Titular absoluto no gol do Flamengo desde 2014, Paulo Victor bem que poderia ser artilheiro ou um meia de sucesso nos gramados. Filho do ex-atacante Vidotti, com passagens pelo Corinthians na década de 80, o arqueiro tem no DNA a habilidade com os pés. Nos treinamentos da Gávea ele costuma deixar as luvas de lado e chegou a fazer golaços.
“Um ‘rachão’ estava empatado e os caras colocaram ‘pilha’ de que ele ia perder. O Paulo ficou bravo porque é muito competitivo e quer ganhar tudo. Saiu para frente e quase no final do treino lançaram a bola na área. Ele meteu um gol de bicicleta no Luan Polli (hoje no Figueirense] (risos)”, relatou Wagner Miranda, ex-preparador de goleiros do clube carioca, atualmente no Tianjin Quanjian (China), ao ESPN.com.br.
“O time dele saiu vencedor e foi muito engraçado. Ele tirou onda com os outros jogadores. O Paulo curte treinar falta e bate muito bem, fez um golaço no Bottinelli uma vez [ver vídeo abaixo]. Mas em jogos não tem coragem ainda de cobrar”, disse.
“Ele sempre me pedia: ‘Wagão, me deixa jogar na linha? ‘ Eu deixava, e toda vez o cara fazia gols ou jogava bem, impressionante. Sempre que fazia uma jogada de efeito que dava certo ele saía do rachão, queria parar no auge (risos)”, recordou.
Paulo e Wagner têm uma relação de amizade de quase 11 anos, quando ambos chegaram quase juntos ao Flamengo. “Ele passou comigo muito tempo na base, treinava nos profissionais e jogava nos juniores. Ele tem uma história muito bacana no Sub-20 porque sempre era o goleiro menos vazado em todas as competições. É muito promissor, porque além da qualidade técnica ele tem uma personalidade incrível”, elogiou o mestre.
A determinação do pupilo impressionou o preparador desde muito cedo. “Ele é muito objetivo, traça metas na vida e busca com muita fibra. Era um cara muito paciente, acreditava muito. Eu conversava muito ele porque sempre tive uma relação com os goleiros quase de pai para filho”, relatou.
Uma profecia realizada pelo goleiro ficou marcada na mente de Wagner. “Ele até falou que um dia a gente ia se encontrar no profissional. Quando subi em 2012, no primeiro dia de treinamento o Paulo disse: ‘Tá vendo, nós conseguimos, graças a Deus e ao nosso trabalho”, relembrou, emocionado.
A chance de assumir a titularidade no gol só veio após Luxemburgo barrar Felipe, em 2014. “Ele entrou em um momento muito difícil, quando o time estava na última posição do Brasileiro. Foi uma responsabilidade imensa, o crescimento para vida dele foi impressionante. O Paulo Victor foi um dos grandes responsáveis por aquela arrancada. Na Copa o Brasil ele pegou dois pênaltis contra o Coritiba e passamos de fase”, explicou.
Wagner acredita que até mesmo nas falhas, como no empate por 2 a 2 com o Santos no Maracanã no último Brasileiro, o camisa 48 da Gávea conseguiu tirar lições.
“Um dos momentos mais complicados foi quando ele estava muito tempo sem jogar, voltou de lesão e falhou em um gol do Ricardo Oliveira. O Paulo terminou muito chateado e falei: ‘Tenha calma, errar faz parte do jogo e da carreira. O goleiro precisa usar isso para crescer a cada dia'”, aconselhou.
O mestre acredita que seu aluno conseguirá crescer ainda mais na carreira. “Respeito muito a escolha do Dunga e do Taffarel, que convocaram grandes nomes, mas tenho certeza que o Paulo terá uma oportunidade na seleção brasileira. É questão de tempo. Ele tem liderança e perfil para ser um ídolo no Flamengo. Torço muito para que realize os sonhos dele”, projetou.
Da Gávea para a China
Wagner foi campeão paulista pelo Bragantino, era resera de Marcelo Martelotte, jogou até os 33 anos e começou a treinar goleiros na base do Botafogo e chegou até os profissionais no time B. Passou por Bangu, Olaria até ir para o Flamengo, em 2005. Saiu em 2010, quando passou Moça Bonita outra vez antes de retornar à Gávea, em 2011.
Nas duas passagens, Wagner ajudou a revelar nomes como Getúlio Vargas, Wilson (Coritiba), Marcelo Lomba (Bahia), Paulo Victor, César (Ponte Preta), Daniel Miller e Thiago, campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior neste ano.
“Batalhei muito para que o time tivesse todos os goleiros formado na base, depois da saída do Felipe [atualmente no Bragantino] passamos uma temporada toda assim. Foi uma das grandes vitórias que sempre quis”, comentou orgulhoso.
“Nosso trabalho aparece pelos goleiros que ajudamos a formar e treinar”, afirmou Wagner, que está no Tianjin, na segunda divisão da China. No clube ele reencontrou Vanderlei Luxemburgo, seu treinador no Bragantino nos anos 90 e com quem trabalhou no clube da Gávea.
Fonte: ESPN
Podia treinar menos gols e mais saída em bolas aéreas.
Durante os jogos ele só não atrasa a bola porque chutaria no próprio gol. Se tiver um adversário vindo pra cima dele mesmo que longe e havendo companheiros disponíveis opta pelo chutão quase sempre. O que adianta ter habilidade se é calão demais pra fazer bom uso disso?
E com toda essa habilidade ainda não aprendeu a sair jogando com os pés. E a reposição também que é péssima.
Conta outra vai…