Postado em: 18 de mar de 2013.
Ter o máximo cuidado com religião e separá-la do futebol. Esse foi o único pedido ao técnico Jorginho. A direção do Flamengo não quer exageros na Gávea e ele aceitou.
Mas não quer ser perseguido por ser evangélico. O ex-auxiliar de Dunga é religioso fervoroso e nunca escondeu isso. Desde o tempo em que foi jogador do próprio Flamengo. Foi assim que ganhou o tetracampeonato mundial nos Estados Unidos.
Na Copa da África foi acusado por misturar fé com futebol. Jornais garantiram que a religiosidade pesava em todos os setores.
Até na hora em que o Brasil era campeão. Como na conquista da Copa das Confederações em 2009, na África. Com todos os jogadores rezando de joelhos.
Os evangélicos com camisetas “I belong to Jesus” (eu pertenço a Jesus). Até na escolha do espião de Dunga, Marcelo Cabo. Ele e Taffarel observavam os adversários do Brasil.
Seguranças teriam sido contratados pela Seleção com aprovação de Jorginho. O auxiliar também comandaria cultos na concentração. Lúcio, Josué, Felipe Melo, Kaká e Luisão seriam os atletas mais participativos.
A Folha de São Paulo garantiu com mais veemência a participação do auxiliar. Após a eliminação da Seleção, Ricardo Teixeira determinou a Mano Menezes que não queria mais saber de exageros religiosos na Seleção. Ele teria recebido especial determinação da Fifa.
Jorginho se apressou em negar alguns fatos. Não teria influência nos seguranças, nem feito cultos. Apenas confirmou a escolha do espião da Seleção.
O novo técnico flamenguista ficou marcado na sua passagem pelo América. Ele e o time ficaram dois meses sem receber. Fizeram a pré-temporada no seu sítio. Com os jogadores dormindo em beliches.
Conseguiu levar o time carioca à final da Taça Guanabara em 2006. Depois de 24 anos. Perdeu para o Botafogo, mas ganhou muito prestígio. E, segundo ele mesmo, cometeu seu maior erro. Quis trocar o símbolo do América. Religioso, não concordava com o Diabo.
Quis que o clube adotasse uma águia. A torcida e os dirigentes não aceitaram. Foi ‘um exagero’, concordou depois o treinador. “Era novo, nunca deveria ter dado esse palpite.”
Essa mistura mal feita por ele mesmo entre futebol e religião o atrapalhou. Na convivência com Dunga, era Jorginho quem tinha a visão tática do jogo. Estudava os adversários e era decisivo na escolha do esquema. Foi assim que o Brasil conseguiu ganhar a Copa América, Copa das Confederações. E obteve classificação tranquila nas Eliminatórias.
Após a Copa ele sofreu rejeição dos grandes clubes do Brasil. Foi contrato para tentar salvar o Goiás que caminhava para o rebaixamento. Não suportou dois meses. Deu a volta por cima no Figueirense.
Em Santa Catarina também ouviu a recomendação em relação à religião. Não misturou as estações e fez ótimo trabalho. De lá foi para o Kashima Antlers.
Ganhou a Copa do Japão, a Nabisco e Suruga. Voltou ao Brasil.
Estava desempregado até que surgiu a proposta do Flamengo. Ele aceitou o salário de R$ 300 mil. Menos da metade do que recebia Dorival Júnior, R$ 620 mil. Sabe que a situação financeira do clube é difícil. Por isso exigiu tempo para trabalhar. E ganhou. Assinou contrato por dois anos na Gávea.
O tetracampeão mundial pela seleção sabe que não contará com grandes reforços. Pelo menos neste primeiro momento. Mas há a perspectiva das coisas melhorarem no segundo semestre.
A diretoria espera, ansiosa, que se resolva a situação entre Caixa e Corinthians. O banco estatal negocia com o Flamengo.
Mas independente disso, Jorginho tem de trabalhar. Priorizando o futebol e não a religião. Os cultos serão proibidos. Como passaram a ser com Vanderlei Luxemburgo.
Jorginho só não quer ser perseguido por ser evangélico. Como já dizia nos tempos do Figueirense. “Aprendi a separar as coisas. As pessoas também precisam ir por esse caminho. Me julgar como treinador. Não como religioso…”
Fonte: Cosme Rímoli
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