Perda de prestígio e alto custo previam desgaste de Dorival com nova diretoria.

Postado em: 17 de mar de 2013.

Não chegou a ser um processo de fritura, como ocorrera com Vanderlei Luxemburgo no início do ano passado, mas a saída de Dorival Júnior do Flamengo, definida neste sábado, era desenhada há algum tempo. Com contrato até o fim do ano, o treinador foi mantido no cargo pela nova diretoria. Em caso de demissão, custaria um alto valor ao clube por conta da multa rescisória. Mas Dorival jamais esteve prestigiado pela gestão de Eduardo Bandeira de Mello. Pesava o fato de ter sido escolhido por Zinho, então diretor de futebol de Patricia Amorim. Nas últimas semanas, o técnico passou a ter decisões contestadas internamente, estava arredio e distante de ser unanimidade, inclusive entre os atletas. Os sinais de desgaste ficaram ainda mais evidentes depois da derrota por 3 a 2 para o Resende, de virada, na última quarta-feira, no Engenhão.

Neste sábado, ao confirmar a saída do treinador, a diretoria alegou que não houve acordo por redução salarial. Dorival se reuniu com Wallim Vasconcellos, vice de futebol do clube, que propôs um corte de 50%. O técnico disse que aceitaria reduzir 40% de seus vencimentos agora, e o restante em julho, quando estava previsto um reajuste de seu salário, mas o clube ficou irredutível. Sem acerto, optou-se pelo desligamento. O preço da comissão técnica não se enquadrava na nova realidade financeira do clube. Até o fim do ano passado, Dorival recebia R$ 450 mil mensais. Celso de Rezende e o auxiliar Ivan Izzo ganhavam R$ 90 mil. Já Lucas Silvestre, filho e auxiliar do técnico, tinha um salário de R$ 25 mil. O quarteto passaria a custar ao clube cerca de R$ 1,2 milhão a partir do próximo mês de maio. A remuneração do treinador chegaria perto da casa de R$ 800 mil, o que o colocaria no patamar dos mais bem pagos do país.

Além do preço, algumas decisões do treinador não agradaram. Na semana passada, por exemplo, Paulo Pelaipe falou abertamente sobre a opção de Dorival de deixar Nixon fora do banco de reservas na semifinal da Taça Guanabara, contra o Botafogo. O treinador alegou que o atacante estava machucado, mas o dirigente garantiu que foi uma opção técnica.

A maior parte da diretoria também criticou internamente a forma como o técnico escalava o meia-atacante Carlos Eduardo, principal reforço do time nesta temporada. O jogador vinha sendo utilizado como ponta pela esquerda, mas não conseguiu render.

O estilo de Dorival começava a gerar insatisfação entre alguns jogadores. O hábito de realizar longas reuniões antes e depois dos treinos, inclusive na frente da imprensa, não agradava.

O treinador nunca esteve completamente à vontade desde que atual gestão assumiu. Com a derrota de Patricia na eleição, no início de dezembro, e a saída de Zinho, que não aceitou virar um subordinado do diretor executivo Paulo Pelaipe, Dorival também virou dúvida. A incerteza sobre a permanência se dava principalmente pela decisão de Pelaipe de fazer mudanças na comissão técnica. O diretor fazia questão de trazer um preparador físico de sua confiança para substituir Celso de Rezende, braço direito do comandante e amigo de longa data. Na segunda quinzena de dezembro, um encontro entre Dorival e a cúpula de futebol definiu a permanência, mas o treinador não conseguia ficar completamente confortável no cargo. Esse fato, inclusive, foi tema de debate entre  Zinho e o técnico no fim do ano passado.

Dorival chegou ao Flamengo em meio ao Brasileirão de 2012, em substituição a Joel Santana, que havia sido demitido. No total, ele comandou o time em 37 jogos, com 15 vitórias, 12 empates e 10 derrotas (aproveitamento de 51,3%).

Em 2013, conseguiu campanha quase irretocável na primeira fase da Taça Guanabara (sete vitórias e um empate), mas acabou eliminado na semifinal, diante do Botafogo (2 a 0). A estreia na Taça Rio não foi animadora: derrota de virada para o Resende (3 a 2), no Engenhão.

O grupo do Flamengo está de folga neste domingo e volta a treinar na tarde desta segunda-feira. Caso o novo treinador ainda não tenha assumido, a tendência é que Jayme de Almeida, auxiliar técnico permanente do clube, coordene as atividades.

E aí Nação, o que vocês acharam? Aqui você é o comentarista!

Coluna do Flamengo

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