GE: “Dever de casa: os 5 pontos do caderninho de Rueda até a final da Sul-Americana”

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A adaptação nunca é fácil. Reinaldo Rueda chegou ao futebol brasileiro cercado de expectativa. Afinal, vencera quase tudo pelo Atlético Nacional de Medellín – seis títulos em sete finais, incluindo a Libertadores de 2016 – até chegar ao Flamengo. Em quatro meses no Rio sentiu e se adaptou à pressão de trabalhar no time de maior torcida do país.

Nesta noite, vive o auge da passagem pelo Flamengo – com a grande final no Maracanã, contra o Independiente, às 21h45 (de Brasília). A vitória por um gol de diferença leva o jogo para os pênaltis. Por mais de um gol de vantagem dá o título ao Fla – o empate é argentino.

– Essa intensidade de competições seguidas, conhecimento de jogadores, conhecimento de imprensa. Uma coisa é namorar, outra é casamento. De namorado é tudo cor de rosa, depois quando casado, dentro de casa, tem que pagar colégio, ônibus, universidade. É um grande aprendizado – disse Rueda, na véspera da decisão, ao falar de sua trajetória no clube.

Na nova versão do caderno de Rueda – que levou à mão várias vezes no dia 13 de agosto, em Belo Horizonte, quando assistiu à derrota para o Atlético-MG -, anotações que servem também como lição para o Flamengo recuperar a “mística”, como gosta de dizer.

ORGANIZAÇÃO

Rueda é um treinador prático. Logo que chegou, os 2 a 0 do Atlético-MG o impressionaram. Trauco fez partida ruim, cometeu pênalti e ainda foi expulso. O treinador barrou o lateral-esquerdo titular da seleção peruana. A defesa passou a sofrer menos. Os laterais subiam menos e alternadamente e os zagueiros ficavam mais protegidos.

COMPROMISSO

Um membro do departamento de futebol comentou sobre os hábitos de Rueda. Um deles, não definir a escalação no início da semana e nem na véspera:

– Jogador está acostumado com a zona de conforto. Rueda quer deixar todo mundo ligado – avaliou.

No último treinamento antes de enfrentar o Botafogo, semifinal da Copa do Brasil, o treinador pediu para todos os jogadores – mais de 30 atletas – irem com roupa para o caso de serem relacionados. O treino da véspera foi com cara de jogo, com muita correria.

A médio prazo a prática provocou reações e críticas internas de alguns atletas, mas foi encarado como positivo para provocar uma chacoalhada no grupo.

CARÁTER

Na tradução livre do espanhol para o português, o “caráter”, que tanto Rueda diz em coletivas de imprensa, pode ser entendido como coragem para arriscar, personalidade para jogar. É assim que incentiva seus jogadores. E foi assim que justificou a escalação de Paquetá, no momento em que perdeu Guerrero e Vizeu numa tacada só.

CONVICÇÃO

Rueda mostrou nos últimos meses que não abre mão de suas convicções. Mesmo que haja pressão externa. Talvez a maior delas até agora tenha sido manter Vinicius Junior como reserva e, apesar dos pedidos da torcida em quase todos os jogos, não antecipar a sua decisão para a entrada da joia no decorrer das partidas.

– Se começamos a dar justificativas para cada decisão que eu tomo, vamos ficar aqui a noite toda – disse, em outubro, após ser questionado sobre a utilização do jovem na derrota para a Ponte Preta.

Também não se esquivou de fazer mudanças que considerou necessárias pelo momento. Após duas falhas de Alex Muralha – logo após a lesão de Diego Alves – na derrota para o Santos, bancou a aposta em César, que não atuava há dois anos. No jogo seguinte, a semifinal em Barranquilla, Muralha sequer ficou no banco.

BAGAGEM

Em sua bagagem, Rueda trouxe um currículo de peso. Mais do que campeão da Libertadores de 2016 com o Atlético Nacional, o treinador disputou duas Copas do Mundo (2010, com Honduras, e 2014, com Equador). É notável o respeito conquistado pelo colombiano em todos os lugares que passa com o Flamengo.

Nos quatro meses em que esteve no clube, foram vistos jornalistas de países como Espanha e Alemanha no CT do Flamengo em busca de uma entrevista com o treinador.

FONTE: Globo Esporte

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