Rica Perrone: “Onde perde-se o Flamengo”

Compartilhe com os amigos

O rubro-negro está “puto” e eu não concordo com ele. Me recuso a achar um ano ruim ter sido vice da Copa do Brasil nos pênaltis, estar nas quartas da Sulamericana, no G6 do Brasileirão e ter sido campeão carioca.

Não faz qualquer sentido isso ser um “ano ruim”. Talvez faça para uma molecada que está espelhando suas expectativas num cenário europeu, onde Bayern, PSG e outras potências ganham seus campeonatos com o pé nas costas e quem tem mais dinheiro é campeão, ponto final.

Aqui, ainda bem, não funciona assim.

Mas o rubro-negro talvez não esteja tão incomodado com os resultados e apenas justificando neles a sua antipatia pelo momento do clube. Talvez seja um reflexo da falta de DNA.

Quando você pergunta a um torcedor o que é o clube dele, ele não sabe dizer. Os clubes no Brasil por não terem donos trocam suas filosofias a cada 3 anos e não formam um caráter definitivo. Resta-nos o que se formou através da história, talvez nem de propósito.

A diretoria do Flamengo atual é competente, empresarial, séria, mas adaptou o Flamengo a ela e não o contrário.

O clube que brilhava e afundava virou um clube regular. E chame o Flamengo de qualquer coisa, menos de regular, sonso, comum. É como atirar na sua alma. Um Flamengo que passa sem ser notado. Um voo sem turbulencias. Um time que carrega paixão em seu DNA não pode ser frio. E o Flamengo se tornou.

O time é bom. Bom e bobo. Diretoria é boa. Boa e ponderada. A torcida vai. Mas vai quem pode. O time não entra em crises, mas também não brilha. Não falta salário, mas também não se justificam.

O título virá. Podem ter certeza que com essa filosofia o título de pontos corridos é fato em menos de 3 anos. Times regulares de bons elencos que jogam todos os jogos igualmente vencem pontos corridos.

Mas o Flamengo é esse time?

Topa-se transformar um Romário em Kaká pelo simples fato de dar menos trabalho?


Veja mais:


Será que o flamenguista amaria o Kaká como amou o Romário?

abs,

RicaPerrone

Fonte: Blog do Rica Perrone

Compartilhe com os amigos

Veja também

  • Respondendo à pergunta do nobre articulista, amaríamos sim o Kaká, garoto bom de bola, bem educado e bem formado, assim como Zico, Júnior, Leandro, Adílio, que tbm o eram, apesar de alguns virem de camadas sociais bem mais humildes. Romário era amado, sim, mas seu DNA era vascaíno, ninguém é perfeito.
    O problema é que o jogador de futebol é sobrevalorizado, hj em dia. Se antes fosse assim, o Botafogo venderia o Garrincha para algum gigante europeu e nunca precisaria se desfazer da sede de General Severiano por causa de dívidas. O Santos teria vendido o Pelé para o PSG, e não viveria nessa pindaíba que vive, mesmo tendo formado Robinho, Diego, Ganso e Neymar, e vendido todos eles. Jogador de futebol vai cada dia mais cedo pro exterior, não dá tempo de adquirir a “carcaça” do clube que o formou, de vestir o “manto”. Vai por dinheiro, e se acostuma com o dinheiro. Quando volta, já não tem pátria. A única que ele conhece é a cor do dinheiro.
    Vinícius Jr., aos 16 anos, foi vendido por um caminhão de dinheiro para um gigante espanhol. Ele, a família e o Flamengo estão contando o dinheiro até agora. Num ambiente assim, tão monetarizado e tão pragmático, fica difícil criar “paixão” por alguma coisa que não seja o gordo salário em dia. Vão lá, jogam a sua bolinha, ganham uns joguinhos e perdem outros, vivem de discursos ensaiados, mas o DNA original já se perdeu faz tempo. A não ser algumas honrosas exceções, como um Juan do Flamengo, que tem pedigree rubronegro, assim como aqueles que já citei e mais outros que jogaram aqui, como os gringos Doval, Reyes e Petkovic, assim como os antigos Dominguez, Augustín Valido e Modesto Bria, Carlinhos “Violino”, Liminha, Ronaldo Angelim, Adriano, Bebeto, Nunes, Lico, Tita, Rondinelli, Cantarele, Raul Plassmann, e muitos outros, formados na casa ou não, o grosso é isso que aí está. Jogadores que não têm mais berço, e que só pensam em si mesmos. Se fosse diferente, a simples presença de Pelé na diretoria do Santos, ou de Zico na do Flamengo, ou a de Maradona na do Boca Juniors, seria suficiente para fazer nascer em seus jogadores uma ponta vital de DNA doméstico. Mas, como se sabe, não é assim…e nunca mais será. Pra se ter uma idéia, o superbadalado Corinthians, campeão brasileiro de 2015, viu seus jogadores que, até o último jogo, beijavam o escudo do clube e faziam juras de amor ao clube e à torcida, debandarem à uma na primeira oportunidade que tiveram de ganhar mais dinheiro. Nem o treinador ficou lá muito tempo. Esse é o futebol de hj. Só se engana quem quiser ser enganado.

  • Sou torcedor-raiz e não concordo com absolutamente nada do que esse “carta marcada’ escreveu. Além de tudo, posa de superior (??? só se for naquela arte não apreciada aqui e bastante apreciada por muitos bambis como ele!) e vem cagando goma de psicólogo, analista ou coisa parecida. Aqui ainda tem muita gente como eu que lê as entrelinhas e você não vai se criar com esse discurso racista e elitista de merda, otário!

  • Texto muito bom !
    Gostei soube se expressar faltou somente dizer que estamos “puto” por que os anos nos deixaram assim as marcas das gestões anteriores que faziam a gente passar vergonha e raiva,nao queremos mais esperar pq ja esperamos muito tempo !
    Creio que esta chegando a hora de mandarmos no brasil de novo …
    Vamos mengo

  • Esse comentarista deve fazer parte da oposição, fora cara.

    • Xii. Bandeirete detectada

    • Não cara, o Rica não tem partido, talvez seja o jornalista mais imparcial do Brasil hoje. Tanto é que opta por ser jornalista independente mesmo tendo mercado para ele. Acredito que tenha entendido errado o texto. Ele não tá acusando ou deixando de acusar ninguém. Ele apenas tentou procurar alguma explicação, porque um clube com tudo em dia e com boa administração não consegue transformar isso em resultados. E concordo com ele que o título tá amadurecendo. Só lembrar das nossas campanhas alguns anos atrás, sempre brigando para não cair ou no meio da tabela, dependendo de arrancadas improváveis para conquistar algo. O Flamengo está em péssima fase em consideração com o time que tem, mas mesmo em má fase ganhou carioca, final de copa do brasil, brigando na sula, em sexto no brasileiro, temos que tomar isso como sendo o nosso limite de baixo, é daí para cima, não importando quem estiver na diretoria. Em relação a diretoria atual, acredito que o trabalho na parte econômica foi bem feito, quem entrar na próxima gestão vai pegar um clube com finanças equilibradas e não vai ter desculpas para não fazer um Flamengo forte, não importa quem vença a eleição ano que vem, mas o trabalho tem que ser continuado e melhorado.

    • Excelente texto. Para os que não o conhecem, Rica Perone, apesar de ser paulista e São Paulino fanático é um dos maiores admiradores do Flamengo. Suas colunas são, em sua imensa maioria, elogiando o clube e a alma rubro-negra. O que falou tem razão. Nós vamos chegar lá, mas a questão da identidade do clube, do DNA rubro-negro, é uma coisa que nos incomoda e muito. A diretoria do EBN, excelente em 99% dos casos, não conseguiu trazer a esse grupo o nosso espírito, Nem a presença de ex-ídolos como Mozer – mais próximo dos atletas – fez com que despertasse no grupo o “ser flamengo”. Mas, vamos esperar mais um pouco. Certo é que o período de compreensão de todos com a falta de títulos, em razão da recuperação financeira, já passou e está na hora do Flamengo voltar a ser Flamengo. Com o grupo do EBM ou sem ele, se precisar.

  • Aproveitando esse texto.

    Times como Real Madri e Barcelona não pulsam?

    Será que não é bom ter o meio termo do Real e o Braça que tem times fortes, mas sem a turbulência de noticiários de crise?

    Essa gestão do Flamengo é excelente na forma literal da palavra, tendo em vista o quão dura e inimaginável era a realidade de outrora, e ela conseguiu transformar água em vinho.

    Eu quero pro meu Flamengo essa gestão moral, ética, transparente, profissional e competente, pois tenho certeza que conseguirão transformar isso em títulos, afinal, terão os melhores jogadores disponíveis no Brasil, assim como o Real e o Barça têm no mundo.

    A excelência na gestão aliada à excelência no futebol, será o ápice.

    • O time do Barcelona eu não posso opinar porque acompanho muito pouco, mas o Real Madrid você acha que não pulsa?
      Sérgio Ramos sai de campo exausto em partidas grandes, Cristiano Ronaldo não se contenta com vitória simples, ele quer golear, pra mim são os dois líderes do elenco, os dirigentes cobram muito os jogadores, dando declarações como ” Real Madrid tem que dar espetáculo”.
      Real Madrid não tem meio termo, ou vence dando espetáculos, ou vai ser duramente criticados!
      Você enxerga a administração do futebol transparente? Competentes? Acredita que nosso momento é azar?

      • Se vc pôde notar, eu fiz uma pergunta como afirmação, sim, o Real Madri e o Barcelona pulsam, vibram pela vitória, buscam sempre a vitória.

        O que eu quis dizer é que para pulsar esse ânimo vencedor não há a necessidade de se ter turbulência e crises, e o Real e o Braça são ótimos exemplos disso.

  • Em primeiro lugar esse são paulino nem deveria falar de Flamengo, torcedor tá puto porque a diretoria insiste no erro de manter funcionários, e nisso inclua-se jogadores, comissão e dirigentes, totalmente incapacitados para um clube com o maior orçamento da américa latina.

    Tem muita coisa a mudar se quiserem salvar a eleição e conseguir fazer esse elenco milionário ganhar algo relevante na próxima temporada, a começar pela mentalidade vencedora dispensando sem proteger jogadores de baixo rendimento.

  • Muito bom os textos do Rica Perrone, sempre entendendo um pouco o que se passa na cabeça do torcedor.
    O Flamengo pode vencer, pode perder também, faz parte do esporte, mas se acomodar e não lutar, isso não pode! O clube não pulsa quando está tudo normal, aqui sempre foi o céu, ou inferno, não conseguimos ser “mais ou menos” , é como se você matasse a essência, como se os jogadores ignorassem a nossa história.

Comentários não são permitidos.