Pará chegou ao Flamengo com 28 anos de idade. Demorou um pouco, mas o lateral direito vai realizar em 2015 o sonho de jogar pelo clube do coração. De mansinho, o atleta foi um dos destaques no período de treinos em Atibaia (SP) e não esconde a expectativa de atuar no Maracanã. O reforço promete ser uma sombra considerável para o capitão Léo Moura.
Em entrevista ao UOL Esporte, ele falou sobre funcionar como uma espécie de xodó dos técnicos, principalmente de Vanderlei Luxemburgo. A faceta anti-heroi não foi esquecida, assim como as brigas em sua infância no Pará. O jogador até já “saiu no braço” em discussões envolvendo rubro-negros e vascaínos.
Confira a entrevista na íntegra:
UOL Esporte: Você costuma ser admirado pelos técnicos com os quais trabalha. Qual o segredo para isso mesmo ao conviver com críticas dos torcedores?
Pará: É a minha seriedade. Isso faz com que conquiste os treinadores pelos clubes. Sempre joguei e fui respeitado onde fui contratado. Não será diferente aqui no Flamengo. Vou agarrar da melhor maneira possível as oportunidades para conquistar a torcida e os objetivos do elenco na temporada.
UOL Esporte: O Vanderlei Luxemburgo sempre te elogiou pela intensidade em campo. Como funciona a relação entre vocês?
Pará: É natural. Acho que uma convivência positiva entre atleta e treinador. Ele tem confiança no meu trabalho e faço as coisas que pede para agradá-lo. Também trabalho assim com os companheiros. Você conquista respeito dessa forma ao longo da carreira e os profissionais do futebol observam isso.
UOL Esporte: Você chegou ao Flamengo por empréstimo até o fim do ano em razão de um acordo com o Grêmio por uma dívida antiga. Sente uma responsabilidade maior por esse motivo? Já pensa em permanecer?
Pará: Não procurei saber da dívida. Soube da proposta e tive uma alegria grande. É o tipo de coisa que demonstra um trabalho bem feito. Não me vejo como uma espécie de contrapeso e não acho que a responsabilidade aumenta. A possibilidade de permanência sempre existe, mas não adianta nada se não fizer a minha parte em 2015. Vou procurar o meu espaço para conquistar os objetivos.
UOL Esporte: Um desses objetivos é assumir a titularidade da equipe? O capitão Léo Moura renovou contrato apenas até o fim do Campeonato Carioca…
Pará: Não penso lá na frente. Trabalho apenas para estar bem e corresponder quando o professor Luxemburgo precisar. É claro que estou aqui para ajudar e cheguei para jogar.
UOL Esporte: Você nunca escondeu ser torcedor do Flamengo e contou histórias do fanatismo na infância. Essa paixão já causou discussões e brigas?
Pará: Briguei muito na minha infância lá no Pará. O bicho pegava nos jogos entre Flamengo e Vasco. A coisa funciona assim no Norte e Nordeste. A gente saía na mão com os vascaínos. Isso acontece até hoje por lá, mas já faz parte do passado para mim. Defendo as cores do meu time de coração e só quero fazer história aqui no Flamengo.
UOL Esporte: A rivalidade aumenta a vontade de enfrentar o Vasco?
Pará: Lógico que todo mundo quer jogar o clássico. Ainda mais um Flamengo e Vasco. A rivalidade existe em todos os cantos do país com times paulistas, mineiros, gaúchos. Mas aqui no Rio de Janeiro tem uma atmosfera diferente também. Só espero que o Flamengo saia vitorioso quando isso acontecer.
UOL Esporte: Você tem uma faceta anti-heroi em alguns clubes que passou. Críticas da torcida, mas titularidade assegurada e títulos. A passagem pelo Santos talvez tenha evidenciado mais isso…
Pará: Quando cheguei ao Santos passávamos por muita dificuldade. Cheguei no final de 2008 e até com briga contra o rebaixamento. O clube não engrenou. Passei por momentos de muita dificuldade. Mas o futebol é baseado no sofrimento. A torcida sempre escolhe um para pegar no pé. Demos a volta por cima e conquistamos Libertadores, Copa do Brasil, Campeonato Paulista… Fui titular e não abaixei a cabeça mesmo com as críticas. Temos que levá-las para o lado positivo.
UOL Esporte: Você procurou informações sobre a situação financeira do Flamengo antes de fechar o contrato?
Pará: Não procurei muitas informações. Não pensei duas vezes quando tive a oportunidade de vir para o Flamengo. Mas cheguei e vi que o clube está se reestruturando e cumprindo com as obrigações. Espero que tudo aconteça de forma ainda melhor em 2015. Isso só passa tranquilidade ao jogador.
Fonte: UOL