FOTO: ALEXANDRE VIDAL / FLAMENGO
A verdade é que o Flamengo fez de tudo pra perder essa Taça Rio. Escalou na final um time que era reserva desde o goleiro até o atacante, passando por um treinador substituto e, segundo boatos, hoje na Gávea até o cara que tomava conta da piscina não era o principal, mas sim um amigo que cobre pra ele nos fins de semana. Deu a braçadeira de capitão para Rhodolfo, um jogador que poderia acabar se lesionando apenas com a pressão extra no braço. Encheu o banco de reservas com meninos tão novos que provavelmente precisaram de autorização da mãe pra ir ao Maracanã, como se fosse uma excursão de colégio. E por fim, quando a partida chegou nos pênaltis, aquele momento em que qualquer erro é decisivo, qualquer hesitação pode colocar tudo a perder, decidiu que sim, ele, Rodinei, deveria ser um dos primeiros cobradores.
Em suma, tudo o que poderia ser feito foi feito, desde deixar Trauco no mano a mano com atacante adversário até Vitinho buscar sempre as jogadas mais estilo anime “Super Campeões” em que você leva a bola para um canto tão absurdo que pro seu chute entrar ele precisa atravessar o corpo de duas pessoas, driblar uma trave e romper um tronco de árvore pelo meio. E ainda assim, mesmo diante de um Vasco com força máxima, o Flamengo foi, nesse domingo, campeão do segundo turno do Campeonato Carioca, a chamada Taça Rio.
Na verdade esse título faz alguma diferença? Na verdade não, não faz. Afinal, a Taça Rio hoje equivale a menos do que meio Campeonato Carioca e um Carioca inteiro já não é exatamente uma Champions League. Isso sem falar que, graças ao espetacular regulamento criado pela FERJ, a vitória de hoje contra o Vasco torna o caminho do Flamengo MAIS e não menos complicado, já que se perdêssemos enfrentaríamos o Bangu mas por conta desse triunfo pegaremos na semifinal o Fluminense, contra quem, numa estimativa modesta, já jogamos 78 vezes nessa temporada.
Mas na prática é realmente fora do normal o Flamengo que entrou em campo hoje vencer o Vasco que ele enfrentou? Também não, se você for pensar. Afinal, analisando no papel, nome por nome, atleta por atleta, investimento por investimento, o Flamengo “reserva” é sim uma equipe mais forte que o Vasco, já que para cada Rossi deles nós temos um Vitinho, para cada Thiago Galhardo nós temos um Arrascaeta, jogadores que, apesar de hoje não serem titulares ou mesmo viverem fases exuberantes na equipe rubro-negra, são reconhecidamente de nível mais alto do que aqueles colocados em campo pelo rival na tarde de hoje, independente do que qualquer bem-intencionado canto de torcida possa alegar.
Ou seja. Não foi um título especialmente significativo, não foi uma vitória especificamente útil, não foi exatamente uma zebra ou um triunfo da superação. Mas o que importa, o que você vai falar amanhã no trabalho, o que todo mundo vai dizer nos grupos de Whatsapp, é que sim, o Flamengo, com o time reserva, acabou de ser campeão em cima do Vasco, com sua equipe titular. Então, nessa noite de domingo, você rubro-negro, pode dormir com a tranquilidade de quem torce para os dois times mais fortes do Rio de Janeiro: o Flamengo titular e o Flamengo reserva.
(Não que a gente não vá precisar de muito mais do que isso na Libertadores quarta-feira, claro)
Reprodução: Isso Aqui É Flamengo | ESPN