então, o copo pode ser levado para casa e é uma história do jogo”, disse Marcelo ao ESPN.com.br.

Objeto de colecionador

Parte da coleção de Marcel Zein, que tem cerca de 100 coposEssa “lembrança da partida” é o que faz alguns torcedores colecionarem esses objetos, como é o caso de Marcel Zein. O bancário foi em sete partidas da Copa de 2014 e hoje tem 72 copos do Mundial, que ele conseguiu nos estádios, através de amigos e trocas com outros colecionadores. Somam-se à coleção mais de 20 copos do Palmeiras, alguns da Olimpíada do Rio, outros da seleção, e o montante beira as 100 unidades.

“Eu tinha uma lista com os copos da Copa e estava tentando completar, mas, quando vi que as pessoas estavam cobrando até R$ 80 por um copo, desisti de tentar completar a coleção. Até agosto de 2014, eu trocava, mas, depois, desisti, porque eu não ia pagar esse valor em um copo”, explicou.

O palmeirense garante que não perdeu nenhuma edição comercializada nos jogos da equipe alviverde em 2017. Entre eles, um que chama a atenção é a reprodução da famosa calça vinho do técnico Cuca. Marcel guarda a coleção dentro de uma caixa e garante que não ocupa muito espaço. Ele não descarta colocar todos expostos em uma estante e nem pensa em fazer negócio com eles.

“Nunca cheguei a divulgar, mas não venderia por nada. Isso não tem valor, é algo que me marcou. Futebol tem um significado diferente para mim. Não existe um valor financeiro que me fizesse vendê-los.”

Atrativo e lucrativo

Uma estratégia adotada pelos clubes para atrair a atenção dos torcedores é estampar desenhos especiais nos copos, como foi o caso da calça de Cuca no Palmeiras. Já no Corinthians, a solução foi criar a coleção “O Campeão dos Campeões”, que homenageia os escudos do clube e trará os oito distintivos da história da equipe alvinegra. A cada dois jogos é lançado um modelo diferente, e o último sairá em 15 de novembro, todos elaborados pela empresa Meu Copo Eco, que trabalha com unidades sustentáveis (saiba mais abaixo).

De acordo com a Arena Corinthians, cerca de 70 mil copos foram comercializados desde o lançamento, o que gerou uma receita aproximada de R$ 200 mil. “A gente queria difundir a cultura do Corinthians, que tem passado e tradição. Investir na história do símbolo foi uma maneira de passar o ‘corintianismo’ de uma forma positiva”, afirmou Cesar Sbrighi, diretor de marketing do estádio.

Outro clube que aderiu aos copos é o Atlético-PR. Segundo Mauro Holzmann, diretor de marketing do time rubro-negro, a média é de 2 mil copos vendidos por partida. Assim como o Corinthians, a equipe também planeja lançar edições especiais no futuro, mas faz mistério.

“É até engraçado falar, porque o pessoal fica procurando no chão no fim do jogo. Quando é uma partida especial, tem decisão ou é jogo de Libertadores, a gente muda alguma coisa no design, mas existe um layout base para todos os jogos. Estamos pensando em lançar edições especiais com algumas situações nossas e também para fazer homenagens, mas não tem nada certo ainda”, disse.

Sustentável

Além de peça de coleção, os copos podem deixar os estádios mais sustentáveis e diminuir o uso de descartáveis. Pelo menos esse é o foco da Meu Copo Eco, que também atua dentro das arenas em parcerias com clubes como Avaí, Fluminense, Goiás, Inter e Vitória, entre outros.

Durante o jogo, o torcedor compra o copo por um valor e, depois da partida, decide se fica com o produto ou se faz a devolução e recebe o dinheiro de volta. Esta ação diminui a quantidade de lixo no local.

O Botafogo foi o primeiro cliente da empresa, em 2016, e agora existe um projeto para deixar o estádio Nilson Santos sem nenhum descartável até o fim do ano durante as partidas do time alvinegro.

De acordo com Larissa Kroeff, sócio-fundadora da empresa, 30% dos copos descartáveis estão sendo evitados com o uso dos reutilizáveis pelos torcedores da equipe carioca – cada unidade custa R$ 7. A companhia faz a logística do produto dentro do estádio, e o clube recebe um valor de comissão em cima das vendas.

“Já foram produzidos mais de 70 mil copos reutilizáveis nos jogos do Botafogo, mas prefiro reforçar o impacto positivo que a ação causa, com a redução de quase 1 milhão de copos descartáveis no meio ambiente”, ressaltou Larissa.

Fonte: ESPN

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