FOTO: STAFF IMAGES/FLAMENGO
Já na escalação ficou claro que a tarde de domingo não seria fácil para o torcedor rubro-negro. Primeiro porque “Geuvânio titular” é um desses conceitos que, assim como nascimento de animais de duas cabeças, revoadas de corvos e chuvas de gafanhotos, é historicamente sempre um péssimo sinal. E depois porque a decisão de escalar Léo Duarte improvisado na lateral direita, apesar de não ser absurda – no futebol europeu zagueiros são regularmente deslocados para a posição – nos faz realmente pensar o quão ruins precisam ser os laterais da base para que eles não apenas não disputem vaga com Rodinei, Pará, Renê e Trauco como fiquem atrás até mesmo de improvisações na lista dos treinadores.
E se antes da partida a situação já parecia complicada, o que se viu em campo não foi muito diferente. Num ano em que o Flamengo disputou partidas tão horríveis que chega a ser surpresa o torcedor não ser levado pra delegacia como testemunha de um crime, a atuação contra o Sport conseguia se destacar por ser talvez a mais acéfala e aleatória de todas, já que com Paquetá apagado e Éverton Ribeiro no banco o Flamengo se mostrava incapaz de articular jogadas, organizar o toque de bola, pensar a partida, e via o jogo se transformar numa espécie de totó humano disputado entre duas crianças que sim, haviam bebido sete xícaras de café cada uma mas não, não conheciam nem mesmo as regras básicas do totó.
Mas como para o Flamengo ruim ainda não é o bastante, no segundo tempo Lucas Paquetá, um jogador que após confirmada sua ida para o Milan tem atuado de maneira tão dispersa que já foi flagrado lendo o guia “Lonely Planet – Itália” durante uma cobrança de escanteio, conseguiu complicar ainda mais a situação ao levar dois cartões amarelos e sofrer aquela que talvez seja a expulsão mais infantil da história recente do Brasil, comparada apenas ao dia em que seu primo Cauã foi expulso de sala do pré-escolar por comer giz de cera.
E lá estava o cenário perfeito para mais um vexame. Um Flamengo mal escalado, com um homem a menos, remendado às pressas com as entradas de Berrío e Éverton Ribeiro, sentindo a pressão de novamente não vencer numa rodada em que Palmeiras e Internacional tropeçavam. Mas por mais que a equipe rubro-negra de 2018 já tenha várias e várias vezes demonstrado uma capacidade inacreditável de complicar partidas que poderiam ser simples, com uma coisa ela não contava. Com o quanto esse time do Sport é ruim.
Sim, porque por pior que o Flamengo tenha sido nesse domingo, a equipe pernambucana conseguiu ser ainda mais complicada. O Flamengo escala Geuvânio titular? O Sport coloca Gabriel de capitão. O Flamengo não cria jogadas? O Sport cria o mesmo tanto mesmo tendo mais posse de bola. O Flamengo fica com 10 em campo? O Sport aparentemente pede para que um jogador seu não se mexa, para equilibrar as ações. É preciso dar mérito às entradas de Berrío e Éverton, que melhoraram em muito o Flamengo? Claro. Mas também é preciso reconhecer que a vitória desse domingo não teria sido possível se o Sport não tivesse colaborado imensamente para o resultado.
Com a combinação dos resultados – que envolveu a nossa vitória, um empate do Palmeiras e uma derrota do Internacional – o Flamengo agora está 5 pontos atrás do líder, com 9 pontos em disputa, uma distância que não, não é impossível, mas também está longe de motivar algum torcedor a mandar fazer faixas dizendo “heptacampeão”. Mas independente das chances de título ou do placar dos outros jogos, o que o Flamengo deve e precisa fazer é vencer. E como nem todo adversário vai ser o Sport, é bom começar a escalar melhor e jogar melhor para que isso aconteça.
Reprodução: João Luis Junior | Isso aqui é Flamengo (ESPN)