Postado em: 19 de mar de 2013.
A postura da recém empossada diretoria do Flamengo quanto às finanças do clube carioca promoveu uma mudança significativa nos últimos dias. No sábado, Dorival Jr. foi demitido por não aceitar a redução salarial proposta pelo Rubro-negro, e já nesta última segunda-feira o tetracampeão Jorginho foi apresentado na Gávea como novo técnico. O apresentador Luis Roberto questionou os altos valores dos técnicos diante de um cenário que muitas vezes é deficitário.
– Vivemos um momento em que o futebol está gastando um dinheiro que ele está se recusando a arrecadar. Como se pode ter um técnico de 3 milhões de euros por ano e jogar para mil pagantes? – questiona o apresentador.
Para o jornalista Wagner Vilaron, o valor recebido pelos treinadores e outros personagens do futebol não seria o problema, já que vê esse patamar andar de acordo com a lei de mercado do esporte, mas sim a falta de responsabilidade de quem contrata profissionais que não pode pagar.
– De fato é complicado quando se raciocina desse ponto de vista. Mas tem o outro lado. Os clubes brasileiros nunca arrecadaram tanto dinheiro. Dependendo do caso, certos profissionais justificam um investimento maior, mesmo que seja acima da média. Em outros casos surge o desespero do clube, que está numa situação complicada e fica refém da pedida do treinador. Mas se tem quem pague, acho que não tem problema nenhum o sujeito receber. O que tem que se cobrar é a responsabilidade de quem faz a proposta. Acho que neste ponto é que o Flamengo está mudando – ressalta o comentarista.
O jornalista Bob Faria também afirma que o principal problema é com a responsabilidade de quem dirige e planeja.
– Acho que o problema passa pela responsabilidade de quem assina o cheque. No momento em que faz o planejamento e deixa de ter responsabilidade pelo buraco que vai deixar, ele faz qualquer maluquice. E isso está mudando. Não faltam exemplos hoje no futebol brasileiro de times que passaram por saneamento em suas finanças e conseguem fazer equipes muito competitivas de maneira muito responsável.
Vilaron vê a saída de Dorival Jr. como um fato natural diante da circunstância que vive o Flamengo, agora sob a presidência de Eduardo Bandeira de Mello.
– Lamento essa saída de técnico, mas no caso específico do Dorival acho natural, porque houve uma mudança de diretoria e filosofia no Flamengo. E fazer essa mudança com um profissional que já vem do tempo da mentalidade antiga talvez fique mais difícil. O novo técnico, o Jorginho, já chega com essa nova mentalidade.
Bob Faria também destaca que o clube carioca pode dar um passo importante para mudar sua própria imagem.
– Até muito recentemente, o que a gente via, especialmente no Flamengo, era que isso estava no DNA do clube, de ser essa bagunça. Parece que está no topo da pirâmide do Flamengo a frase do Vampeta que ninguém esquece: “Eu finjo que jogo e eles fingem que pagam”. Se isso mudar na concepção do clube, talvez ele consiga se reestruturar e ganhar credibilidade.
Fonte: GE
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