Flamengo afirma que não precisa de trabalho mental para jogadores no dia a dia; especialista discorda

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Clube não tem psicológo para cuidar dos atletas, e profissional da área mostra a importância em meio à crise


No Flamengo, após a ‘Era Jesus’, são cinco passagens de técnicos diferentes. Dois do mercado europeu, Domènec Torrent e Paulo Souza. Já entre brasileiros, em ordem: Rogério Ceni, Renato Gaúcho e o recém-chegado, Dorival Junior. Preparador mental, Lincoln Nunes, mostra a importância na crise.

Nesse contexto, tirando o Mister, apenas Ceni foi Campeão Brasileiro, em 2020. Depois do último título de expressão, o Flamengo vem em queda livre no quesito performance. Obviamente, os ex-comandantes têm sua parcela de culpa no desempenho da equipe, mas a o problema não é exclusivo deles.

De acordo com o preparador mental e especialista em performance do futebol, Lincoln Nunes, o Flamengo, atualmente, não tem um profissional sequer responsável pela saúde mental dos atletas: “Para o porte do clube isso é inadmissível. Não dá para ser amador na gestão de pessoas e profissional no financeiro. Não adianta o clube ter lucros na casa do bilhão, mas a equipe com um mental abalado. É público que a atual gestão do mais querido não conta com um profissional responsável pela parte da saúde mental no dia a dia do clube”.


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O ‘número dois’ do Flamengo, o vice-presidente de futebol, Marcos Braz, disse em entrevista recente ao canal do jornalista Venê Casagrande que não vê necessidade da presença desse profissional no dia a dia do clube.

Então, se não temos necessidade emergencial, não precisamos ter isso no dia a dia, mas não quer dizer que não achemos que seja pertinente. O Flamengo já pagou, durante este processo, durante dois anos e meio que estou aqui, psicanalista para jogador, o Flamengo pagou. Se pagou, é por que o Flamengo entende que tem e respeita qualquer profissional desta área -, disse.

O próprio treinador mental discorda do comentário do VP de futebol do Clube: “Entendo a posição dele, mas a presença de um staff mental no clube é de suma importância. Se conduzirmos apenas atendimentos emergenciais será tratar os sintomas e não a raiz do problema. O que podemos supor e que acontece muito no futebol, incondicionalmente, é a possível falta ou perda de propósito profundo. O propósito profundo está ligado às realizações da vida, sejam elas profissionais ou pessoais e, às vezes, até se misturam”.

Segundo o especialista, juntando as temporadas de 2019-2020, o Flamengo angariou dois Brasileiros, uma Libertadores e duas Supercopas, sem contar o empilhamento de cariocas. Diante disso, o preparador mental diz ser necessário conviver positivamente com o peso dos títulos.

“O mais difícil de ser campeão é se manter no topo, algumas pessoas quando atingem o auge, automaticamente, descansam. Isso é algo normal e indicado, relaxar após tanto esforço. No entanto, quando o propósito profundo está direcionado a outra coisa, por exemplo, estes títulos estarem relacionados a uma figura de comando em específico no inconsciente coletivo, com certeza, isso abala o desempenho em campo”.

Lincoln teve, recentemente, duas pesquisas aprovadas e uma, inclusive, já publicada. Nela, o preparador conta sobre o seu trabalho com Emerson Royal, lateral da Seleção e Tottenham. O especialista em performance também atendeu Philippe Coutinho, além de jogadores do Campeonato Brasileiro.

“Conseguimos provar o quanto o trabalho mental facilita a resposta do jogador em campo, do goleiro ao atacante. O melhor, são os dados do crescimento em rendimento nos momentos em que há mais pressão, aumentos de quase 2% na média de acertos nas tomadas de decisão. Não convivo no dia a dia do clube, mas posso afirmar que uma das chaves para a volta aos dias de glória está no mental e comportamental da equipe”, finalizou.

Sobre Lincoln Nunes

Criador do método ‘Atleta de Elite’, filósofo, psicanalista e especialista em performance esportiva. Com inúmeros cases de sucesso, Lincoln Nunes já atendeu medalhistas olímpicos, estrelas do futebol europeu e nacional como Philippe Coutinho, Emerson Royal, Artur Victor, e Pedro Rocha, dentre outros atleta da seleção brasileira de futebol.

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  • E Braz precisa não.
    Já vi entrevistas de jogadores, que foram procurar ajuda mental fora do Club.
    O Club tinha que oferecer isso.
    Tudo pelo mais barato, que sai muito caro.

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