(Apressados que querem uma resposta rápida sem entender o contexto podem descer ao 14o parágrafo lá embaixo no texto)
De tempos em tempos a Europa gera e vive sua revolução tática
no mundo do futebol. Algo que (quase) sempre é seguido e admirado pelo resto do mundo. E a moda agora é atualizar os esquemas que eram a “sensação” até dois anos atrás (4-3-3 ou 4-2-3-1 ou 4-1-4-1) para uma “nova” versão com três zagueiros (re)batizada de 3-4-3!
Até mesmo seleções como a Itália e a campeã Alemanha reposicionaram seus jogadores para aderir ao 3-4-3. No caso dos germânicos, que venceu a Copa das Confederações atuando com Mustafi, Rudiger e Ginter na zaga, podemos dizer que sim, houve sucesso, mas não podemos esquecer que aquilo pode ter sido apenas um “teste” de J. Löw e não uma mudança definitiva.
No resto da Europa a tendência está em andamento sem percebermos
Nos campeonatos Alemão e Italiano a mudança para o esquema da moda foi pouco sentida, pois eles têm uma cultura de variação tática e mudanças progressivas. Apenas o Hoffenheim e o Borussia Dortmund o usaram de forma definitiva na Bundesliga.
Na Itália, além disso, usar esquemas com três zagueiros é algo corriqueiro desde que a bola chegou por lá! Por isso nem reparamos que a Juventus usou o 3-4-3 desde o início da sua era de glórias recentes, com Bonucci e Chiellini quase sempre jogando ao lado de Barzagli. Mas havia alteração para o famoso 4-2-3-1 sempre que desejava, ou até iniciando jogos nesta última formação (neste caso Barzagli dava lugar a Cuadrado, que entrava no meio).
A Espanha parece ter sido a única que não gostou do 3-4-3. Porém, só parece… porque no final da temporada pudemos até mesmo notar alguns jogos com Piqué, Umtiti e Alba fazendo o trio defensivo no Barcelona.
Mas como funciona esse 3-4-3 da moda atual?
A verdade é que qualquer equipe pode já ter atuado no esquema da moda sem sequer termos notado. Isso porque o velho 3-5-2 se comporta como o novo 3-4-3 dependendo das características da equipe e das condições de jogo. Basta que se abram dois pontas e deixem dois meias com capacidade de criar jogadas, ajudando os laterais ofensivos e, pronto, já está montado o esquema (pelo menos ofensivamente)!
Sem a bola, os times se assemelham muito. Eles se defendem numa espécie de 5-4-1 com os três zagueiros bem plantados e os laterais (que são ofensivos com a bola) recuando até a linha de zaga. Os dois pontas do ataque voltam para ajudar a linha dos dois meias centrais (observem que na Europa não há mais distinção entre só volante ou só armador, os meias tem que atuar em ambas as funções). E o centroavante, seja ele fixo, ou flutuante, fica esperando a bola do contra-ataque.
Ofensivamente o 3-4-3 é mais evidente com 2 meias centrais, 2 laterais ofensivos e 3 atacantes,
que aí sim, dependendo de suas características, atuam tabelando mais com os laterais ou mais com o centroavante. Os zagueiros abertos tem que ser rápidos para o caso de contra-ataque, e o central precisa ser bem tático pois é ele quem vai “guiar” o posicionamento defensivo.
No Brasil já houve algo parecido
Num passado nem tão distante, dois técnicos brasileiros tiveram sucesso atuando com três zagueiros. Felipão ganhou nossa última Copa do Mundo com Lúcio, Edmilson e Roque Jr. Entretanto, seu 3-5-2, no início, flertava com o 3-4-3. Isso porque Juninho Paulista iniciou a competição de titular, com Ronaldinho e Rivaldo atuando mais adiantados pelos lados. Só com a entrada de Kleberson no lugar de Juninho, do meio para o final da Copa, é que passamos ao 3-5-2 de fato. Assim, Ronaldinho atuou mais centrado, com Rivaldo solto no ataque ao lado do Ronaldo.
O outro técnico foi Muricy. Tricampeão brasileiro pelo São Paulo jogando com três zagueiros, entre os quais participaram da campanha: Miranda, Fabão, Alex Dias, Lugano, Alex Silva, Breno
e Edcarlos. Todos eles atuando no 3-5-2, mas curiosamente, já dando sinais de que um 3-4-3 era possível.
Muricy dizia que o 3-4-3 podia funcionar no Brasil mas os zagueiros precisavam ter saída de bola. Ele estava em processo de maturação de sua equipe no momento em que deixou o São Paulo mas isso mostra que no Brasil há espaço para que as coisas funcionem também. Basta ter jogadores com as características certas.
Enfim, será que o Flamengo poderia atuar no 3-4-3?
A resposta é sim. Temos jogadores para atuar pelo meio e pelas pontas, laterais ofensivos e centroavantes que sabem se posicionar. A única coisa que nos falta são zagueiros com inteligência tática (aliás, falta em todo Brasil), principalmente para fazer aquela função central. Porém, como estamos no meio da temporada, Rueda teria bastante tempo para ensinar, treinar e testar nossa trinca de zaga até o ano que vem.
Além disso, a dupla de volantes (seja ela quem for) é o grande problema da equipe até agora. Se não conseguimos achar uma dupla ideal, por que não abandonar de vez esse tipo de posição que já está obsoleta no resto do mundo?
Nosso trio de ataque manteria as características com Everton (Vinicius), Berrío (Geuvânio) e Guerrero (Vizeu). O meio ficaria com Trauco (Renê), E.R. (Arão/Paquetá), Diego (Mancuello/Conca) e Rodinei (Pará). A defesa manteria os jogadores atuais. Mas, para a posição de zagueiro central vejo apenas duas possibilidades (não significa que darão certo): Rhodolfo e Rômulo.
Rhodolfo mostrou muita inteligência tática, pois veio recentemente da Europa. Todavia, sua técnica já não se mostra tão apurada. Nada que não possa ser treinado e melhorado. O problema seria a lentidão da zaga lateral com Réver e Juan.
Já o Rômulo tem técnica melhor, mas não foi possível perceber sua inteligência tática, pois perdeu espaço para Cuéllar e Márcio Araújo. O que pesa a seu favor é que sabe jogar de zagueiro numa eventual emergência. Por isso penso que seria mais fácil treiná-lo para uma função defensiva central, com saída de bola e cobertura da defesa. Neste caso Juan voltaria pra reserva.
A princípio, quem perderia espaço com essa formação 3-4-3 seria o Cuéllar, que é um bom jogador, mas não é tão criativo a ponto de barrar Diego ou Éverton Ribeiro, e nem tão defensivo a ponto de substituir qualquer um dos zagueiros. Mas como ele já se mostrou disposto, não duvido que possa ser uma grata surpresa em uma possível mudança de posição.
Restam agora as perguntas: será que ficaríamos ofensivos demais? Será que teríamos a proteção defensiva adequada? E o equilíbrio do time?
Tudo isso deveria ser treinado e testado ainda este ano. Contudo, acredito que temos grande potencial para dar certo. Neste esquema, Diego e Éverton Ribeiro devem ser defensivos, sem ser agressivos. E devem ser ofensivos, sem ser irresponsáveis. Creio que ambos têm maturidade para tal, como seus reservas.
Diego já demonstrou que é inteligente o suficiente até para atuar de falso volante, algo que fez diversas vezes com Zé Ricardo. Então não seria problema algum atuar como meia de estilo europeu, voltando e avançando. O mesmo podemos dizer de Éverton Ribeiro, que não é um exímio marcador, mas também não é um burro defensivo, porque ele já foi lateral no passado. Sua consciência tática o permitiria ser um dos dois homens de meio com certa facilidade.
Nossos reservas Mancuello, Conca e Arão também já atuaram tanto de volante quanto de armadores, em determinados momentos. Então, eles sabem como é. Isso tudo sem falar que a proteção do sistema defensivo com três zagueiros, quando bem treinados, é maior.
Por tudo isso, é possível afirmar que temos elenco para atuar satisfatoriamente no 3-4-3. Se dará certo ou não, se seremos campeões ou não, infelizmente, não depende apenas de uma equipe só.
A análise tática apresentada aqui foi apenas uma conjectura sem qualquer evidência de que Rueda esteja pensando em mudar o Flamengo. Mas caso o faça, será muito bem vinda!
Bruno Prado
___________________________________________________
Quer ver sua coluna publicada aqui no site? Envie para o e-mail redacao@colunadofla.com
Veja mais:
David Luiz desfalcou o Flamengo em jogo contra o Cuiabá por conta de um mal-estar…
Alexsandro, do Lille (FRA), jogou com Vini Jr na base do Flamengo e hoje brilha…
Flamengo está classificado para disputar o Mundial de Clubes 2025, que irá acontecer nos Estados…
Filipe Luís comandou atividades na manhã desta sexta-feira (22), no CT Ninho do Urubu O…
Além dos convocados, Gabigol também participou do treino nesta sexta-feira (22) O elenco do Flamengo…
Flamengo fez história e venceu o River Plate (ARG) de virada, por 2 a 1…
Ver comentários
Péssima análise tática!!! O Flamengo já marca ruim e tu queres mudar para um esquema q piorará tal situação. Menos...
Até daria pra fazer um teste em alguma partida menos relevamte ou em jogos treinos, mas colocaria o E.Ribeiro no lugar do Berrío, e pra posição do meia direita/ volante colocaria o Cuellar, e pro lugar do Rodinei colocaria o Arão, assim o time não perderia tanto poder de marcação no meio, e ainda teria qualidade na saída de bola com Cuellar e Arão, sem falar que Trauco jogaria naquela que pra mim é melhor posição pra ele, mais avançado.
https://uploads.disquscdn.com/images/182c77bd4370e3d6d1e52a1b93b2b35f17513b4799f28a308d7a1b9f2974656a.jpg
Tbm achei a analise fraca mas cada um tem sua opinião. O Chelsea jogava no 3-4-3 somente num momento ofensivo no momento defensivo virava um 5-3-2 básico. Acho q ai que entraria o esquema no Flamengo com Everton e Berrio de alas, ER e Diego na armação, Cuellar na volancia e na frente Guerrero e Vinicius JR.
Rever é extremamente lento. Ele não funcionaria de jeito nenhum.
Réver é zagueiro espanador, pra jogar com ele tem que ter um zagueiro jovem e mais técnico, se o Juan fosse uns 15 anos mais jovem daria uma dupla imbatível.
Por mais que vários times tenham mudado, só tiveram um destaque e volume de jogo os que encontraram alguém rápido pra jogar pela zaga lateral, como no Chelsea.
O Renê poderia ser esse jogador: rápido, marca bem.
Everton Ribeiro e Diego no meio deve ser lindo de ver jogar em situações de jogo. Tiraria um dos pontas, voltaria com o Ribeiro pra posição dele, e entraria com Cuellar (nossa espécie de Kante colombiano kkkk)
Em resumo, gosto desse esquema pelo fato de oferecer algo que não se tem no Brasil: novidade! Como vai marcar os meia? Todos já estão acostumados a espelhar o esquema é encaixar marcação. Dificulta muito.
Variações como essa gerariam novas opções e dificuldade para os adversários
Mas, não precisa ser totalmente ofensivo. O Chelsea jogava com Kante e Matic muitas vezes. O coletivo equilibrado vai ser mais efetivo que peças ofensivas por si só.
O Corinthians está aí pra mostrar que organização é mais eficiente que valores individuais. Diego e Everton Ribeiro não são jogadores pra destruir e ter pegada no momento defensivo.
Boas ideias,vem falando isso faz tempo, termos muitos zagueiros, volantes e meias no Elenco.
Não funciona pelo simples motivo que o jogador brasileiro é preguiçoso e burro demais pra esquemas táticos, talvez se pegar uma molecada e alguns pernas de pau como o Jair faz no Botafogo e o Carille faz no Corinthians funcione, mas com um elenco cheio de estrelinhas que se acham maiores que o técnico fica complicado. Diego e ER, Guerrero, Everton e Berrio numa linha de frente onde não há um volante e um LE ruim de marcação, com uma zaga lenta dessas seria sacolada em cima de sacolada. Qualquer esquema tático só funciona no Brasil se o time estiver vencendo e ganhando títulos, caso contrário, pode ser o melhor esquema do mundo, se perder 3 ou 4 seguidas o técnico vai rodar.
Requer tempo para treinamento e alguns jogadores que não existem no nosso elenco. Zagueiros velozes principalmente. Ao contrário dos entendidos abaixo, eu gostei do texto. Melhor que muitas porcarias que lemos na coluna.
Na prática estaríamos trocando 2 cabeças de área por + 1 zagueiro lento na defesa? Imaginar que Diego e ER voltem para marcar é imaginar demais. É time de índio, só atacam.
Demorou até, 3-2-4-1 disfarçado de 3-4-3 para ter solidez defensiva, meio campo forte e velocidade nos contra-ataques.