Esperei um pouquinho para falar do que vi de seleção e do Maracanã para não ser precipitado. Naquele empate em 2 a 2 com a Inglaterra entendi que o time de Felipão e o estádio têm muito em comum.
Ambos possuem nome inigualável. Ambos também estão inacabados. Têm qualidades e defeitos. E lutam contra o tempo.
O Maracanã está lindo, mas a gente só vai colocá-lo mesmo à prova num grande clássico carioca, quando se espalharem pela torcida pessoas com paixões diferentes. Mais do que isso: ninguém ainda disse onde haverá assentos populares. Acreditem, resolver isso não será fácil.
Quanto à Seleção, parece igualmente trabalhoso. Felipão tem uma ideia de time e uma ideia de esquema. Talvez uma ou duas dúvidas. O maior problema, contudo, é fazer Neymar produzir aquilo que todos esperamos. Não se trata de um sistema em função de nosso maior talento. Apenas algo que aproveite todas as suas qualidades. Isso é uma missão para Felipão, claro, mas para o próprio Neymar, que precisa dialogar com o chefe e falar como pode ajudar mais.
Domingo tem jogo contra a França. Será bom vencer por motivos óbvios do benefício de uma vitória, mas também será importante mostrar evolução. Com Neymar e com toda a equipe.
Por falar em confiança, é difícil ter esse sentimento em relação aos dirigentes de clube.
O novo pessoal que administra o Flamengo entrou com discurso moderninho de gestão profissional. Fez coisas interessantes e outras nem tanto. Limparam o nome do clube na praça, ótimo. Começaram um enxugamento de despesas, excelente. Já no futebol, mostraram deficiências preocupantes. Por motivos inexplicáveis contrataram a peso de ouro, um jogador, Carlos Eduardo, que vinha de não sei quanto tempo parado e, que passados cinco meses, não conseguiu entrar em forma. Não resistiram à pressão do imediatismo e fizeram rodar Jorginho, que mal tinham acabado de contratar.
Modernismo à parte, não cumpriram a promessa de trabalho a longo prazo. Não estou defendendo Jorginho, que realmente não tinha lastro para ser técnico do Flamengo. Contudo, sua contratação e repentina demissão mostram que o tal planejamento passou bem longe da realidade. Jorginho virou dívida para o Flamengo. Contratar um técnico mais experiente é fundamental. E essa experiência custa dinheiro alto. Para quem queria administrar de forma austera… Sei não.
No Santos, o desmanche é triste. Dois anos depois de ganhar a Libertadores, o alvinegro praiano é uma caricatura de time. O audacioso e bem sucedido projeto de manutenção de Neymar não serviu para o clube se reforçar à altura do grande craque. Ele agora foi embora (tinha mesmo de ir) e vai entrar mais dinheiro. Vejamos o que o clube vai fazer com tanto doce.
Fonte: Blog do Paulo Julio Clement