Fabricio Chicca: “O nosso estádio próprio é viável”

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Conforme comentado em colunas anteriores, em especial essa aqui, eu sou defensor de um estádio próprio. Se não tiver tempo, ou saco, de ler o texto um pouco mais técnico do link acima, vou resumir em poucas linhas o que comentei na outra coluna (ainda assim acho que vale a pena ler o texto acima mencionado).

O Maracanã terá sempre uma manutenção cara e, apesar de estar dentro do coração de todos os flamenguistas, ele perde para os estádios com desenho arquitetônico já pensados para o efeito caldeirão. Alguns deles, como o Westfalenstadion do Borussia, são modernos e tiveram, por exemplo, a cobertura desenhada para reverberar o som e aumentar o efeito sobre o campo. Outros, muito mais antigos, como la Bombonera ou Santiago Bernabeu, conseguem efeito similar pela verticalidade dos assentos.


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Durante a entrevista do Landim ao Túlio (que você deve ver aqui) o candidato sugeriu um valor de R$800M para nosso estádio. Em seguida, indicou a dificuldade de pagar um estádio com esses valores. Claro, trata-se de um cálculo complexo que requer uma engenharia financeira complicada. Segundo o meu cálculo, se o Flamengo tivesse que buscar dinheiro no mercado para a construção do estádio, considerando os juros praticados, o Flamengo teria de pagar algo entre R$ 10 ou R$16 milhões por mês por 30 anos para pagar a empreitada (viabilidade considerando o cenário mais pessimista, é possível que o Flamengo consiga valores melhores, mas não muito). Nesse valores é impossível.

Na semana seguinte, Wallim Vasconcellos, quando participou do resenha da Tv Coluna do Flamengo, não descartou um estádio próprio. Na opinião dele, o Flamengo deve manter as duas possibilidades na mesa e trabalhar para que as duas aconteçam (veja aqui). Obviamente, escolhendo a mais favorável. Mas a questão é: O que seria o mais favorável?

Há particularmente três itens que precisam ser considerados para que aconteça a seleção da melhor oportunidade, sendo:

1 – Desenho arquitetônico e Ambientação esportiva. O desenho arquitetônico se refere a capacidade do estádio de se tornar um instrumento para melhorar o desempenho do time da casa. Além disso, refere-se à capacidade de compartimentalização, ou seja, uso de parte do estádio para eventos específicos, custo de manutenção, acessos, e capacidade de venda de direitos de publicidade e exploração comercial (que também faz parte do segundo item)

2 – Viabilidade financeira. O clube não pode aumentar o seu endividamento de maneira que não consiga montar times competitivos.

3 – Acessibilidade e aspectos imobiliários. O estádio tem que ser acessível e atrair além dos que já vão ao Maracanã, possivelmente mais torcedores.

Usando os critérios acima para o Maracanã, o resultado é satisfatório. A ambientação esportiva é boa, mas não excelente. Há ainda aqueles que dizem que o Maracanã é um estádio neutro. De fato, está próximo disso quando comparado com algumas arenas novas, e com os estádios citados acima. Existe a possibilidade de melhora, mas as melhorias serão limitadas. Haverá uma perda irreparável com a mudança da cobertura do estádio. A parte financeira é uma incógnita e depende da nova, se é que vai haver, licitação. E a acessibilidade é ótima. Dificilmente haveria um estádio no Rio com localização melhor.

A versão do novo estádio tem que ser comparada usando os mesmos critérios acima, que são todos técnicos. Não há espaço para chutes ou sorte, é preciso um trabalho técnico ativo para acertamos a questão do estádio. É preciso que haja profissionais do mercado imobiliário envolvidos, desde a elaboração da pesquisa de mercado, até a captação do terreno. Se seguirmos apenas o fluxo de mercado, tenho certeza que o Flamengo estará perdendo eficiência em alguns dos critérios de seleção. Vale lembrar o caso do Palmeiras. O clube e o parceiro na empreitada arrecadaram R$ 300 milhões com naming rights, R$ 65 milhões com camarotes (dado de 2014), R$ 95 milhões com estacionamento e catering (operação de alimentos e bebidas) e R$ 103 milhões com patrocínios diversos. O Palestra recebeu parte dessas receitas (R$ 55 milhões). O Palmeiras recebeu em torno R$ 100 milhões em cinco anos, sendo R$ 20 milhões por temporada. Isso sem contar o dinheiro que foi arrecadado com a venda dos ingressos das partidas, que será todo do clube (fonte: Daniel Batista, O Estado de S.Paulo Maio 2014). Ou seja, dá para fazer. Segundo a Exame, em 2017 o palmeiras arrecadou $ 121 milhões contra R$105 milhões do Flamengo, que parece excelente considerando que não temos estádio.

Na minha modesta opinião, por mais querido que o Maracanã seja, eu acredito que o Flamengo tenha a possibilidade de construir um estádio com uma ambientação melhor que a do Mário Filho, mesmo considerando alterações. Se bons profissionais imobiliários forem contratados, também acredito que seja possível conceber um modelo de negócio favorável para um estádio próprio. Portanto, sim, enquanto não temos todos os estudos na mão, ataquemos nas duas frentes, mas por favor, quem quer que seja, ou Landim, ou Wallim, ou Lomba, ou qualquer outro, não sentem sobre suas certezas, não aceitem o fato que, por serem homens de negócios o estádio vai sair… confiem em mim, como arquiteto e pessoa que trabalhou no mercado imobiliário viabilizando negócios, esse tréco é diferentão… Vou repetir aqui o que digo para amigos: É mais fácil viabilizar um estádio para o Flamengo do que viabilizar uma lanchonete drive-thru na zona sul do Rio de Janeiro. Lembrem-se viabilizar é montar um negócio que se pague com o tempo…

Lembrando:
Estamos todas as noites às 9 horas da noite na Tv Coluna do Flamengo no youtube, acesse aqui

Estou sempre no twitter para esclarecimentos: @fafochicca

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  • Qual é a dificuldade? O Leblon não prevalece sobre o interesse público maior! Um estádio na Gávea para 40 mil torcedores, com 3 arquibancadas na vertical resolve!!! BBB – Bom Bonito e Barato. No concreto mesmo! Sem mimimi! Temos exemplos. Brinco de Ouro em Campinas, Arena Amazônia, Estádio Libertadores de America, La Bombonera, Allianz!

  • Eu sou contra a compra de um estádio, pois acredito que o dinheiro investido num estádio traria muito mais retorno se investido de outra forma e continuar utilizando o Maracanã. Vamos as contas:
    Se o estádio custar 800 milhões e financiar em 30 anos com uma taxa de juros de 0,99% a.m. a parcela seria exatamente de 8.155.079,19. Com esse valor sobrando no fluxo de caixa mensal, entendo que o estádio próprio também geraria receita par ao clube, mas o que de fato traz a maior fatia das receitas para o clube a curto e médio prazo é o resultado em campo e a longo prazo são os “torcedores mirins”. Se injetasse esse dinheiro, no caso 8 milhões mensais, em contratações e salários, amortizando isso ao médio prazo, teríamos disparado o melhor elenco do Brasil, que nos traria títulos, mais receitas e mais torcedores. Somado isso a um contrato costurado de forma cirúrgica com o governo do estado para utilização do maracanã o Flamengo poderia sim ser o maior time do Brasil. Estamos caminhando para isso, está tudo sendo feito certinho pela atual gestão, o problema é o retorno operacional (no caso resultados) que não deu certo. Tomara que com o Landim (certamente vai vencer) isso ocorra.
    SRN!

    • Vamos lá Pudding.
      Provavelmente a taxa seria ainda mais alta. Mas a questão é que o flamengo não precisa emprestar o capital. Existe exemplos no Brasil de investimento quase zero. Ainda há a possibilidade de um fundo imobiliário, a questão é que na gestão do EBM e ainda não fui informado no time do Landim, não há um expert em mercado imobiliário.
      A grande vantagem do estádio próprio seria o ganho esportivo, já que o Maracanã é um estádio neutro.

    • Vamos lá Pudding.
      Provavelmente a taxa seria ainda mais alta. Mas a questão é que o flamengo não precisa emprestar o capital. Existe exemplos no Brasil de investimento quase zero. Ainda há a possibilidade de um fundo imobiliário, a questão é que na gestão do EBM e ainda não fui informado no time do Landim, não há um expert em mercado imobiliário.
      A grande vantagem do estádio próprio seria o ganho esportivo, já que o Maracanã é um estádio neutro.

  • Fabrício, em que parte do RJ você vislumbra um local acessível e possível de se erguer um estádio rentável pro Flamengo? O Parque Olímpico se encaixa nessa descrição?

    • Fala Adriano,
      A questão da localização é mais complicada do que eu penso. Trata-se de um estudo técnico, conhecido como estudo de origem e destino. Leia a coluna antiga, cujo link está na coluna e veja os detalhes.

  • Poderiam construir o estádio do Flamengo em Paracambi, tem estação de trem, ônibus pra todo lugar e ótimos terrenos.

  • Não…não a condições de se ter um estádio próprio com recursos do clube,só uma composição como palmeiras/ wtorre, Atlético/ MRV..ainda mais com a megalomania do torcedor q quer estádio pra 100 mil pessoas…isso não cabe mas…as arenas hj tem q ser multiuso q comporte jogos,shows,tenha shopping,bares,restaurantes .temos q descer do pedestal…um estádio hj para 50/55 mil pessoas é o suficiente…porque a conta nunca fecha…meia entrada,gratuidades sempre será deficitário

    • Verdade flamenguista tem mania de grandeza mais nem o sócio torcedor conseguem bombar e ser o primeiro!!

      • A viabilidade financeira indica que dois jogos por ano pagam a diferença entre 40 para 90 mil pessoas. Se bem desenhado o custo de manutenção aumenta marginalmente (3%). Esse ano já tivemos mais do que 5 jogos coma casa cheia (70 mil). Nao entendo porque nao podemos ter um estadio maior se, mesmo em um ano médio para ruim, lotamos o estádio 5 vezes. Nao podemos ter um estádio grande, mas lotamos aquele que talvez fiquemos. A questão é quem tem muita gente que acha muita coisa, e pouca gente que estuda o assunto…

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