Peron: “Berrío nos lembrou que os dribles decidem – e como eles estão raros”

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A finalização foi de Diego, mas, do gol que levou o Flamengo para a final da Copa do Brasil de 2017, todos vão sempre lembrar do drible excepcional que o atacante colombiano Berrío aplicou no lateral Victor Luis. Em um curto espaço de campo, ele pensou muito rápido, teve habilidade para usar o calcanhar, se livrar o adversário e servir Diego, que mandou a bola para o fundo das redes. Na jogada, não é nenhum exagero dizer que o gol já estava desenhado no momento que Berrío passou pelo lateral botafoguense. 

O lance do colombiano no Maracanã nos lembra também que temos poucos dribladores no futebol brasileiro, que contraria as raízes e a essência do nosso futebol. As fintas são pouco utilizadas nos nossos gramados atualmente.

Temos jogadores que dão um toque forte para frente e tentam ganhar do adversário na velocidade, mas são poucos aqueles que grudam a bola do pé e arriscam driblar dois ou três adversários no mesmo lance, ou bater o adversário em um curto espaço de terreno como fez Berrío.

Tenho certeza que se fosse um jogador brasileiro no lance do gol do Flamengo, o atleta, no lugar de tentar passar pelo adversário, chutaria a bola no zagueiro para ganhar um escanteio.

Muitos podem pensar, que com o jogo coletivo que se tenta atuar no momento, não há espaço para o jogador que dribla, pois só rodando a bola de um lado para outro – ou fazendo triangulações rápidas – é possível furar um bloqueio defensivo. Sim, a troca de passes rápidos ajuda, mas um ou mais dribles ajudam muito, como aconteceu no gol flamenguista.

Com os times se defendendo basicamente em linhas, apenas uma finta faz todo o time que está se defendendo se deslocar, pois é preciso ser feita a cobertura do jogador que foi batido. Se acontecerem duas fintas em sequência, o caminho vai ficar mais aberto ainda.

Infelizmente não contamos mais com dribladores como Canhoteiro, Garrincha, Edu (Santos), Joãozinho (Cruzeiro), Rivellino, Edmundo, Djalminha, Romário e tantos outros por uma grande razão: o drible e os lances individuais não são mais estimulados.

Com os meninos começando cada vez mais cedo treinar em clubes, os técnicos da base praticamente impedem que os garotos driblem. Qualquer garoto que segura a bola em jogos de pequenos já toma um bronca do cara que se diz treinador: “passa a bola”. Se o menino tenta mais uma firula, ele vai ser sacado do time.


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Não faz muito tempo, o garoto “aprendia” jogar bola na rua, na praia ou em um campo ruim e desenvolvia suas habilidades para controlar e conduzir a bola em qualquer situação e também driblava sem parar. Os que tinham mais habilidade não davam um passe sem aplicar uma ou duas fintas.

Quanto mais o zagueiro entrava seco, mais humilhante era o drible. E aí surge outro motivo para diminuir número de dribladores. Não sei qual foi a razão, mas a finta se tornou sinônimo de desrespeito ao adversário, quase um crime. Qualquer perna-de-pau, quando driblado passou a tirar satisfações do adversário. O cara com habilidade para fazer uma jogada individual passou a ser tratado com aquele que só faz firula e torna o time lento.

Peço desculpas para aqueles que defendem um futebol mais tático e dentro de padrões e repetições. Tudo isso pode ser muito importante, mas no futebol, o drible, como acontece com o gol, sempre será fundamental.

Fonte: Blog Peron na Arquibancada | globoesporte.com

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  • mas a finta se tornou sinônimo de desrespeito ao adversário, quase um crime. Pura verdade. Me da uma raiva tão grande quando o jogador toma o drible e vai reclamar.

  • “Tenho certeza que se fosse um jogador brasileiro no lance do gol do Flamengo, o atleta, no lugar de tentar passar pelo adversário, chutaria a bola no zagueiro para ganhar um escanteio.” Isso não é coisa só de jogador brasileiro, o próprio Berrio faz muito. Há outros no elenco, como o Everton. Dá pra corrigir isso no dia a dia, orientando os jogadores.

  • Falou só besteira. Everton Ribeiro, lindos dribles, aquele lençol inesquecível no CB2013.
    Paulinho drible inesquecível na semifinal com Goiás 2013. Vinícius Jr e o seu triplo lençol esse ano, drible no goleiro no jogo passado. Se fosse jogador brasileiro (tem um monte de brasileiro aí mané, abre o olho)

  • a extinção do drible, condizente com essa geração toddynho que vivemos. do politicamente correto, onde qualquer ideia ou ação que seja diferente do “pensamento comum” é criticada

    • Nem vejo isso como problema do politicamente correto e sim, como vc falou, problema dessa geração que entende tudo como sendo uma ofensa, uma humilhação.

  • Berrio e o drible da “Vaca Letreira” fez o Maracanã tremer e a nação recordar dos bons e velhos tempos do futebol arte que há tanto está fazendo falta.
    SRN

  • Realmente o lance fez lembrar os melhores momentos de Maracanã lotado com grandes craques em campo…parecia que berrio e diego combinaram em brindar a torcida com o lance!!

  • O drible faz parte da alegria do futebol. Acho ridículo os caras que são driblados, ou não, apenas uma tentativa que não se concretizou, e já ficam com raiva, vão bater no jogador que arriscou um lance diferente. Isso que deveria ser extinto no futebol, não o drible. Mais ousadia e alegria sim!

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