FOTO: CONMEBOL
Após a polêmica decisão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) de mudar o nome do Maracanã, diversas figuras cariocas se manifestaram. No entanto, ao contrário do que esperavam os deputados, a premissa foi contrária à emenda, que retira Mário Filho, idealizador do estádio, da história. Dessa forma, depois de diversos manifestos, foi a vez da Associação dos Cronistas Esportivos (ACERJ) mandar uma carta aberta ao governador do estado, Claudio Castro.
Vale destacar que, a carta dos cronistas, pede um posicionamento imediato do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro. Isso porque, o político é a única esperança de veto da emenda, que já passou por todas as outras instâncias na capital. Além disso, o apoio popular é totalmente contra a decisão da ALERJ que, para muitos, está desrespeitando a história da cidade do Rio.
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CONFIRA A CARTA NA ÍNTEGRA:
Excelentíssimo Governador Cláudio Castro,
Foi com absoluta surpresa que a ACERJ – Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro – Entidade centenária e atuante no cenário esportivo do Rio de Janeiro desde 1917 recebeu a notícia de que a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro decidiu de modo inexplicavelmente urgente trocar o nome do Estádio Mário Filho para “Estádio Edson Arantes do Nascimento – Pelé”. Com que propósito? Com quais argumentos?
Sabemos todos – cronistas esportivos e torcedores em geral – que Pelé é o maior jogador de futebol do mundo em todos os tempos e que jamais haverá outro igual. Ao Rei Pelé todas as homenagens devem ser prestadas, menos essa, que surrupia o nome de quem idealizou a construção do maior estádio do mundo no bairro do Maracanã, que foi o jornalista Mário Filho.
Um pouco de história, senhor Governador: a construção do estádio foi muito criticada por Carlos Lacerda, na época deputado federal e inimigo político do então General de Divisão e Prefeito do Distrito Federal do Rio de Janeiro, Marechal Ângelo Mendes de Moraes, pelos gastos e, também, devido à localização escolhida para o estádio, defendendo que fosse construído em Jacarepaguá.
Depois de muitos debates a respeito de onde ele seria construído, decidiu-se que deveria ficar num local de acesso fácil por vários meios de transporte. Desta forma, o local escolhido pertencia ao Derby Club, onde eram realizadas corridas de Turfe até a década de 1920, quando perdeu espaço para o Hipódromo da Gávea. Para que isto ocorresse, foi realizada uma campanha pelo Jornal dos Sports, com a assinatura de Mário Filho. Muitas capas do JS foram feitas pedindo que o Maracanã deveria ser o local para o maior do mundo, futura sede da Copa de 1950.
Mário Filho defendeu um estádio que pudesse ser popular, fosse parte da cidade, com melhor localização, contando com os espaços para o trabalho da imprensa, por isso também pediu uma tribuna de imprensa e vinte cabines de transmissão, com o apoio de Célio de Barros, então presidente de nossa associação de classe (ACD, à época). Tanto que o estádio de atletismo depois passou a se chamar Célio de Barros.
Mário Filho foi um profissional importante para a identidade do Rio de Janeiro, criou aqui o primeiro jornal brasileiro dedicado apenas ao esporte. Colaborou para a popularização da cobertura jornalística do futebol trocando os termos rebuscados da época por expressões mais populares e o Maracanã muito contribuiu para isto. Foi Mario Filho quem cunhou a expressão Fla-Flu, um dos mais destacados clássicos jogados no estádio.
São 70 anos de aprovação popular, Governador. Por isso os cronistas esportivos do Rio de Janeiro, aqui representados por sua associação de classe – ACERJ – repudiam a iniciativa da ALERJ e rogam ao senhor que não aprove o projeto, por ferir a memória do jornalismo e contrariar a quase unanimidade (pois que “toda unanimidade é burra”, já dizia Nélson Rodrigues, irmão de Mário Filho) do pensamento do torcedor brasileiro.