2017 não vem sendo o ano que o Flamengo esperava. Se a expectativa era brigar pelo título da Libertadores, caímos na primeira fase, eliminados para uma equipe que tinha Carlos Alberto, aquele, como titular. Se a intenção era disputar o título brasileiro até o final, com 25 jogos estamos a 15 pontos de distância do líder, fora até mesmo do G6. Se nos havia sido prometido um elenco dos mais fortes do Brasil, estamos no fim de setembro ainda discutindo coisas como “Gabriel não pode ser titular”. Como eu disse, 2017 não vem sendo o ano que o Flamengo esperava.
Isso coloca, é claro, uma pressão extra para a partida dessa quarta-feira, contra o Cruzeiro. Mais do que garantir um título e uma vaga na Libertadores, é preciso vencer para redimir um ano que prometia tanto e não vem cumprindo. É preciso até mesmo vencer para reafirmar o trabalho de uma diretoria que vem sendo brilhante no aspecto financeiro, mas deixando muito a desejar no aspecto esportivo. A despeito do impressionante processo de reconstrução do Flamengo enquanto instituição, o Flamengo como potência esportiva segue tendo apenas a Copa do Brasil de 2013 para mostrar com a atual gestão.
E com isso aumenta a pressão sobre os jogadores. Nomes que vão desde Diego e Guerrero, grandes jogadores que ainda precisam de títulos importantes para garantir status verdadeiro de ídolos, até Muralha, que passou de titular a 3º goleiro e agora, por falta de opção, se torna novamente titular no momento mais importante do clube no ano, o que pode ser uma emocionante história de redenção sobre a qual você vai querer falar com seus filhos no futuro, ou apenas um azar do cacete tanto para o Muralha quanto para nós.
Ou seja, temos uma torcida que esperava mais, uma diretoria que precisa justificar seu trabalho, um grupo de jogadores que precisa provar que merece estar num clube tão grande e que realizou um investimento tão intenso nessa temporada. Temos expectativas imensas, pressão gigante, um cenário complicado em que precisamos vencer fora de casa uma equipe tradicional, treinada para defender e que já conhece as nossas fragilidades.
Em suma, temos o cenário mais Flamengo possível para uma vitória.
Porque, se formos pensar, é exatamente isso que o Flamengo é. Uma torcida para a qual não existe limite, uma torcida que não só vai ao estádio, como busca e leva os jogadores no aeroporto, uma nação para qual toda partida é um possível passo rumo à conquista do mundo, que é o mínimo que podemos aceitar.
Um clube de dimensões globais, capaz de se fazer presente em qualquer estado do Brasil, em qualquer país do planeta, que exige para ser gerido não apenas conhecimentos de finanças, marketing e futebol, como também quase um contato com o espiritual e uma compreensão da essência de uma torcida que é ao mesmo tempo composta do mais pobre e honesto trabalhador e do mais rico político envolvido em delações.
Um time que não pode se contentar com menos do que a vitória, nem pode ser qualquer vitória, porque é preciso vencer não apenas com futebol, mas também com raça, porque fomos mal acostumados a ver desde Zico e Petkovic até Rondinelli e Ronaldo Angelim. E porque o Flamengo não é apenas saber jogar futebol, mas sim querer, e querer muito, e querer até o final, jogar o futebol que for preciso para vencer.
E é disso que precisamos na quarta-feira, de um Flamengo que saiba ser Flamengo. Sem apagões, sem erros bobos, sem fazer um gol e se acomodar, sem tomar um gol e desistir da partida, sem entrar de salto alto, sem tremer na hora da decisão, sem ignorar a seriedade da partida, mas também sem perder a cabeça pela tensão da decisão.
Precisamos apenas, depois de quase 10 meses de esperança, decepções, confusões, frustrações, de 90 minutos de puro flamenguismo. Que Diego seja o craque que pode ser, que Guerrero seja decisivo como é capaz, que Arão seja o volante que encantou em 2016. Que Éverton seja o motorzinho da equipe, que Cuellar marque como se sua vida dependesse disso, que Juan, o primeiro zagueiro a ser considerado tão classudo que a FIFA permite que entre em campo de terno, levante mais uma taça pelo Flamengo. Que Muralha se redima com grandes defesas, ou, se isso for pedir demais para o destino, que a bola apenas não chegue nele e o nosso goleiro possa ter uma noite tranquila, só pra variar.
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Porque potencial e capacidade, sempre acreditamos que esse Flamengo de 2017 tem. Mas é hora de aliar essa capacidade com a vontade, a dedicação, a atenção, a raça e a coragem que faltaram nos mais diversos momentos desse ano. Tudo isso para lembrar que, mais do que um time com potencial, temos um time vencedor.
É a hora do Flamengo ser realmente Flamengo.
É hj nação! Chegou o dia ta o esperado! Se nossos jogadores nos representar em campo com a nosso melhor característica que nos presenteou com títulos em nossa história seremos presenteados com o título! Por isso precisamos em campo de ‘Raça! Raça! E mais raça!’ Vamos mengao