Não foi uma vitória brilhante e nem precisava ser. Numa partida cuja escalação tinha Márcio Araújo e Gabriel titulares e que parecia o trailer de um filme que nenhum de nós gostaria de assistir, o Flamengo basicamente cumpriu seu dever de casa, marcando logo no começo da partida e depois lentamente cozinhando o jogo no fogo mais baixo possível até que ela acabasse ou o time do Sport moresse de tédio.
E ainda que com alguns destaques, como Éverton Ribeiro tentando deixar claro que tem bola demais para dividir um banco de reservas com atletas como Rafael Vaz e Geuvânio, e o Flamengo demonstrando sua frequente capacidade de se ausentar do campo durante as próprias partidas, fazendo com que quase tomássemos um empate de um confuso time do Sport que ainda contava com um jogador a menos, a principal novidade da partida foi realmente o retorno de Alex Muralha.
Outrora titular absoluto do Flamengo e parte do grupo da seleção brasileira, Muralha viveu esse ano uma espiral descendente, tanto técnica quanto psicologicamente, o que o levou não apenas a perder a posição de titular do time no Brasileirão, substituído por Diego Alves, como também na Copa do Brasil, em que o o titular na primeira partida foi Thiago, que provavelmente seria mantido no jogo decisivo, mesmo após a falha infantil no gol de empate do Cruzeiro.
E ainda que poucas coisas possam dizer “o seu ano está sendo ruim” tanto quanto “numa enquete de portal entre você e um goleiro que acabou de falhar numa jogada decisiva de uma final de campeonato a maioria da torcida escolheu a opção b”, o destino, que gosta de pregar peças, decidiu colocar uma lesão no caminho do jovem goleiro, colocando como opções para Rueda apenas Alex Muralha ou o recém-promovido Gabriel Batista, um goleiro que parece tão jovem que você o vê sentado no banco e se pergunta se os pais dele sabem que ele está ali.
Então agora Muralha, que já foi a primeira, a segunda e havia se tornado a terceira, subitamente é a nossa única opção. E não resta pra torcida rubro-negra outro recurso senão abraçar o nosso goleiro.
Primeiro por esse motivo óbvio de que realmente não existe outra possibilidade. Muralha vai ser o nosso goleiro titular contra o Cruzeiro independente das nossas opiniões e do nosso nível de confiança em suas capacidades. Diego Alves não pode jogar, Thiago não vai se recuperar até lá, Gabriel não vai pedir pra brincar no gol durante um rachão e descobrir que o tempo todo era o novo Gordon Banks baiano e estava apenas sendo utilizado na posição errada. Questionar Muralha agora se torna contraproducente pelo simples fato de que, se você tirar o nosso goleiro, não vai ter nada para colocar no lugar.
Depois porque, por pior que seja a fase recente e por mais que nunca tenha sido um goleiro de futebol exuberante, Muralha teve, sim, boas atuações, tanto que se destacou no Figueirense, assumiu a titularidade no Flamengo e foi parar na seleção. E salvo alguma complexa trama envolvendo troca de identidades e clonagem humana, o Alex que está no Flamengo hoje precisa ser o mesmo Alex que viveu todos esses momentos. Então, as capacidades que o tornaram um bom goleiro precisam ainda existir dentro dele, ainda que elas tenham usado bastante o modo soneca para não aparecerem em 2017.
E terceiro porque o futebol, tanto quanto é feito de pessoas, jogadas e gols, é feito de narrativas. E poucas histórias seriam mais bonitas, mais emocionantes, mais facilmente adaptáveis para um filme da Disney em que a esposa do nosso goleiro seria interpretada por Sandra Bullock, do que Muralha, que algum tempo atrás parecia já estar sendo oferecido a outros clubes, voltando para decidir uma Copa do Brasil e mostrar que ainda pode ser goleiro do Flamengo, nunca esqueceu o futebol que jogou, sua convocação pra seleção não foi apenas mais uma dessas decisões aleatórias de Tite.
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Então vamos com Muralha. Seja pela falta de opção, seja pela confiança, seja pela fé de que no futebol existem finais felizes mesmo nas histórias que não envolvem cães chamados Bud dentro do campo. E vamos torcer pra que Alex Muralha aproveite os próximos jogos e a final da Copa do Brasil para voltar a fazer jus a esse apelido.
Eu jogaria amanhã com o Diego Alves e domingo com Alex Roberto.
Pq?
Pq amanhã é jogo eliminatório. Uma falha amanhã pesa mais do que no domingo. Pior ainda se for para pênaltis e o Flamengo for eliminado. Estaria evitando o desgaste do nosso arqueiro da final.
Domingo é para entrar ligado, contudo não há pressão de disputa de penalidades, nem de ser jogo eliminatório.
Resta confiar no Alex Roberto e também em nosso time, que não tem jogado nada!