FOTO: ALEXANDRE VIDAL/FLAMENGO
Por: Higor Neves e João Pedro Granette
O primeiro jogo do Flamengo em 2021 deixou o torcedor com o mesmo sentimento do que encerrou 2020: decepção. Passados 11 dias do desanimador empate por 0 a 0 com o Fortaleza, a equipe foi derrotada por 2 a 1 pelo Fluminense, de virada. Rogério Ceni, alvo de críticas após ambas as partidas foi questionado sobre alterações feitas, porém, não concordou com parte delas, como no caso de Everton Ribeiro.
Capitão do Rubro-Negro na derrota para o rival carioca, Ribeiro atuou em faixa de campo diferente no clássico. Costumeiramente preso ao lado direito, o camisa 7 passou a ter – sobretudo no segundo tempo – uma maior presença no lado esquerdo do campo, ao lado de Bruno Henrique e Filipe Luís. Contudo, na coletiva pós-jogo, Rogério Ceni garante que não fez tal alteração.
– Não. Eu não puxei o Everton Ribeiro para a esquerda. Mantive o Bruno Henrique pela esquerda, Pedro centralizado, Everton Ribeiro pela direita e Arrascaeta centralizado. Ponto. Se em algum momento aconteceu, logicamente, eles flutuam. Eles têm liberdade para trocar de lado. Mas, preponderantemente, Everton Ribeiro na direita […] Ninguém põe o Everton Ribeiro e o Bruno Henrique do mesmo lado, porque não teria ninguém do outro lado -, disse Ceni.
– Não tive essa ideia. Não aconteceu no jogo. Pode ter acontecido em um lance, dele (Everton Ribeiro) flutuar, o Arrascaeta cair pela esquerda, pela direita, e o Everton também, porque eles têm essa liberdade. Mas ele joga preponderantemente pelo lado direita -, completou na sequência.
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NÚMEROS CONTRADIZEM O TREINADOR
Apesar da negação – e irritação – de Ceni durante a coletiva, fato é que a maior presença de Everton Ribeiro no lado esquerdo do campo fica evidente a partir de dados, dentre eles, o volume de passes do atleta, além da comparação entre mapas de calor.
A primeira análise é em relação aos passes do atleta. No Brasileirão, competição na qual participou de 22 jogos, Everton Ribeiro realizou 929 passes, e apenas 9% (87 passes) foram do lado esquerdo. Já no jogo contra o Flu, a porcentagem mais que dobra, indo para 23%: 14 dos 62 passes o atleta foram na faixa esquerda do campo, segundo dados do Sofascore.
Outro dado importante para a análise é o mapa de calor do camisa 7. Apesar de ter seguido no lado direito na maior parte do tempo, é inegável a maior presença no lado oposto do campo, como apresentado abaixo, nos jogos contra Fluminense (28ª rodada) e Fortaleza (27ª rodada).
Portanto, pode se concluir que, caso Ceni não tenha instruído o atleta sobre a mudança de posicionamento, como garantiu em coletiva, a maior presença de Everton Ribeiro do lado direito pode ser considerada uma indisciplina ou inconsistência tática, fator que deve ser resolvido até a próxima quarta-feira (10), quando o Fla recebe o Ceará no Maracanã, em mais uma rodada do Campeonato Brasileiro.