Neste post faço uma das coisas que mais gosto, que mais atrai os leitores e uma das que mais dá discussão e polêmica: pitacos sobre o futuro. Mas, como sou um jornalista honesto, além de lembrar algumas charadas que matei, também dou, na segunda parte do post, a mão à palmatória em dois assuntos. Vamos à Copa do Brasil, cuja atual edição está fantástica. Começo lembrando alguns comentários sobre a fase que se encerrou quinta-feira – não reproduzo na íntegra para não cansar os leitores.
Copa do Brasil: passando a limpo as previsões.
GRÊMIO X CORINTHIANS – ”jogando a segunda em casa, o time de Renato Gaúcho, pode, sim, beliscar a vaga”. “ainda cravo Corinthians. Mas dando uma leve piscada”.
ATLÉTICO-PR X INTERNACIONAL – “o momento do Atlético-PR é mágico. O Inter paga um preço previsível por não ter “casa” enquanto o Beira-Rio não se aprontar. Não dá para apostar alto, mas acho que, com tudo isso e mais o fato de jogar a segunda em casa, o Furacão tem mais chances de avançar”.
VASCO X GOIÁS – ”Coloque tudo isso no liquidificador, ligue, deixe dois minutos batendo e… o líquido que entra no copo é da cor… verde. Vamos de Goiás”.
FLAMENGO X BOTAFOGO – “o Flamengo, em clássicos domésticos, remove montanhas”. ” aposto (…) uma ou duas fichas no Flamengo.”
Consegui 75% de acerto, não está mal, e os outros 25% podem ser creditados ao senhor Alexandre dito “Pato”. Vamos então ao futuro:
ATLÉTICO-PR X GRÊMIO – O mais equilibrado dos dois confrontos. Se o Grêmio não jogasse a segunda partida em casa, eu tenderia a apostar sem piscar no Furacão, que está em momento inspirado, o time está sólido, o jogo é consistente. O Grêmio tem ido adiante na força da camisa, na qualidade individual do elenco, e na capacidade que Renato Gaúcho sempre teve de manter o grupo ligado, motivado a vencer. Mas o time de Mancini não deve se intimidar com “apenas” isso. É equilibrado, jogo para poucas vantagens, e será decidido no jogo de ida, na Capanema, onde o Atlético terá de jogar a vida. Aposto nos paranaense, mas sem a menor confiança.
GOIÁS X FLAMENGO – Evidentemente que ninguém chega a uma semifinal de Copa do Brasil – ainda mais esta edição, que teve os melhores do país – se não tiver caixa para ir à final. O Goiás tem, e a prova disso é a bela campanha no Brasileiro, no qual está à frente do Flamengo. Mas o rubro-negro carioca já removeu duas montanhas para muitos instransponíveis, que atendem pelos nomes de Cruzeiro e Botafogo. Seria no mínimo contraditório que o time deixasse a peteca cair e fosse eliminado, decidindo em casa, pelo Goiás. Mas é bom que o time de Jayme jogue rigorasamente como jogou contra os dois citados, ou mais. Se jogar menos, se cair na tentação de achar que o Goiás será meio milímetro mais fácil que os rivais anteriores, o Flamengo quebrará a cara gloriosamente. Calculando que Jayme conseguirá manter o time focado, acho que vai dar Flamengo.
REFORMULANDO… – A primeira palmatória: após o jogo entre Flamengo e Botafogo, pelo returno do Brasileiro, fiz críticas a Paulinho, lembrando que ele estava “inspirado” e não acertou uma opção de jogada sequer. Não chega a ser uma reformulação completa, mas devo dizer que Paulinho, na Copa do Brasil, deu um show de bola, talento e disciplina tática. Desta vez ele estava inspirado sem aspas, acertou todas as opções que fez. Parabéns a ele. Que continue assim, tem tudo para brilhar no futebol. Mas continuo perguntando a Jayme de Almeida – a quem cada dia mais admiro como profissional e como figura humana – porque Rafinha é sempre a última substituição, entrando todas as vezes depois dos 40 minutos do segundo tempo. Entra todo mundo, Bruninho, Val, Adrian, o massagista, o porteiro, Cantarelli… só não entra Rafinha. Por quê?
A segunda palmatória (esta sim, um autêntico mea culpa): sempre defendi Alexandre Pato. Sempre pedi sua convocação, mesmo quando vinha mal na volta ao Brasil. Fui muito ofendido aqui por causa dele. Mas depois do que ele fez quarta-feira na Arena do Grêmio, eu entrego os pontos. Não há mais como defender. Continuo vendo em Pato um jogador diferenciado. Bom de bola, talentoso, com recursos, com todos os fundamentos para ser um craque e para ser até titular da Seleção.
Mas Pato precisa fazer o que, no linguajar popular, se chama “virar homem”. Explico: todas as vezes em que é criticado, ele se mostra como um jovem mimado: “As pessoas têm que entender que eu tenho só 24 anos”. Gente, aos 24 anos Pelé já era bi campão do mundo, Ronaldo já tinha duas Copas no currículo, milhares de brasileiros são chefes de família tendo que se equilibrar na corda bamba do salário contado. Pato, com a idade que tem, já conquistou o Mundial de clubes pelo Inter, jogou no Milan, na Seleção, no Corinthians… O que mais precisa para se sentir preparado para ser protagonista? Até quando ele acha que a vida vai lhe colocar as coisas no colo – algumas, de fato, ela colocou – e fazer com que, diante de um gigantesco Dida, conhecido pegador de pênaltis, fará a bola entrar mesmo batida com uma patética cavadinha?
Imaginemos a seguinte situação: final da Copa de 2014, Maracanã, Brasil x Argentina. Empate com bola rolando. Decisão por pênaltis. 4 x 4. Messi bate o quinto e marca para a Argentina. Quem bate o quinto pelo Brasil? Pato, que entrou no segundo tempo, recebe a bola e parte para ajeitá-la. Alguém sinceramente acha que isso é possível? Que Felipão vai deixar Pato no elenco, para correr o risco de precisar dele? Claro que não. Ainda bem.
Já vi entrevistas dele em que contou que já fez terapia, para se conhecer melhor enquanto estava na Europa. Talvez seja preciso voltar. Ou, se ele ainda está em tratamento, colocar essa questão no divã.
Fonte: Entre as Canetas
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