“Me preocupa que causamos um pouco de dano (no Flamengo). O Ninho do Urubu está sendo invadido e aquela coisa toda, me desculpa e que se f… eles“, disse o técnico tricolor Abel, na coletiva que deu nas Laranjeiras, na tarde de sexta-feira (08).
Primeiro a brincadeira. Depois o arrependimento. No meio disso, o deboche ao atual momento do Flamengo com a torcida rubro-negra protestando na porta do Ninho do Urubu na última semana.
Bola fora, Abel. Você não era para brincar ou debochar de uma situação dessas, pois viveu coisa parecida no desembarque tenso do Fluminense, mês passado, no Aeroporto Galeão, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, após ser eliminado na terceira fase da Conmebol Libertadores para o Olimpia.
Há quem acredite que o Fluminense tenha realmente causado esse dano todo ao Flamengo. Jogadores tricolores como Felipe Melo, Ganso e Cano devem estar felizes da vida com isso. Talvez até mais do que terem quebrado um jejum que durava dez anos sem o título do modesto Campeonato Carioca. Mas não causou.
O Flamengo vem mal desde a decisão da Libertadores em que perdeu para o Palmeiras. De lá para cá, as coisas se agravaram.
É jogador que vive machucado, se recupera e volta a se machucar; é departamento médico não recuperando jogador; é atleta não brasileiro alegando contusão sendo flagrado em boate dançando; é jogador barrado que faz panelinha e racha o grupo; atletas mal tecnicamente que continuam sendo escalados; é presidente que se omite e diretor de futebol que quer marcar reunião com chefes de torcidas organizadas. Soma-se a tudo isso um faturamento de 1 bilhão e um completo amadorismo.
Isso sem falar de alguns jogadores desobedientes que boicotam o esquema tático implantado por Paulo Sousa em que medalhões, antes intocáveis, perderam espaço.
Do atual bando – me nego a classificar esse Flamengo como time – só João Gomes e Arrascaeta se salvam.
Salvo um bom jogo contra o Atlético-MG na decisão da Supercopa, o futebol precisa ter um choque de realidade. É preciso cortar na carne e fazer sangrar.
Já passou da hora do Flamengo ter fome – como o Ceará teve diante do Palmeiras – de vencer os jogos e não mostrá-la apenas quando o placar é desfavorável.
No último sábado (09), começou o Campeonato Brasileiro e o Flamengo estreou com um empate sofrido contra o Atlético-GO. Com todo respeito a equipe goiana, não é comemorar o ponto conquistado, mas sim os dois perdidos.
Na Libertadores, conseguimos vencer o Talleres por 3 a 1, assumindo a liderança do Grupo H, o que traz dias de trabalho mais tranquilos no Ninho do Urubu.
Mas vejo que o maior desafio do Rubro-Negro com um calendário apertado neste ano é a vontade de vencer com tantas adversidades.
E me arrisco a dizer que a maior delas é o Flamengo vencer a si próprio.
Por Marcos Vinicius
Twitter: @ViniciusCharges
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