“A felicidade de um preto, brasileiro, vitorioso na Europa, incomoda”. Com essas palavras, Vinicius Junior respondeu as ofensas e ameaças sofridas nos últimos dias. O Cria do Flamengo se pronunciou oficialmente pela primeira vez sobre o caso de racismo na noite desta sexta-feira (16). O atacante do Real Madrid foi chamado de ‘macaco’ e intimidado a parar com as danças nas comemorações dos gols pelo time espanhol.
— Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho nos olhos haverá guerra. Tenho essa frase tatuada no corpo e tenho atitude na minha vida que transforma essa filosofia em prática. Dizem que felicidade incomoda. A felicidade de um preto, brasileiro, vitorioso na Europa, incomoda muito mais. Mas a minha vontade de vencer, o meu sorriso e o meu brilho nos olhos são muito maiores do que isso. Eu não vou parar! — disse o Cria do Ninho, em vídeo publicado nas redes sociais.
VEJA O DEPOIMENTO
Na quinta-feira (15), o presidente da Associação de Agentes Espanhóis, Pedro Bravo, disse que o atleta tinha que “deixar de ser macaco” e parar de dançar no momento das celebrações dos gols. No mesmo dia, Koke, capitão do Atlético de Madrid (ESP), deu a entender que ocorrerá uma ‘confusão’ caso o Vini Junior marque um tento e comemore como de costume no clássico com o Real Madrid (ESP), que será neste domingo (18).
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Após a repercussão do caso, torcedores criaram a campanha virtual “#BailaViniJr”, em apoio ao Cria do Flamengo, ao longo de toda sexta-feira (16). A hashtag foi uma das mais publicadas no mundo ao longo do dia. Além de Vini Junior, Real Madrid, Fla e diversos craques internacionais declararam solidariedade ao jogador.
FALA DE VINI JR NA ÍNTEGRA
“Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho nos olhos haverá guerra. Tenho essa frase tatuada no corpo e tenho atitude na minha vida que transforma essa filosofia em prática. Dizem que felicidade incomoda. A felicidade de um preto, brasileiro, vitorioso na Europa, incomoda muito mais.
Mas a minha vontade de vencer, o meu sorriso e o meu brilho nos olhos são muito maiores do que isso. Fui vítima de xenofobia e racismo em uma só declaração, mas nada disso começou ontem. Há semanas, começaram a criminalizar as minhas danças. Danças que não são minhas, são do Ronaldinho, do Neymar, do Paquetá, do Pogba, do Matheus Cunha, do Griezmann e do João Félix. Dos funkeiros e sambistas brasileiros, dos cantores latinos de reggaeton e dos preto americanos.
São danças para celebrar à diversidade cultural do mundo. Aceitem! Respeitem! Ou surtem. Eu não vou parar. Não costumo rebater críticas públicas, sou atacado e não falo. Sou elogiado e também não falo. Eu trabalho, e muito. Dentro e fora de campo. Desenvolvi um aplicativo para auxiliar a educação das crianças de escolas públicas sem ajuda financeira de ninguém. Estou fazendo uma escola com o meu nome e farei muito mais pela educação. Quero que as próximas gerações estejam preparadas como eu estou, para combater racistas de xenofóbicos.
Sempre tento ser um exemplo de profissional e cidadão, mas isso não dá clique e não engaja em redes sociais. Então, os covardes inventam algum problema para me atacar. E o roteiro sempre termina com um pedido de desculpas ou um ‘fui mal interpretado’. Mas repito para você, racista, eu não vou parar de bailar! Seja no sambódromo do Bernabéu ou onde eu quiser. Com carinho e sorrisos de quem é muito feliz, Vini Jr”.
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