Lembrem-se do que disse depois dos 3 a 0 do Cruzeiro no Botafogo? As duas rodadas seguintes seriam cruciais para as chances do Botafogo se manter vivo no campeonato. Tinha dois jogos “fáceis” em casa, contra Bahia e Ponte Preta. E o Cruzeiro tinha duas pedreiras, ao menos na teoria, Corinthians e Inter fora. Seria essencial que a distância caísse para um ou dois pontos. Senão, dada a tabela pela frente, a disputa estaria encerrada.
O que aconteceu? O Botafogo perdeu os dois jogos. A derrota no Mineirão trouxe de volta à real um time que estava ganhando partidas na raça, na alma, no coração. Sem salários, sem Vitinho, sem Maracanã lotado… parecia surreal o que fazia o Botafogo. Agora, a realidade. Vai ganhar umas, perder outras. É um baita time de futebol. Mas o grande prêmio será a Libertadores, não o título. O Botafogo deveria colocar todas as fichas na Copa do Brasil, no clássico contra o Flamengo e posterior semifinal contra um time inferior (seja Goiás ou Vasco). Apenas administrar a permanência no G-4, mas guardar seus melhores, deixar as pernas livres e descansadas para a Copa do Brasil.
E o Cruzeiro? Não bastasse ver o Botafogo perder, o Cruzeiro saiu dos dois jogos “casca” com quatro pontos. Empate no Pacaembu, que poderia ter sido vitória, não fossem Cássio e o pênalti de Gil não marcado, e vitória no Sul. Vitória tranquila, sem drama, com autoridade.
Amigos, o Cruzeiro já é campeão brasileiro. A questão é apenas saber quando.
São 11 pontos para Botafogo e Grêmio, 12 para o Atlético-PR. Destes, o único que ainda enfrenta o Cruzeiro é o Grêmio. No Mineirão. Faltam apenas 14 jogos. Dando tudo errado para o Cruzeiro e tudo certo para um desses times, na medida do “cabimento”, são necessárias 6 ou 7 rodadas para alguém passar o time mineiro. Ou seja, não vai acontecer.
E não vai acontecer não porque a matemática é assim ou assado, mas pela maneira que o Cruzeiro está atuando. Neste domingo, contra o Inter, Marcelo Oliveira escalou o time com quatro jogadores na frente. Foi para cima. Um monte de treinador estaria, a essas alturas, tentando arrumar empates fora de casa, administrando a liderança. Marcelo Oliveira olha para a tabela e vê margem para arriscar.
Se perdesse para o Inter, teria problema? Não. Seria uma derrota normal para um time forte. Então o que ele faz? Tenta ganhar! Não fica especulando com o empate. Arrisca. Se der, deu. Se não der, a liderança segue garantida e folgada. O Cruzeiro está colhendo o que planta: um futebol de coragem e ofensividade. Não à toa tem, de longe, o ataque mais positivo da competição.
Está de parabéns, o Cruzeiro! O único time do Brasil capaz de ser campeão brasileiro sem fazer parte do tal eixo Rio-São Paulo.
Quarta-feira, espero ver o Mineirão lotado para o jogo entre os times mais quentes do campeonato. Só Cruzeiro e Portuguesa ganharam quatro dos cinco primeiros jogos do segundo turno, são os times com mais pontos desde a “virada”. Não à toa, times focados somente no Brasileiro, sem Copa do Brasil ou Sul-Americana para atrapalhar. Cruzeiro com melhor ataque, Portuguesa com o terceiro, após os humilhantes 4 a 0 no Corinthians. Enfim, vai ser um jogão, acho eu.
Resta no Brasileiro a disputa pelo… resto. Pela Libertadores, logicamente Botafogo, Grêmio e Atlético-PR têm uma vantagem considerável para o pelotão. Mas todos eles podem derrapar, assim como alguém do pelotão pode engatilhar três, quatro vitórias seguidas e encostar. De Inter e Vitória, com 34 pontos, a Flamengo, com 30, todo mundo ali corre riscos. Tanto risco de ganhar várias e disputar G-4 quanto risco de perder várias e ser ameaçado pelo Z-4.
O Náutico está rebaixado. Mas times assim, sem a responsabilidade da vitória, jogando pelo orgulho, tornam-se muito perigosos. Vai tirar ponto de muita gente.
A Ponte Preta cresce. Mas vem uma semana por aí em que o normal é vencer o Náutico na terça, perder do Atlético-MG na quinta, cansada. Seriam 25 pontos em 25 jogos. Será que a Ponte vai ser capaz de fazer 20 pontos nos 13 restantes?? Com uma Sul-Americana pelo meio? Eu acho difícil. Para mim, a Ponte segue sendo virtual rebaixada.
Criciúma e Vasco estão consolidados no Z-4. Mas o São Paulo não está longe. Dos times acima, quem vive pior fase, disparado, é o Coritiba. Corinthians também mal. Mas a ponto de cair?
Do sexto ao décimo-quinto, como eu disse, todo mundo pode sonhar lá em cima ou ter pesadelos lá em baixo. Porque o Brasileirão é isso, um grande amontoado com times do mesmo nível. Tem quem goste desse equilíbrio todo. Eu acho que depõe contra os grandes clubes, que têm orçamentos astronômicos e jogam um futebol do mesmo nível de seus co-irmãos pobres.
Dos ricos, o Cruzeiro foi quem melhor contratou. Confia no trabalho de um técnico da nova geração. Tem estrutura e estabilidade. É um justo campeão.
Fonte: Blog do Julio Gomes